Aqüífero Guarani, campo de aplicação de tecnologias que detectam agrotóxicos na água e no solo
artigo de Carol Salsa*
EcoDebate - 16/09/2009
O Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna, no estado de São Paulo, desenvolveram métodos simples e econômicos para a determinação da presença de agrotóxicos na água e no solo. Trata-se de uma experiência realizada no Sistema Aqüífero Guarani (SAG), o maior reservatório de águas subterrâneas da América do Sul e o terceiro do Planeta. Ele faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná cobrindo uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, assim distribuídos: 839.800 no Brasil; 255.500 na Argentina; 71.700 no Paraguai e 58.500 quilômetros quadrados no Uruguai.
Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência é de quase 30 milhões de habitantes. “Apenas 0,1% do agrotóxico aplicado em cultivos atinja seu alvo; o restante penetra no ambiente contaminando o solo e água”, diz Laís Sayuri Ribeiro Moraes, autora da tese de doutorado orientada pela profª Isabel Cristina Fontes Jardim. Sayuri concentrou suas pesquisas na região das nascentes do rio Araguaia, divisa entre Goiás e Mato Grosso onde o uso crescente de agrotóxicos e a expansão dos cultivos de soja e milho na região podem contaminar o SAG. Há ainda a possibilidade dos agrotóxicos lançados ao solo serem transportados até as águas subterrâneas por três distintos fatores: degradação, adsorção e lixiviação.
As culturas de cana de açúcar em São Paulo, milho no Paraná, maçã em Santa Catarina e arroz no Rio Grande do Sul são relevantes e, portanto, preocupantes.
Da feliz parceria com a Embrapa surgiram métodos atualizados e confiáveis para a determinação de agrotóxicos em água e solo dada a ausência de comprovada experiência neste ramo, mesmo após a criação pela Anvisa do Programa de Monitoramento de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), em 2001.
“ Nosso laboratório já desenvolveu métodos para frutos que precisam passar por análises rigorosas quando exportados, evitando-se o risco de devolução destes por países importadores. Agora surge a preocupação com o Aqüífero, pela possível contaminação ambiental e danos à saúde humana “, diz a profª Isabel Jardim.
Sayuri recorda que a Anvisa começou a baixar Portarias visando à certificação de laboratórios para análise de alimentos justamente por causa de um episódio envolvendo a soja.
“Foi quando a China embargou um carregamento de produto devido à presença de agrotóxicos acima do limite máximo de resíduos (LMR) permitido.
E é bom frisar que em 2008 segundo a própria Anvisa, o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de insumos.”
A realização de entrevistas com os produtores rurais da região levou Laís a se inteirar dos agrotóxicos mais utilizados nas culturas de soja e milho. Os que apresentam maior probabilidade de infiltração no solo e atingir o Aqüífero Guarani, são sete: imazetapir; nicossulfurom; imazaquim; carbofuram; atrazina; clorimurom-etil e diflubenzurom.
Os métodos de separação identificados e quantificados de agrotóxicos envolvem desde micro-ondas caseiro até equipamentos de última geração, o espectômetro de massas.
Tanto o método do micro-ondas como o espectômetro de massa estudados por Laís, representam uma contribuição para o monitoramento de agrotóxicos, disse a orientadora, profª Isabel Jardim.
Inicialmente, preparam-se amostras de água e de solo misturadas aos agrotóxicos selecionados, que depois de um tempo de interação foram extraídas por técnicas variadas.
O trabalho consiste em percolar amostra de água em cartuchos contendo um solvente denominado C18, que interage com os agrotóxicos deixando-os retidos. Com outro solvente, recolhe-se dos cartuchos o extrato de agrotóxico, que é então evaporado e injetado no cromatógrafo para identificação e quantificação.
A pesquisa revelou que os índices de agrotóxicos presentes no solo e na água da região das nascentes do Aqüífero Guarani estão abaixo dos índices oficiais estipulados, mas, devem ser monitorados para que os recursos naturais, a saúde humana e animal sejam preservadas.
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM ; Perita Ambiental da Promotoria da Comarca de Santa Luzia / Minas Gerais.
* Com informações da matéria “Agrotóxicos são ameaça no Aquífero Guarani“.
