Brasil precisa de R$ 27,7 bi para continuar a ter água
- demanda em grandes cidades já é maior que produção
- l relatório da ANA aponta futuro incerto sem investimentos
Relatório da Agência Nacional de Águas (ANA) mostra que a demanda de água em regiões metropolitanas já é maior do que a produção atual do recurso. Serão necessários investimentos de R$ 27,7 bilhões para impedir um colapso no setor nos próximos 15 anos, quando as regiões metropolitanas estudadas terão um aumento de 25 milhões de habitantes.
Esses R$ 27,7 bilhões, a título de comparação, representam um valor maior do que tudo o que o governo federal gastou neste ano de 2009 para conter os efeitos da crise financeira internacional. Os cortes de impostos em vários setores da economia custaram cerca de R$ 22 bilhões a R$ 23 bilhões para os cofres do Tesouro Nacional.
O investimento necessário em produção, tratamento e fornecimento de águas é de R$ 12,024 bilhões, segundo a ANA. Para o tratamento de esgotos, a agência estima investimentos de R$ 15,699 bilhões. A soma desses dois valores resulta nos R$ 27,7 bilhões estimados pelo estudo –como pode ser comprovado no detalhamentos dos quadros apresentados ao final deste post.
“As demandas urbanas atuais, em torno de 356 m3/s, são ligeiramente superiores à capacidade atual de produção de água (quase 352 m3/s), demonstrando que parte das unidades dos sistemas produtores opera em regime de sobrecarga ou de forma inadequada”, aponta o atlas sobre as regiões metropolitanas lançado pela ANA nesta quarta-feira (9.dez.2009).
Para reverter o quadro no setor de águas e esgotos, a ANA sugere, além dos investimentos, a criação de um comitê gestor interministerial sobre o assunto.
Abaixo, alguns dos pontos destacados pelo relatório, compilados pelo repórter Piero Locatelli:
- As regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas e do Rio de Janeiro requerem 46% do total de investimentos na região Sudeste.
- A maioria das regiões metropolitanas apresenta algum grau de comprometimento da qualidade das águas dos mananciais. Porto Alegre (RS) é citada como exemplo pelo relatório.
- Curitiba (PR), Goiânia (GO), Distrito Federal e Fortaleza (CE) necessitam de ações mais fortes de controle de poluição, pois buscam água em mananciais cada vez mais distantes da cidade.
- A produção de água é concentrada no eixo Sul/Sudeste –dois terços dos sistemas produtores de água estão localizados nas duas regiões.
- Belém (PA), Manaus (AM), Natal (RN) e Maceió (AL) têm diminuído sua capacidade de captar água subterrânea. Por isso, devem aumentar o aproveitamento de mananciais superficiais e ampliar os sistemas já existentes.
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