Paranoá: água para beber?
Chico Leite*
Jornal de Brasília
No DF, muitos núcleos urbanos surgiram do nada, sob a batuta de interesses escusos que exploraram o legítimo anseio por moradia sem que houvesse preocupação com a ordem
urbanística ou com a viabilidade ambiental. Onde imperou a lógica do lucro fácil patrocinada por grileiros, emergiram impactos ambientais e sociais, como violência, completa ausência de serviços públicos, crimes ambientais e... problemas de abastecimento de água.
Somado a isso, o PDOT/2009 contém uma proposta de expansão urbana de grande impacto: trata-se da transformação de extensas porções de terras rurais no limite sudeste do Distrito Federal em zonas urbanas. Essa incorporação de terras rurais à mancha urbana pode colocar em risco nosso finito estoque de terras públicas e nossos recursos naturais, tão importantes para preservação de nascentes e recarga do lençol freático.
Nesse contexto, o Lago Paranoá se torna uma vítima da expansão urbana desordenada e sofre os reflexos de parcelamentos irregulares de terras ao longo de sua bacia. Natural, portanto, que a sociedade se questione sobre a qualidade dessa água, se é apropriada para o consumo e se temos, a longo prazo, garantia de abastecimento de água para toda a população. Além disso, a sociedade merece explicações sobre os investimentos em Corumbá-IV, que quase levaram a CEB à bancarrota.
Importante ressaltar que a ideia da represa de Corumbá-IV foi vendida para a sociedade do Distrito Federal como a solução dos problemas de abastecimento de água potável para os próximos cem anos. A propostade captação de água no Paranoá sinaliza que não é bem assim. Foram milhões em investimentos da CEB para financiar o empreendimento, recursos que deixaram de seraplicados no sistema de distribuição de energia no DF, o que, possivelmente, evitariam os apagões que temos sofrido nos últimos tempos.
Portanto, antes de qualquer decisão acerca da captação das águas do Lago Paranoá para consumo, é preciso que o governo preste contas dos recursos aplicados na captação de água em Corumbá-IV. Além disso, o governo precisa promover uma eficiente proteção dos tributários do Lago Paranoá, responsáveis pelo lançamento de lixo, fertilizantes e esgoto em seu leito, monitorar e recuperar áreas degradadas em suas margens.
Afinal, se dispúnhamos de água para os próximos cem anos, como aceitar a necessidade de retirar água do Lago Paranoá para colocá-la nas torneiras da população do Distrito Federal?
Fonte: ANA/Jornal de Brasilia - Chico Leite* - Procurador de Justiça licenciado, professor de Direito Penal e deputado distrital pelo PT
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
pode jogar sardinha no Lago Paranoá, porque no México UM CIENTISTA norte americano colocou sardinhas em um lago (dez vezes menor com historico parecido com o nosso Lago) , e as sardinhas sobreviveram e se mutiplicaram. Ai veio um empresario comprou o local e tirou as sardinhas. Parece que antes foi jogado água do mar com aqueles microorganosmos que as sardinhas se alimentam, alguns litros.Parece que se colocar apenas as sardinhas eles sobrevivem.
ResponderExcluirMelhor ficar calado do que dizer asneiras...
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