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3 de junho de 2009

FAPEMIG E UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (MG) ESTUDAM APROVEITAR LODO DO ESGOTO NA AGRICULTURA


Lodo de esgoto pode ser utilizado como adubo

Resíduo é estudado pela UFU em plantações de pinhão manso

Jornal Correio de Uberlândia - 01/06/2009
Fernando Boente - Programa de Aprimoramento Profissional

A utilização de um resíduo do esgoto doméstico, o lodo, na agricultura pode se tornar aliada dos produtores rurais e ainda do meio ambiente. O manejo do lodo é pesquisado pela Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

O grupo de pesquisadores, coordenado pelo professor do Instituto de Ciências Agrárias da UFU, Reginaldo de Camargo, estuda, desde fevereiro deste ano, o uso do resíduo transformado em adubo em plantações de pinhão manso, vegetal oleaginoso utilizado para produção de biocombustível. Os resultados no desenvolvimento da planta são positivos.

O consultor de saneamento ambiental e pesquisador mestre em engenharia química, Alírio Maldonado, afirma que a escolha do pinhão-manso deve-se ao fato de a planta se adaptar bem ao solo brasileiro e ter cultivo simples, facilitando a coleta de dados na pesquisa.

O lodo (sedimentos com substâncias orgânicas em meio aquoso) representa até 2% do volume total do esgoto tratado. Segundo Maldonado, para transformá-lo em fertilizante, o material precisa ser concentrado e tratado por uma higienização térmica que garantirá a mineralização e inativação de microrganismos. “Muitos deles são patogênicos. A partir daí realiza-se a secagem, obtendo-se um produto confiável para uso”, afirmou.

O consultor afirma que o pó obtido por meio do processo de transformação é rico em potássio, nitrogênio e fósforo, substâncias essenciais para o plantio.

Entre 300 e 500 toneladas de lodo de esgoto são retiradas do reator das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) de Uberlândia a cada 45 dias. “Estas sobras são jogadas no aterro sanitário, acarretando um impacto ambiental. Podemos reaproveitar isto para complementar a agricultura”, disse.

Nos Estados Unidos, entre 30% e 40% do lodo produzido já é reciclado. No Brasil, o Paraná está à frente na reciclagem do resíduo. O adubo de lodo já é utilizado em diversas lavouras de milho daquele Estado. Dados de pesquisas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater-PR) revelam que houve um aumento de aproximadamente 50% na produtividade e redução significativa no custo com insumos nas lavouras.

Reciclagem é positiva

Alírio Maldonado explicou que é alta a toxicidade do lodo de esgoto doméstico. Além de microorganismos, é possível encontrar metais pesados que agridem a atmosfera. “Na medida em que o País for crescendo e as estações de tratamento forem construídas, o lodo vai aumentar, potencializando a insalubridade ambiental e o risco para a população”, afirmou. Ele defende que “a reciclagem agrícola é positiva e colabora com o fechamento do ciclo dos elementos, pois promove o retorno dos nutrientes ao solo”.

Ainda segundo Maldonado, o fertilizante de lodo deve ser considerado como um complemento e não um substituto da adubação química. “Defendemos a reciclagem do resíduo como forma de política pública na redução de gastos, aumento de produtividade e maior proteção ambiental.”

O pesquisador realizou ontem à noite a palestra Uso e manejo do lodo na agricultura, no anfiteatro do bloco 2H, do campus Umuarama da UFU. O objetivo foi divulgar e esclarecer a estudantes e demais interessados o método de adubação.

Ainda falta programa público

Para Alírio Maldonado, é preciso que as autoridades tratem da questão do lodo de esgoto doméstico em um programa público, para que o produto se torne comercial de maneira responsável, orientando os produtores e agricultores interessados de maneira adequada para cada situação específica.

Há restrições na resolução para uso de fertilizante advindo de lodo. Não se recomenda utilizá-lo em culturas inundadas (como o arroz), em olericultura nem, para curto prazo, em pastagens. Nos demais tipos de plantio, a aplicação pode ser feita. Uma resolução (n° 375) do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 26 de agosto de 2006, já regulamenta a reciclagem do lodo de esgoto, considerado nocivo para a saúde pública. “Há uma contradição. Ao mesmo tempo que a determinação regulamenta isto, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam-MG) permite o despejo do lodo no aterro sanitário”, afirmou o consultor.

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Um comentário:

  1. Muito Interessante!
    Sou estagiário como Técnico em Meio Ambiente pela Escola Agrotécnica em Uberlândia, estou pesuisando o Uso agrícola do Lodo Industrial, e embora tão perto, não tinha conhecimento desta pesquisa aqui na cidade. Certamente vou procurar mais informações. Valeu !
    Parabéns aos Profs. Reginaldo de Camargos e Alírio Maldonado.

    Diogo Machado 26/08/09 - diogomachado4@hotmail.com

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