EcoDebate, 16/09/2009
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
artigo de Carol Salsa*
EcoDebate - 16/09/2009
O Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna, no estado de São Paulo, desenvolveram métodos simples e econômicos para a determinação da presença de agrotóxicos na água e no solo. Trata-se de uma experiência realizada no Sistema Aqüífero Guarani (SAG), o maior reservatório de águas subterrâneas da América do Sul e o terceiro do Planeta. Ele faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná cobrindo uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, assim distribuídos: 839.800 no Brasil; 255.500 na Argentina; 71.700 no Paraguai e 58.500 quilômetros quadrados no Uruguai.
Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência é de quase 30 milhões de habitantes. “Apenas 0,1% do agrotóxico aplicado em cultivos atinja seu alvo; o restante penetra no ambiente contaminando o solo e água”, diz Laís Sayuri Ribeiro Moraes, autora da tese de doutorado orientada pela profª Isabel Cristina Fontes Jardim. Sayuri concentrou suas pesquisas na região das nascentes do rio Araguaia, divisa entre Goiás e Mato Grosso onde o uso crescente de agrotóxicos e a expansão dos cultivos de soja e milho na região podem contaminar o SAG. Há ainda a possibilidade dos agrotóxicos lançados ao solo serem transportados até as águas subterrâneas por três distintos fatores: degradação, adsorção e lixiviação.
As culturas de cana de açúcar em São Paulo, milho no Paraná, maçã em Santa Catarina e arroz no Rio Grande do Sul são relevantes e, portanto, preocupantes.
Da feliz parceria com a Embrapa surgiram métodos atualizados e confiáveis para a determinação de agrotóxicos em água e solo dada a ausência de comprovada experiência neste ramo, mesmo após a criação pela Anvisa do Programa de Monitoramento de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), em 2001.
“ Nosso laboratório já desenvolveu métodos para frutos que precisam passar por análises rigorosas quando exportados, evitando-se o risco de devolução destes por países importadores. Agora surge a preocupação com o Aqüífero, pela possível contaminação ambiental e danos à saúde humana “, diz a profª Isabel Jardim.
Sayuri recorda que a Anvisa começou a baixar Portarias visando à certificação de laboratórios para análise de alimentos justamente por causa de um episódio envolvendo a soja.
“Foi quando a China embargou um carregamento de produto devido à presença de agrotóxicos acima do limite máximo de resíduos (LMR) permitido.
E é bom frisar que em 2008 segundo a própria Anvisa, o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de insumos.”
A realização de entrevistas com os produtores rurais da região levou Laís a se inteirar dos agrotóxicos mais utilizados nas culturas de soja e milho. Os que apresentam maior probabilidade de infiltração no solo e atingir o Aqüífero Guarani, são sete: imazetapir; nicossulfurom; imazaquim; carbofuram; atrazina; clorimurom-etil e diflubenzurom.
Os métodos de separação identificados e quantificados de agrotóxicos envolvem desde micro-ondas caseiro até equipamentos de última geração, o espectômetro de massas.
Tanto o método do micro-ondas como o espectômetro de massa estudados por Laís, representam uma contribuição para o monitoramento de agrotóxicos, disse a orientadora, profª Isabel Jardim.
Inicialmente, preparam-se amostras de água e de solo misturadas aos agrotóxicos selecionados, que depois de um tempo de interação foram extraídas por técnicas variadas.
O trabalho consiste em percolar amostra de água em cartuchos contendo um solvente denominado C18, que interage com os agrotóxicos deixando-os retidos. Com outro solvente, recolhe-se dos cartuchos o extrato de agrotóxico, que é então evaporado e injetado no cromatógrafo para identificação e quantificação.
A pesquisa revelou que os índices de agrotóxicos presentes no solo e na água da região das nascentes do Aqüífero Guarani estão abaixo dos índices oficiais estipulados, mas, devem ser monitorados para que os recursos naturais, a saúde humana e animal sejam preservadas.
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM ; Perita Ambiental da Promotoria da Comarca de Santa Luzia / Minas Gerais.
* Com informações da matéria “Agrotóxicos são ameaça no Aquífero Guarani“.
EcoDebate, 16/09/2009
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