Por Mariana Desidério, do Pnud - 22/05/2009
O trabalho é financiado em sua maior parte pelo governo federal, mas a iniciativa privada e órgãos como o PNUD já contribuíram com a ação. Agora o programa recebe mais um incentivo para continuar: ele foi um dos 20 ganhadores da edição 2009 do Prêmio Seed (http://www.seedinit.org/), promovido pelo PNUD, pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza, na sigla em inglês). A iniciativa reconhece e premia em dinheiro projetos no mundo todo.
Contrução de cisterna da ASA Brasil no semi-árido brasileiro
A cisterna é uma espécie de tanque para o qual converge um cano que captura a água da chuva no telhado da casa. Construídos pelas pessoas da própria comunidade atendida, estes tanques têm capacidade para armazenar até 16 mil litros de água. Segundo José Aldo dos Santos, membro da ASA Brasil (Articulação no Semi-Árido Brasileiro — fórum que reúne diversas entidades atuantes na região e responsável pela implementação do programa - http://www.asabrasil.org.br/), a quantidade é suficiente para atender as necessidades (para beber e cozinhar) de uma família de seis a sete pessoas durante oito meses, tempo em que o Nordeste costuma ficar sem chuva durante as secas.
“Antes da chegada das cisternas, essas pessoas consumiam uma água salobra, vinda de barreiros e açudes, e que gerava uma saúde debilitada, com vermes e diarréia nas crianças”, conta Santos. Além do problema de saúde, a falta de água provocava dependência política: quem não tinha acesso acabava dependente de pessoas com condições financeiras para levá-la à região. “É o poder do mais rico. Essas pessoas muitas vezes condicionam o acesso à água às eleições. As famílias, então, ou não têm acesso a água de qualidade, ou têm acesso a uma água que gera apropriação”, explica.
A situação ainda está longe de ser resolvida. A meta do programa é levar 1 milhão de cisternas para o semi-árido. A ASA Brasil trabalha com uma expectativa de construir de 80 a 90 mil cisternas por ano e, até julho de 2010, espera levar mais 100 mil destes tanques à região, chegando a 390 mil.
Além da melhoria na saúde e da independência, “é fundamental que a família [que recebe a cisterna] seja uma família cidadã. Só o reservatório não dá autonomia política”, defende Santos. Quem é beneficiado pelo programa participa de reuniões comunitárias sobre o custo de gerenciamento dos recursos hídricos, e de encontros de discussão sobre a vida no semi-árido. “A família tem clareza sobre a conquista de seus direitos”, resume. E compara: “Se o trabalho fosse feito por uma empreiteira, por exemplo, o resultado pode ser mais rápido, mas não será de formação social.”
Outros projetos
O 1 Milhão de Cisternas não foi o único brasileiro a ganhar o Prêmio Seed 2009. Os projetos Piabas do Rio Negro (que promove a pesca sustentável de peixes ornamentais - http://home.ufam.edu.br/~piaba/livro.htm) e O Uso Sustentável de Sementes Amazônicas (de geração de renda a partir da produção de óleos feitos com sementes amazônicas) também foram premiados.
Em 2008, um dos escolhidos foi um projeto de Pintadas (município baiano) que usa energia solar na irrigação da agricultura local. Outro projeto brasileiro escolhido (vencedor em 2007) foi o Bagagem, que apoia a criação de destinos turísticos alternativos e leva o turista a conhecer projetos sociais realizados nas regiões visitadas. Fonte:(Envolverde/Pnud)
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