HISTÓRIA DO CÓRREGO Nª Sª DA PIEDADE - BELO HORIZONTE (MG)

Córrego Nª Sª da Piedade - Belo Horizonte (MG)

HISTÓRIAS DO PROJETO MANUELZÃO

Maria José Zeferino Vieira - 55 anos

Belo Horizonte

Centro de educação Ambiental Norte / Parque Ecológico Nossa Senhora da Piedade/PBH

História do Córrego Nossa Senhora da Piedade

Bem antes, no tempo dos nossos avós, o Córrego Nossa Senhora da Piedade se chamava Córrego São José da Onça, onde naquela época existiam vários olhos d’água em toda sua extensão, e formava a sua própria corredeira com água limpa, clarinha que de longe se via o fundo com areia e pedrinhas brancas. Tinha também peixinhos como: sarapós, piabinhas, mandis e outros. As pessoas nadavam e tomavam sua água, sem medo de serem contaminadas. Brincavam de casinha construíam suas próprias panelinhas, com a argila que ali encontrava, enquanto suas mães lavavam as roupas da casa ou até de outras famílias para ganhar algum trocadinho. A água servia para tudo, até para cozinhar.

Alguns moradores antigos contam que mudaram o nome do córrego porque onde é a Avenida Nossa Senhora da Piedade era somente um córrego e iria construir uma igreja no bairro com este nome em promessa a um bispo, era para homenagear o pároco da época da igreja na Serra da Piedade. Mas como construíram a igreja em mutirão, fizeram homenagem ao dia dos trabalhadores dando-lhe o nome de Igreja São José Operário. E para contemplar o Bispo colocaram o nome no córrego de Nossa Senhora da Piedade, onde mais tarde se deu origem a avenida de mesmo nome.

Por volta da década de 90, houve uma desapropriação nos bairros Providência e Aarão Reis, divisa com o bairro São Gabriel, onde locomoveram alguns moradores para a atual Vila Verde, localizada entre a Rua Benedito Xavier Chaves e Avenida Nossa Senhora da Piedade, e para melhor comodidade e aceitação de algumas pessoas, foi aberta e pavimentada uma avenida naquele quarteirão e também canalizaram parte do córrego.

As águas do córrego Nossa Senhora da Piedade correm para o Ribeirão do Onça, na via 240, (Avenida Risoleta Neves), ajudando assim a poluir também o Rio das Velhas. Infelizmente estas águas encontram-se poluídas pelo esgoto das moradias e que é despejado pela Copasa sem nenhum tratamento e diversos tipos de lixo que são depositados em suas margens ou jogados diretamente dentro do córrego por alguns moradores ou vândalos que ainda não estão mobilizados ou não estão preocupados com o futuro do nosso planeta.

Em 1999 alguns alunos do HP e professores fizeram um trabalho em campo para pesquisarem sobre a qualidade de vida dos moradores do entorno da escola e dos próprios alunos com o propósito de uma apresentação para alunos que correspondiam de uma escola argentina, era Projeto Intercâmbio Cultural Brasil – Argentina, onde alunos das duas escolas trabalhavam e pesquisavam sobre o mesmo tema que neste ano era (Qualidade de Vida).

Após várias pesquisas, eles chegaram à conclusão que o que mais prejudicava as pessoas, era a poluição do córrego. Ali além de entulhos, lixo, animais peçonhentos, também o esgoto jogado a céu aberto de moradores e empresas responsáveis pelo seu recolhimento.

Os envolvidos com o projeto entraram em contato com diversos setores como: COPASA, Associações, Drenurbs PBH, Projeto Manuelzão e moradores dos bairros, formando assim o Núcleo Local Córrego Nossa Senhora da Piedade – Projeto Manuelzão. A partir do dia 22 de junho de 2001 foram feitos vários trabalhos de pesquisas, mobilizações, reuniões, encontros de formação, cursos, oficinas, passeatas, palestras, participações em concursos com premiações do projeto, divulgações através de mídia, periódicos, faculdades e outros.

Todos estes trabalhos não foram em vão. Além da criação da UMEI Aarão Reis, (Unidade Municipal de Educação Infantil), fundada em 2003, após uma luta do Núcleo Nossa Senhora da Piedade, Associações dos bairros Aarão Reis e Guarani, Igrejas, comunidade Regional Norte e E.M. Hélio Pellegrino, conseguimos a revitalização do córrego e a criação do Parque Linear.
Quando ficará pronto? Nós já sabemos que até 2008.

Sonho para quem já esperou 48 anos ou mais. É muito bom saber que este sonho tornou-se realidade!

Texto elaborado a partir de entrevistas feitas através de um questionário com alguns moradores antigos da região, no ano de 2002, com a participação de alunos da E.M. Hélio Pellegrino e as professoras, Maria José Zeferino Vieira e Eliana Gabrich Viana.

Nome dos entrevistados e o tempo que moram na região: Maria da Conceição Rocha Faria (79 anos), Maria de Lourdes Rocha de Lima (69 anos), Miguel Emílio Vieira (), Horácio José dos Santos (), Reinaldo Soares dos Reis (in memória), Maria da Luz (81) e Maria José Zeferino Vieira ().Obs: A idade era o que possuiam na data da elaboração da pesquisa.

Majô Zeferino
Coordenadora do Núcleo Local Nossa Senhora da Piedade

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