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4 de agosto de 2010

OCEANOS QUENTES NÃO SÃO PARAÍSOS, MAS DESERTOS


Oceano pode se revelar ponto fraco na armadura de 'Gaia'

Ter, 03/Ago/2010

Reinaldo José Lopes*

Quem já viu um recife de coral, de perto ou na TV, talvez estranhe esta afirmação: oceanos quentes não são paraísos, mas desertos.

A explicação, não muito cabeluda de entender, está no quadro acima. O que ocorre quando as águas da superfície estão muito quentes é que surge uma estratificação, ou seja, uma separação mais ou menos estanque entre líquido quente, no topo, e frio, nas profundezas.

Acontece que a maior parte dos nutrientes essenciais para que o fitoplâncton floresça se encontra nas águas frígidas do fundo. Se essa água não subir, o fitoplâncton -que também depende da luz do Sol e, portanto, precisa ficar perto da superfície- não consegue crescer.

Gaia Afogada

Não por acaso, a estratificação é uma das principais preocupações do cientista britânico James Lovelock, criador da atacada hipótese Gaia - a ideia de que a Terra funciona como um superorganismo vivo. Com ou sem Gaia, o diagnóstico de Lovelock é difícil de refutar: solapar o fitoplâncton é bagunçar a biosfera.

O novo estudo na "Nature", por sinal, viu uma correlação clara entre regiões com elevada temperatura superficial da água e queda no fitoplâncton. Para os pesquisadores, é um indício de que o aquecimento global está por trás do declínio das "plantas" microscópicas.

Se os dados estiverem corretos, aumenta a sombra do feedback positivo -ou seja, de um fenômeno que alimenta a si mesmo conforme cresce, como uma bola de neve- sobre o clima da Terra.

Isso porque o fitoplâncton é o principal responsável por absorver gás carbônico, mais importante dos gases-estufa. Resultado: mais aquecimento, impedindo ainda mais a reprodução do plâncton, o que desembocaria num clima ainda mais quente.

Não pense que os recifes de coral, que se aproveitam dos nutrientes oriundos dos continentes, conseguiriam se virar. Tanto eles quanto o fitoplâncton do mar aberto dependem, em larga medida, de "esqueletos" construídos com carbonato de cálcio.

No entanto, oceanos com mais gás carbônico têm água mais ácida -um ambiente nada favorável à formação das carapaças de carbonato. Os efeitos dessa acidez aumentada sobre a vida marinha já estão sendo notados.

Por todos esses motivos, o novo estudo envolve mais do que a preocupação com o atum do sushi, que está no topo da cadeia alimentar e depende do fitoplâncto.

*Jornalista da Folha de São Paulo

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