RICARDO BONALUME NETOda Folha de S.Paulo
O problema da poluição por navios no mundo começou a ser resolvido pela Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês), agência da ONU (Organização das Nações Unidas), com a definição no ano passado de padrões para melhoria do combustível naval. Até 2020, o nível de enxofre no combustível de navios deverá ser reduzido em 90%.
Os EUA deram um passo adiante em março passado, quando sua Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês) propôs à organização marítima a criação de uma zona-tampão de 200 milhas náuticas em torno das costas do país na qual, começando em 2015, os navios teriam que usar combustíveis limpos.
Os navios teriam que usar combustíveis com um conteúdo de enxofre de no máximo 1.000 partes por milhão.
Com isso, a emissão de particulado e óxidos de enxofre cairia em mais de 80%. E a proposta inclui também que novos navios teriam que cortar as emissões de óxidos de nitrogênio em 80%. Hoje há combustíveis navais com até 27.000 partes por milhão de enxofre. Já o diesel usado por carros nos EUA tem só 15 partes por milhão.
James Corbett, estudioso deste assunto na Universidade de Delaware, afirma que é fundamental regular esse tipo de transporte. "A poluição por navios afeta a saúde de comunidades em regiões costeiras e interiores em todo o mundo", disse o pesquisador.
Os navios também contribuem para o aquecimento global. Um relatório da ONU de 2008 mostrou que emissões de CO2 do setor são de 1,1 bilhão de toneladas --o que corresponde a 4,5% de todas as emissões provocadas pelas atividades humanas. Os navios emitem mais desse gás-estufa que a aviação civil --projeções indicam que a emissão anual dos aviões fica em torno dos 650 milhões de toneladas de CO2.
Os países comunistas estavam entre os maiores poluidores industriais do planeta, por isso não é surpresa que a China comunista lidere hoje a poluição marítima. A China fabrica navios econômicos que usam o mais barato e mais poluente combustível.
Existem mais de 160 estaleiros em atividade na China, segundo dados coletados pelo Instituto de Economia e Logística da Navegação, de Bremen. No começo de 2008, estaleiros asiáticos tinham encomendas de 7.870 navios -cerca de 90% da produção mundial.
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