A campanha permanente do SOSRiosBr, desde setembro, vem alertando as
comunidades da necessidade de se preparar para evitar surpresas, nas chuvas
AS CHUVAS CHEGARAM. COMO ESTAMOS?
Adentramos no sul-sudeste brasileiro o período chuvoso
crítico que anualmente tem marcado a região por terríveis tragédias associadas
a enchentes e deslizamentos. Como decorrência do impacto político causado pelas
últimas tragédias foram, a partir da administração pública em seus diversos
níveis, tomadas uma série de medidas sob a intenção de reduzir a
vulnerabilidade das populações mais ameaçadas por esses conhecidos fenômenos. A
pergunta automaticamente se coloca: estamos hoje melhor preparados, as medidas
adotadas estão em um rumo correto?
Sem dúvida melhoramos em alguns quesitos: maior consciência
sobre a gravidade do problema, aumento dos conhecimentos científicos e
tecnológicos associados à questão, maior envolvimento de órgãos técnicos e
gerenciais para a temática áreas de risco, mobilização de um maior número de
pesquisadores, profissionais em geologia, geotecnia e meteorologia, técnicos e
militantes de sistemas de Defesa Civil, organização de sistemáticas de alertas
pluviométricos, mapeamento de áreas de risco críticas, etc.
Ressalte-se no
âmbito desses dados positivos a nova e avançada legislação brasileira para a
gestão de riscos consignada na Lei Federal 12.608. No entanto, é forçoso
reconhecer que ainda serão extremamente pequenos os ganhos reais práticos em
maior segurança para as populações mais ameaçadas.
Prevalecem ainda grandes
deficiências associadas à falta de linhas de comando e uma melhor articulação
entre os diversos órgãos envolvidos, à dificuldade da efetiva integração das
prefeituras municipais nos programas de segurança propostos, à resistência e à
irresponsabilidade com que a administração pública tem lidado com a radical
necessidade de remoção/reassentamento das famílias que ocupam áreas de muito
alto risco, à tendência de acomodamento geral às medidas de alerta
pluviométrico, em uma atitude cruel e desumana que pressupõe que a gestão de
riscos possa se resumir a tocar sirenes e botar a população a correr de suas
casas nos momentos mais críticos.
A continuarem preponderantes a omissão
e/ou a insuficiência e/ou a impropriedade das ações públicas no tratamento dos
gravíssimos problemas associados à ocorrência de enchentes e deslizamentos de
encostas não há dúvida, as tragédias tenderão a se ampliar em sua intensidade, frequência
e letalidade. Consequência direta da criminosa indecisão em
se tomar, dentro de um abordagem de cunho preventivo, onde se inserem
destacadamente o planejamento urbano e os programas habitacionais, a elementar
decisão de, no mínimo, parar de cometer os erros essenciais que estão na origem
desses graves fenômenos.
Em outras palavras, nossas cidades
continuam a crescer, sob os olhos e complacência da administração pública em
seus diversos níveis, praticando os mesmos erros e incongruências técnicas que
as conduziram a esse grau de calamidade pública; no caso das enchentes
impermeabilizando o solo, promovendo uma excessiva canalização de rios e
córregos, expondo por terraplenagem o solo à erosão com decorrente assoreamento
dos cursos d’água; no caso dos deslizamentos e solapamentos de margens, ou
ocupando encostas e fundos de vale que jamais deveriam ser ocupados dada sua já
alta instabilidade natural, ou ocupando com técnicas as mais inadequadas
terrenos até potencialmente urbanizáveis.
Geól. Álvaro Rodrigues dos
Santos (santosalvaro@uol.com.br)
- Ex-Diretor de
Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia
- Autor dos livros
“Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira
da Serra do Mar”, “Diálogos Geológicos”, “Cubatão” e “Enchentes e
Deslizamentos: Causas e Soluções”
- Consultor em
Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente
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CAMPANHA PERMANENTE SOSRIOSBR 'DIGA NÃO ÀS ENCHENTES" - 2012/2013
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
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