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17 de abril de 2010

ALTO NÍVEL DE POLUIÇÃO DOS RIOS E FALTA DE REGULAMENTAÇÃO DIFICULTAM A DEMANDA DE ÁGUA EM SÃO PAULO


Bacias hidrográficas não atendem demanda de São Paulo

Representantes das principais redes de captação do estado culpam altos níveis de poluição das águas e falta de regulamentação

Representantes das maiores e principais bacias hidrográficas do estado de São Paulo reclamaram da elevada quantidade de poluentes nos rios de suas redes fluviais, durante o seminário “Disponibilidade de água para o setor produtivo – perspectivas para as bacias industrializadas”, que ocorreu na tarde desta quarta-feira (14), na sede da Fiesp.

Segundo os especialistas, esgotos domésticos, industriais e agrícolas têm dificultado o suprimento da demanda estatal, uma das maiores do País. A falta de regulamentação do processo de captação dos recursos hídricos do setor rural também dificulta a distribuição da água, pois não permite dimensionar e corrigir os pontos mais críticos.

Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ)

A alta demanda das águas superficiais e subterrâneas das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) coloca quase todas suas sub-bacias em situação crítica.

Foto: Paulo Segura
Luiz Roberto Moretti, secretário-executivo dos Comitês dos rios PCJ
De acordo com o secretário-executivo dos Comitês dos rios PCJ, Luiz Roberto Moretti, o problema no abastecimento público das cidades da região piora durante a época de estiagem, agravado pela grande poluição por esgotos domésticos, agrícolas e industriais.

“A maior parte dos recursos da PCJ está deteriorada. Apenas 43% das bacias estão aptos ao abastecimento”, explicou Moretti.

Segundo ele, há previsão de investimento público – dos Planos Federal e Estadual de Bacias – de R$ 1,8 bilhão para os rios, o que elevaria o aproveitamento das águas a 56%, até 2020.

“A arrecadação, hoje, é de R$ 60 milhões, que correspondem somente a dois terços do necessário para sanar a enorme demanda e manter a qualidade da água”, informou.

As bacias compreendem uma área de 1,5 milhão de quilômetros quadrados. Sua extensão abarca 58 municípios de São Paulo e quatro de Minas Gerais, regiões intensamente habitadas e industrializadas.

Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba

É inquestionável a abundância de recursos hídricos dos 34 municípios, contemplados pelos 12 mil quilômetros quadrados de água da Bacia Hidrográfica dos rios Sorocaba e Médio Tietê – formada pelos rios que lhe emprestam o nome.

Foto: Paulo Segura
André Cordeiro, presidente da Fund. Agência da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba

Entretanto, esta “fartura” é falsa, assegurou o presidente da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba, André Cordeiro. “As 16 cidades ao redor do Tietê, por exemplo, deixam de usar 90% da água do rio, porque o problema que enfrentamos não é de quantidade, mas sim de qualidade”, afirmou.

De acordo com Cordeiro, as causas da intensa poluição dos dois rios são as mesmas: como atendem regiões com forte atividade agrícola, não possuem controle da captação de recursos hídricos, pois o “setor não é regulamentado”.

A bacia hidrográfica compreende o trecho do Rio Tietê, desde o Reservatório de Pirapora até a Barragem de Barra Bonita, com 367 quilômetros de extensão e uma área de drenagem de quase sete mil quilômetros quadrados.

Bacia Hidrográfica do Alto Tietê

Foto: Paulo Segura
Maria Emília Botelho, secretária-executiva do Comitê da Bacia
O consumo de água dos 20 milhões de habitantes que circundam a Bacia Hidrográfica do Alto do Tietê força a importação de 50% dos seus recursos hídricos, sobretudo do rio Piracicaba. Mas, segundo a secretária-executiva do Comitê da Bacia, Maria Emília Botelho, mesmo todo o empréstimo de outros mananciais não é suficiente para suprir as exigências da região.

“Estamos vivenciando uma situação muito crítica. A falta de água está acirrando ainda mais os conflitos entre os diversos setores que dependem dela”, avaliou. A demanda total da bacia chega a 85 metros cúblicos por segundo. “Não possuímos gestão efetiva da água subterrânea, o que piora muito as coisas”, ressaltou Botelho.

Ela está situada predominantemente no sudoeste do estado. Engloba os municípios de Salesópolis e Itaquaquecetuba e se estende até a barragem do reservatório de Pirapora. Sua área de drenagem é superior a 5 mil quilômetros quadrados.

Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul

A Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul é a única que atende ao estado de São Paulo e não enfrenta dificuldades para suprir sua demanda. Isso ocorre porque sua vazão de 310 metros cúbicos por segundo conta com a ajuda de importantes rios de Minas Gerais, que não deixam o nível fluvial baixar.

Contudo, isto não significa que está livre de problemas. Os principais conflitos por suas águas provêm da sua “dupla dominalidade”, isto significa que está sob a tutela de Estados e União.


Aparecida Vargas, secretária-executiva do Comitê de Integração da bacia

“A gestão do Paraíba do Sul envolve o governo federal e os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As necessidades e legislações distintas trazem ritmos e capacitações desiguais dos recursos”, destacou a secretária-executiva do Comitê de Integração da bacia, Aparecida Vargas. “Administrar a diferença é muito difícil.”

Ela também chamou a atenção para o pequeno número de indústrias que reutiliza a água – prática que torna o custo do recurso muito mais baixo. “Reaproveitar a água já usada pode ser um terço mais barato do que sua captação”, informou.

A Bacia do Paraíba do Sul é uma das mais importantes de toda a região sudeste brasileira; responsável por abastecer 14 milhões de pessoas, que correspondem a 10 % do PIB nacional. Um quarto da sua área de 55 mil quilômetros quadrados atende o estado paulista.

Confira nos links abaixo as palaestras na íntegra (arquivos em pdf):

  • Luiz Roberto Moretti

  • André Cordeiro

  • Maria Emília Botelho

  • Aparecida Vargas


  • Thiago Eid, Agência Indusnet Fiesp

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