Ilhados tentam retomar a rotina
Moradores de Trizidela do Vale, no Maranhão, cozinham, pescam, lavam e estendem roupa em meio à cheia. Ruas viraram canais para lanchas e barcos que transportam a população.
Wilson Lima, TRIZIDELA DO VALE (MA)
Enquanto as águas do Rio Mearim lentamente começam a baixar - cerca de 30 centímetros por dia -, a população de Trizidela do Vale, no Maranhão, tenta retomar a vida. A cidade, distante 226 quilômetros de São Luís, tem 85% da área submersa e a situação deve permanecer crítica por mais uma semana. Há dois meses convivendo com a enchente, as pessoas começaram a adaptar a rotina: cozinham, lavam e estendem roupas mesmo com água na altura da cintura.
A aposentada Maria Raimunda Pereira, de 77 anos, por exemplo, mora no centro e, a cada dia, marca na parede de casa o nível da água. E as conclusões são desanimadoras. "O rio está baixando muito pouco. Anualmente sofremos com isso, mas neste ano o rio demora demais a baixar. Não quero morrer aqui ilhada em minha própria cidade."
As ruas se transformaram em canais. Canoas e lanchas substituíram bicicletas, motos e carros. Para reverter os prejuízos, o comerciante Francisco Macedo, de 31 anos, cuja loja de bicicletas está inundada, freta uma canoa. "Ou faço isso ou morro de fome", lamenta. As embarcações são agora meio de locomoção. Algumas dispõem de cadeiras plásticas para acomodar os passageiros.
Outras pessoas aproveitam a enchente para tentar explorar a prática da pesca artesanal. "Pesco para garantir meu jantar. Como não recebo cesta, essa é a forma de sobreviver", diz Josafá Rodrigues, de 35 anos. Alimentos enviados pelo Estado e pelo governo federal rapidamente acabam. Ontem, chegaram 1.051 cestas básicas. A cidade de 18 mil habitantes ainda tem 8.153 desabrigados e desalojados e 14.977 afetados.
A prefeitura gastou R$ 400 mil - 20% do valor recebido do Fundo de Participação dos Municípios até abril. O prejuízo estimado, no entanto, já chega a pelo menos R$ 20 milhões.
OUTROS ESTADOS
No Ceará, o número de mortos vítimas das enchentes subiu de 12 para 15 ontem. Na nova contagem, entrou uma criança levada por uma enxurrada na terça-feira, em Morada Nova. De acordo com a Defesa Civil Estadual, o número de desabrigados e desalojados cearense alcança 60.215.
Uma menina, de 21 dias, morreu ontem no Hospital Geral, em Maceió, na capital de Alagoas. Adrieli da Silva ficou internada, mas não resistiu aos ferimentos causados pelo desabamento de uma barreira e de um muro sobre sua casa, na madrugada de anteontem, em Barra de São Miguel. Dois irmão, de 3 anos e 1 ano e 5 meses, também morreram. Os pais, Daniel da Silva e Maria Aparecida da Silva, tiveram ferimentos leves.
Em Pernambuco, dez municípios sofrem com as chuvas que caíram entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem. Segundo a Defesa Civil Estadual, há 209 desabrigados e 815 desalojados. Maria José de Lira, de 71 anos, foi arrastada ao tentar atravessar um córrego, em Belo Jardim. As buscas continuam hoje.
COLABORARAM RICARDO RODRIGUES E ANGELA LACERDA e CARMEN POMPEU
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