Ecodebate - julho 6, 2009
Segundo o chefe do departamento de Estudos Ambientais do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Márcio Macedo da Costa, os pareceres técnicos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre o complexo do rio Madeira (RO) são imprecisos. Esta suposta imprecisão seria a justificativa para manter os empréstimos para o consórcio responsável pelas obras das hidrelétricas a despeito dos relatórios que colocam as obras como ambientalmente inviáveis.
Para Costa, o problema dos relatórios é que eles tratam de assuntos que ainda não são uma certeza no meio científico. “Devido à insuficiência de dados reais, não havia no parecer uma condenação total ao projeto, o que viabiliza os financiamentos”, explicou o economista. As declarações foram dadas durante o “Seminário Febraban de Finanças Sustentáveis”, realizado nesta semana em São Paulo. Matéria de Flávio Bonanome, Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
A acusação da insuficiência de informações comprovadas no parecer do Ibama, deve-se principalmente quanto ao problema levantado do fluxo de sedimentação. O Madeira é um dos rios que mais carrega sedimentos em seu leito, e a presença de uma usina em seu curso pode alterar este regime.
Apesar disso, Costa diz que ainda não existe certeza quanto a isso. “Há uma dúvida muito grande entre os pesquisadores se realmente existem impactos na sedimentação”, afirmou. De qualquer forma, o representante do BNDES foi político no final de sua fala. “É claro que existe um princípio de precaução aqui, levando em conta os investimentos previstos. Esta obra deve ser levada à frente”.
Defesa do projeto
Além de rebater a crítica levantada sobre a legitimidade dos financiamentos, Costa defendeu a obra de todas as formas que pode. Para ele a justificativa dos investimentos começa com a demanda que o país tem de energia. “Há um papel que deve ser assumido em prol das energias renováveis. A decisão de explorar o potencial hidrelétrico da Amazônia é uma decisão da sociedade brasileira”, afirmou.
O economista ressaltou também o potencial tecnológico que as obras teriam, o que seria um impacto positivo para o meio ambiente. “Um ponto positivo das obras no rio madeira é sua tecnologia, que destrói a relação entre diminuição da capacidade instalada em detrimento de uma menor área alagada”, afirmou.
[EcoDebate, 06/07/2009]
As obras das hidrelétricas do Rio Madeira estão paradas para que os técnicos busquem respostas a uma pergunta que nem duas gerações da família Einstein conseguiram responder. Além dos prejuízos à reprodução dos bagres, o Ibama quer estudar melhor o efeito que as obras causarão na deposição de sedimentos no leito e nas margens dos rios da região.
COLUNA DO NASSIF - IG :
01/05/2007 - 22:18
Enviado por: Eduardo
A discussão sobre as usinas do rio Madeira têm ignorado, ou pouco discutido, um ponto fundamental referente à carga de sedimentos carregados pelo rio.
Notei a discussão pela primeira vez na edição de 30/4 do Estadão, mas me preocupo com o tema desde que ouvi esta idéia maluca pela primeira vez.
A observação de um mapa da bacia do Madeira mostra que seus formadores compõem um leque de grandes rios, quase todos com nascentes nos Andes Centrais, que se encontram perto da divisa com o Brasil, formando um padrão radial.
O próprio Madeira não consegue absorver todo esse volume de água e é por isso que partes da Amazônia boliviana, pricipalmente junto ao rio Beni, passam meses alagadas todos os anos. O próprio Madeira serve como uma barragem natural para toda essa carga sedimentar (milhares de toneladas por segundo).
A Cordilheira dos Andes é uma formação geológica recente e anualmente o degelo que ocorre no verão se transforma em água saturada de sedimentos fértreis que são transportados por rios como o Amazonas e os formadores do Madeira. Esse transporte ocorre em alta velocidade já que trata-se de um gradiente de altitude da ordem de 6.000 metros entre as nascentes e a planície Amazônica (ao contrário dos rios da bacia do Paraná, onde estão várias usinas como Itaipu. Nesse caso, o gradiente está em torno de 2.000 metros no máximo).
Quem já nadou no Amazonas ou no Madeira sabe da velocidade da correnteza. Todos anos esses rios destroem e reconstroem suas margens, formando ilhas e provocando o desbarrancamento de áreas mais altas (o fenômeno das terras caídas). Por conta desses fatores, considero tais usinas tecnicamente inviáveis pois terão sua vida útil comprometida pelo rápido acúmulo de sedimentos.
O Madeira, quando encontra o Amazonas, perto de Itacoatiara, tem uma carga sedimentar superior à do próprio Amazonas (que, nesse ponto já recebeu as águas do Negro, Purus, Japurá, Javari, Napo e Marañon, dentre outros. Cada um desses rios seria um gigante em qualquer outro país do mundo). Me parece óbvio que os engenheiros envolvidos no planejamento da obra têm consciência disso e prevêem uma vida útil curta às usinas.
Diante de tantas evidências tecnicamente contrárias, por que tanta pressão? Promessas feitas em campanha? Interesse em escoar a soja boliviana para o porto de Blairo Maggi em Itacoatiara, na foz do Madeira? Para quem não sabe, as usinas planejadas para o Madeira correm paralelas a um outro fiasco de engenharia na região: a estrada de Ferro Madeira Mamoré. Repetiremos o mesmo erro? Colunistas IG - Luiz Nassif - Hidrelétricas do Madeira
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
É verdade que essas Usinas Hidrelétricas que estão construindo no Rio Madeira, por causa das terras, areais, pedras e restos de florestas que formam sedimentos no rio, elas não vão durar nem 20 anos?
ResponderExcluirVai ser só dinheiro jogado fora?
Gostaria de aumentar as águas do ribeirão do meio no municipio de Carlópolis pr. através de plantio de matas siliares em sua cabeceira, e revitalizando a lagoa do João Camilo, praticamente extinta dos anos oitenta para cá.Lagoa esta que aumentava o fluxo de agá rio abaixo: por Mário de Oliveira
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