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11 de junho de 2009

AS REGIÕES MAIS POBRES DE MINAS GERAIS FICAM FORA DO PAC

A dona de casa Rosa Laura é obrigada a lavar roupas e utensílios domésticos no riacho a um quilômetro de sua casa


Grotões de Minas ficam fora do PAC

Daniel Antunes - Estado de Minas
Carlos Eller/ Esp. EM/D.A press
Portal UAI - 10/06/2009

A dura realidade do sertão nordestino – secas constantes, escassez de empregos e pobreza da população –, aliada à falta de investimento do governo, principalmente da exclusão de pequenos municípios do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – como vem mostrando a série de reportagem do Estado de Minas –, se repete nas regiões mais pobres de Minas, como os vales do Jequitinhonha e do Mucuri. As prefeituras ainda lutam para conseguir a inclusão na lista de beneficiados do PAC que destina R$ 2,7 bilhões para obras de saneamento básico em Minas. Muitos já sabem que não serão contemplados.

Enquanto espera por obras de infraestrutura, as mãos calejadas e a pele ressecada pelo sol são os sinais mais evidentes da vida difícil que a dona de casa Rosa Laura Nogueira de Sá, de 32 anos, leva no pequeno distrito de Pedra Bonita, na zona rural de Crisólita, um dos municípios mais carentes do Vale do Mucuri, distante 610km de Belo Horizonte.
Para poder lavar as roupas e as louças de casa, precisa caminhar todos os dias cerca de um quilômetro até chegar a um pequeno riacho onde se junta a outras moradoras do povoado, que também têm a mesma rotina. Esse trajeto, realizado numa estrada de terra batida, é feito pelo menos quatro vezes por dia, sempre na companhia do filho de 12 anos, que a ajuda nas tarefas de casa.

A água para lavar e cozinhar, a dona de casa busca em um poço artesiano na casa de um morador do povoado. Ela chega a carregar na cabeça baldes que pesam até 50kg . “Peço a Deus para que um dia a vida da gente possa melhorar por aqui. Isso daqui é uma penitência”, contou Laura, que ainda não perdeu as esperanças de ser incluída no programa Bolsa-Família, que daria mais tranquilidade à família como acontece com os outros moradores do lugar. “Muitas famílias aqui vivem desse beneficio. Na minha casa ainda não fomos contemplados e o que o meu marido consegue trabalhando nas fazendas da região, às vezes mal dá para comer”, desabafou.

Para fugir dessa mesma rotina, a doméstica Nilza Alves da Costa, de 40, teve que comprar uma bomba elétrica para tragar a água de uma mina até a porta da sua casa. O equipamento custa em média R$ 400. “Tivemos que tirar a comida da boca dos nossos filhos para poder ter água na porta de casa. A nossa renda é o auxílio de R$ 120 do Bolsa-Família e é complementada com os bicos que meu marido faz nas fazendas de plantações da região.” Nilza mora numa casa simples com mais quatro filhos e para não encarecer a contra de luz, a bomba d’água é usada duas vezes por dia para completar o reservatório de 500 litros . “Quando precisamos de um banho mais demorado ou lavar a roupa, a gente recorre à água do rio”, explicou.

Esquecimento

A situação das famílias que moram no local poderia ser diferente. Há cerca de 7 anos, o povoado foi beneficiado por um programa habitacional do governo Fernando Henrique Cardoso. No projeto estava previsto a implantação de um sistema de abastecimento de água em todas as casas. Uma caixa-d’água com capacidade para 100 mil litros foi construída e seria suficiente para abastecer todas as residências. A caixa nunca foi usada e está abandonada no meio de um matagal de difícil acesso. “As casas aqui do povoado tem a canalização pronta desde que o programa foi lançado, mas até hoje não foi usada. Hoje, para as famílias receberem água nas torneiras de suas casas, esse projeto terá que ser refeito, já que muita coisa se perdeu”, contou o trabalhador rural João Pereira dos Santos, de 51 anos.

Também no pequeno município de Novo Oriente de Minas, no Vale do Mucuri, a 446km de Belo Horizonte, com pouco mais de 10 mil habitantes, 85,77% das famílias se encaixam no perfil do cadastro único. Dos 56% de famílias que apresentam o perfil do Bolsa-Família, 45,4% recebem o benefício.
O prefeito da cidade Adelson Gonçalves de Souza, (PDT), disse que, sem recursos do governo federal, o município não tem condições de resolver as carências de infraestrutura e saneamento básico da região. Segundo ele, num levantamento recente da prefeitura, cerca de 900 famílias da zona rural da cidade vivem hoje sem energia elétrica. “Sabemos que as comunidades estão quase todas isoladas porque a estrada não tem condição alguma de passar qualquer veículo.
Tem escola na zona rural que a merenda escolar é levada a pé. A prefeitura não tem sequer uma patrola agrícola para melhorar as estadas. Se as estradas fossem pelo menos razoável, era mais fácil levar médicos e outros benefícios para essas famílias”, disse Adelson. Ainda segundo o prefeito, com a queda na arrecadação do Fundo de participação dos municípios (FPM) em função da crise financeira, a prefeitura hoje mal consegue arcar com o pagamento da folha dos servidores. “A cidade não vai receber um centavo sequer do PAC, temos que lutar para conseguir outras parcerias para o município”, lembrou.

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