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30 de abril de 2010

O RETRATO DA DESERTIFICAÇÃO EM PERNAMBUCO


Meus Prezados,
É nessa região onde irá passar o eixo norte da transposição do São
Francisco. O que o Exército brasileiro está fazendo na área, é apenas e
tão somente agravar um processo de desertificação que encontra-se em
curso. Está no Rema. Confiram. João Suassuna


Nada brota no solo salino de Cabrobó


Jornal do Commercio Online

A Ilha de Assunção, no município de Cabrobó, é o retrato da desertificação em Pernambuco. Com solos ricos em nutrientes, o que fazia dela uma das áreas mais férteis da região, a ilha, localizada no Rio São Francisco, hoje já possui um terço dos seus cinco mil hectares imprestáveis para a agricultura. Diferente de outros locais, onde a erosão é a maior vilã do processo de degradação dos solos, em Assunção o empobrecimento da terra tem outra causa: a salinização. Os efeitos são igualmente devastadores. O solo estéril só sustenta a jurema, uma árvore invasora que se espalha em terrenos onde a vegetação nobre da caatinga, como o mulungu e a aroeira, já não consegue mais brotar.


Mais grave é constatar que o desaparecimento das camadas de solo fértil da ilha foi resultado direto da ação desastrosa do homem. Projetos de irrigação malconduzidos levaram água em excesso para o terreno e alteraram drasticamente a composição química do solo. Com as altas temperaturas do Sertão e sem um sistema de drenagem adequado, a água evaporou rapidamente e ficaram apenas os sais concentrados na terra. Numa quantidade tão alta que praticamente nenhuma planta consegue sobreviver.


Os rastros de destruição deixados pelo avanço da desertificação se estendem para o município de Petrolândia, onde grandes quantidades de terras foram retiradas para construção de rodovias e da Barragem de Itaparica. "O problema é que nenhuma árvore foi replantada no local. Sem o reflorestamento, o solo ficou mais vulnerável ao processo de erosão e as crateras estão se expandindo em direção às terras usadas hoje para criação de animais", explica o biólogo e agroecólogo Maurício Aroucha, que há anos estuda a ocorrência do fenômeno na região.


A exemplo de Cabrobó, técnicas inadequadas de irrigação fizeram grandes estragos em Petrolândia. É o caso da comunidade de Barreiras, onde uma área de 18 mil hectares foi desmatada para virar um grande projeto de irrigação, que até hoje não foi executado.


FIM DO MUNDO - Áreas próximas aos leitos dos rios, antes ricas em matéria orgânica, também estão morrendo. "Essa tal de desertificação é o fim do mundo. Terra onde a gente plantava arroz e cana, hoje não serve mais para nada. A gente planta de insistente, mas é tudo em vão", conta o agricultor Isaac Moisés Batista, 32 anos, morador da zona rural de Petrolândia. Sem ter onde plantar, Moisés fez o mesmo caminho que outros moradores da comunidade: foi trabalhar na construção de estradas em São Paulo. "Voltei para casa não faz nem um mês. Espero que agora seja para ficar de vez", afirma.


Em Rodelas (BA), próximo à fronteira com Pernambuco, a terra vermelha e mais compacta dá lugar a um imenso areal branco, com formação de grandes dunas, muito semelhante à paisagem do Saara - o maior deserto em extensão do mundo. O solo é cristalino e, em alguns trechos, coberto de cascalho. Nessas terras nada prospera. Até a vegetação resistente da caatinga está morrendo.


As plantas que ainda sobrevivem estão sendo cobertas pelas montanhas de areia ou servem de comida para os animais. "Conforme a força dos ventos, a paisagem está sempre mudando. Árvores enormes já foram soterradas pelo areal. Uma devastação que só tem aumentado nos últimos anos", constata Romero Cabral, técnico da Cooperativa Autogestionária dos Agropecuaristas de Rodelas. Fonte: JC Online



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