Por Talita Mochiute, do Aprendiz
Há mais de um ano Virgilio Pereira Braga não compra produto químico para fertilizar as plantações de cana, milho e feijão de sua pequena propriedade, situada no povoado de Pontezinha, no município de Santo Antônio do Descoberto (GO). Após a implementação da tecnologia de Fossas Sépticas Biodigestoras, o agricultor passou a nutrir o solo com um adubo proveniente do processo de biodegestão de resíduos orgânicos (esterco de gado e excrementos humanos).
“Antes desconfiava desse método, mas, com os resultados, não tive mais dúvidas. Hoje economizo com fertilizantes. E a plantação continua crescendo”, diz Braga. Estima-se que um sistema de fossa biodigestora, com um custo em torno de R$ 1.300, economiza até 4.500 quilos de fertilizantes por ano.
Além de preservar o solo dos produtos químicos, a tecnologia social evita a contaminação das águas subterrâneas. É comum nas propriedades rurais o uso de fossas rudimentares, conhecidas também como fossas negras. Nesse sistema, os dejetos vão sem nenhum tratamento para o meio ambiente. O que acaba causando a disseminação de doenças, como diarreia, hepatite e cólera.
Ao substituir as fossas negras pelas fossas sépticas, evita-se a contaminação das águas, uma vez que o processo de fermentação elimina os coliformes fecais, agentes causadores de doenças.
“A implementação da tecnologia soluciona de forma barata e eficaz o problema de saneamento básico rural. Poderia ser transformada em política pública”, comenta o técnico da Associação para o Combate à Exclusão Social e à Preservação Ambiental (Acespa) Chico Mendes, Ageu Gonçalves da Rocha, responsável pela assessoria do projeto na região.
As Fossas Sépticas Biodigestoras são disseminadas pela Fundação Banco do Brasil (FBB) desde 2003 através de convênios com parceiros regionais. A tecnologia foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de São Carlos (SP). A replicação já beneficiou mais de 10 mil famílias dos estados de Goiás, Pernambuco, Minas Gerais e também do Distrito Federal. O valor investido pela FBB nesta iniciativa foi de R$ 14 milhões.
Como funciona
O sistema das fossas sépticas é composto por três caixas coletoras (pode ser caixa d’água) de mil litros cada, conectadas entre si por tubulações de PVC. Essa rede fica enterrada no solo e é ligada apenas ao encanamento dos vasos sanitários. Quando os dejetos chegam ao sistema, passam pelo processo de biodigestão, transformando-se em biofertilizantes.
Na primeira caixa, são colocados 10 litros esterco fresco de gado, misturados com 10 litros água, para aumentar a atividade microbiana da biodigestão. Esse procedimento deve se repetir a cada 30 dias. Na segunda caixa, continua o processo de fermentação e os coliformes fecais são eliminados. A terceira caixa armazena o efluente produzido por ação da digestão bacteriana das fezes. Após 90 dias, o produtor tem cerca de mil litros de adubo orgânico para ser aplicado no solo. Esse número é válido para uma família formada por 5 membros.
O sistema conta ainda com duas pequenas chaminés fixadas sobre as duas primeiras caixas para eliminação do gás acumulado durante a decomposição da matéria orgânica. Esse biogás não tem odor.Caso o agricultor não queira aproveitar o efluente como adubo, pode montar na terceira caixa um filtro de areia, o que permitirá a saída da água, sem excesso de matéria orgânica. Esse líquido pode ser empregado na irrigação.
Para a eficiência do processo, os moradores não podem limpar o vaso sanitário com sabão, água sanitária ou detergente, pois esses produtos têm propriedades antibióticas que inibem a biodigestão.
Na região de Goiás, essa tecnologia social tem ajudado a preservar o lençol freático e as nascentes da represa Corumbá 4, que será utilizada para o abastecimento do Distrito Federal e de outros municípios. (Envolverde/Aprendiz)/Site Tratamento de Água
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APRENDA A FAZER UMA FOSSA SÉPTICA BIODIGESTORA - GLOBO RURAL
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
Ótima matéria vou apresentar um seminário dia 20/11/2013 no curso de engenharia civil,na matéria de saneamento básico sobre "SOLUÇÕES DE COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTO NO MEIO RURAL" e foi de grande utilidade.
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