Mais grave é constatar que o desaparecimento das camadas de solo fértil da ilha foi resultado direto da ação desastrosa do homem. Projetos de irrigação malconduzidos levaram água em excesso para o terreno e alteraram drasticamente a composição química do solo. Com as altas temperaturas do Sertão e sem um sistema de drenagem adequado, a água evaporou rapidamente e ficaram apenas os sais concentrados na terra. Numa quantidade tão alta que praticamente nenhuma planta consegue sobreviver.
Os rastros de destruição deixados pelo avanço da desertificação se estendem para o município de Petrolândia, onde grandes quantidades de terras foram retiradas para construção de rodovias e da Barragem de Itaparica. "O problema é que nenhuma árvore foi replantada no local. Sem o reflorestamento, o solo ficou mais vulnerável ao processo de erosão e as crateras estão se expandindo em direção às terras usadas hoje para criação de animais", explica o biólogo e agroecólogo Maurício Aroucha, que há anos estuda a ocorrência do fenômeno na região.
A exemplo de Cabrobó, técnicas inadequadas de irrigação fizeram grandes estragos em Petrolândia. É o caso da comunidade de Barreiras, onde uma área de 18 mil hectares foi desmatada para virar um grande projeto de irrigação, que até hoje não foi executado.
FIM DO MUNDO - Áreas próximas aos leitos dos rios, antes ricas em matéria orgânica, também estão morrendo. "Essa tal de desertificação é o fim do mundo. Terra onde a gente plantava arroz e cana, hoje não serve mais para nada. A gente planta de insistente, mas é tudo em vão", conta o agricultor Isaac Moisés Batista, 32 anos, morador da zona rural de Petrolândia. Sem ter onde plantar, Moisés fez o mesmo caminho que outros moradores da comunidade: foi trabalhar na construção de estradas em São Paulo. "Voltei para casa não faz nem um mês. Espero que agora seja para ficar de vez", afirma.
Em Rodelas (BA), próximo à fronteira com Pernambuco, a terra vermelha e mais compacta dá lugar a um imenso areal branco, com formação de grandes dunas, muito semelhante à paisagem do Saara - o maior deserto em extensão do mundo. O solo é cristalino e, em alguns trechos, coberto de cascalho. Nessas terras nada prospera. Até a vegetação resistente da caatinga está morrendo.
As plantas que ainda sobrevivem estão sendo cobertas pelas montanhas de areia ou servem de comida para os animais. "Conforme a força dos ventos, a paisagem está sempre mudando. Árvores enormes já foram soterradas pelo areal. Uma devastação que só tem aumentado nos últimos anos", constata Romero Cabral, técnico da Cooperativa Autogestionária dos Agropecuaristas de Rodelas.
Nota de Ruben Siqueira da CPT/BA
caro joão,Enviado por nosso colaborador João Suassuna - REMA ATLÂNTICO
estranhei que a matéria não faça mensão aos índios trukás que retomaram
a ilha de assunção depois de séculos de luta e sangue (mortes, como a
mais recente da liderança dena e seu filho jorge). exaurida, ela que já
foi a maior produtora de arroz de pernambuco, foi o que restou aos
trukás, que agora lutam pelo seu território ancestral fora da ilha,
inclusive á area onde o exército cava o eixo norte da transposição.
veja o que disse dena truká: “Eles nos entregaram um solo morto, a
sucata da terra com a herança das ovelhas e das algarobas. O que ficou:
a erosão e o sal. A algaroba não dá espaço para outras árvores nativas,
como o juazeiro, a quixabeira, braúna, arueira, jurema. Cerca de 40% de
nossas terras estão improdutivas por causa da algaroba, do adubo, dos
agrotóxicos, das queimadas. Outra coisa que está destruindo é o arroz!
Por que ele precisa de muita água e esse desperdício de água estraga o
solo todo”.
(http://pib.socioambiental.org/pt/povo/truka/1067)
a funai jah conclui os estudos que comprovam a autenticidade ancestral
do território pretendido - como tb na área tumbalalá no lado baiano -, mas
diz que se deixarem fora esta área, o território sai mais fácil... como
tb aos tumbalalá, se deixarem fora a área do reassentamento pedra branca
(atingidos da barragem de itaparica) e da área de inundação da barragem
de pedra branca (parede logo acima da tomada d´água do canal do eixo norte).
triste e irresoluto brasil, meu amigo!
abraços,
ruben.
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
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