A bela Ponte Presidente JK liga o Lago Sul à parte central do Plano Piloto
CADA MORADOR DO LAGO SUL, EM BRASILIA, CONSOME, EM MÉDIA MIL LITROS POR DIA
Diego Amorim - Correio Braziliense
Publicação: 13/07/2008
Diego Amorim - Correio Braziliense
Publicação: 13/07/2008
O bairro lidera o ranking de consumo no Distrito Federal, no Brasil e, segundo especialistas, se aproxima dos locais que mais gastam água em todo o mundo. Na seca, para não deixar os jardins com aparência de deserto e garantir a piscina cheia, a população abusa e o desperdício aumenta.
A área mais nobre de Brasília só não corre o risco, a curto prazo, de ficar com as torneiras vazias porque a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) altera a distribuição toda vez que o abastecimento do bairro fica ameaçado.
O consumo no Lago Sul nos últimos 12 meses superou em mais de cinco vezes o considerado suficiente em centros urbanos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Também foi quase cinco vezes maior do que a média do DF, que é de 248 litros por habitante/dia. Se comparado ao Riacho Fundo I e II, onde cada morador gasta, em média, 114 litros por dia — o menor consumo do DF —, o número é 10 vezes maior.
Em São Paulo, depois das campanhas de racionamento, a média hoje fica em torno dos 150l. No bairro paulistano de maior consumo, o Brooklin, não passa de 600l.
Na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde o carioca mais gasta água, o consumo médio é de 580l.
Acostumado a lidar com esses números, o professor da pós-graduação em tecnologia ambiental e recursos hídricos da Universidade de Brasília (UnB) Sérgio Koide sempre soube que no Lago Sul o consumo era assustador. A média de mil litros no último ano, no entanto, o pegou de surpresa. “Não há outro lugar no mundo que consuma essa quantidade de água. Talvez apenas em Beverly Hills, nos Estados Unidos”, afirmou.
Na avaliação do especialista, a situação exige urgente mudança de comportamento dos moradores: “O DF não tem tanta água à disposição. Se alguém consome demais, outro será prejudicado”.
Desvio
A Caesb precisou remanejar a distribuição de água deste ano para não comprometer o abastecimento do Lago Sul. Água que iria para o Plano Piloto teve de ser desviada para o outro lado do Lago Paranoá.
As asas Sul e Norte, garante a Caesb, não foram prejudicadas porque, apesar das manobras, houve aumento no volume produzido na Estação de Tratamento de Água de Brasília. “No Lago Sul, a gente trabalha no limite, na capacidade máxima de distribuição”, alerta o engenheiro e analista operacional da Superintendência de Produção de Água da Caesb Ulisses Assis Pereira.
A média registrada pela companhia envolve o volume de água roubada e os vazamentos, o que não ameniza o consumo exorbitante no bairro, cuja população é estimada em 28 mil pessoas. Cerca de 90% das casas têm piscina. É impossível encontrar um lote que não preserve a área verde, por menor que seja. “Mas não existe desperdício. A conta de água é cara e nem todo mundo que mora aqui é milionário”, argumentou a vice-presidente da Associação de Moradores do Lago Sul, Edilamar Batista.
A reportagem do Correio passou uma tarde circulando pelas ruas do Lago Sul e flagrou cenas de desperdício. Em vários conjuntos, a água que saía de mangueiras esquecidas abertas escorria pela pista. Até telhado de casa era lavado na QL 24. Em outra, a irrigação do jardim já durava 30 minutos. “Isso aqui vai ficar até o fim do dia. Desperdiça água mesmo”, assumiu o caseiro. “Aqui, cumpro ordens. Mandou lavar, eu lavo”, justificou o trabalhador de outra casa, que varria a garagem com a torneira ligada.
Conta alta
Na casa da aposentada Dinalra Nogueira, 59 anos, o esforço para economizar ainda não reduziu o valor da conta, que chega às vezes a R$ 400. Ela diz que vai continuar tentando. A água da piscina não é trocada há um ano. Toda semana o caseiro limpa, põe cloro e aproveita parte do volume que seria despejado para regar as plantas. As roupas só entram na máquina de lavar quando acumulam muito. “São coisas simples no dia-a-dia que podem fazer a diferença”, acredita Dinalra. A filha Déborah, 19, jura que não passa mais de 15 minutos embaixo do chuveiro. “Juro! Sou super- consciente com essas coisas”, comentou a estudante.
A seca faz com que os moradores usem mais água. Entre julho e outubro, o consumo no Lago Sul, como em todo o DF, atinge o pico. De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Ambiental da UnB Henrique Leite Chaves, tem chovido menos a cada ano. Menos chuva, lembra ele, significa rios mais secos e, assim, menos oferta de água para a população. “Isso é uma agravante de uma demanda cada vez maior.
Moradores e governo têm que começar a se preocupar”, sustenta Chaves, especialista em recursos hídricos.
Como economizar
- Não deixe a torneira aberta enquanto ensaboa as mãos, escova os dentes ou faz a barba. Uma torneira mal fechada pode desperdiçar 46 litros de água em um dia.
- Evite banhos demorados. Ao ensaboar-se, desligue o chuveiro. Reduzir um minuto do banho pode gerar economia de até seis litros de água.
- Dê preferência às caixas de descarga no lugar das válvulas. Instale torneiras com aerador — “peneirinhas” na saída da água.Lave louças e verduras em uma bacia com água e sabão e abra a torneira só para enxaguar.
- Lave de uma vez toda a roupa acumulada. Use a máquina de lavar com carga máxima e tome cuidado com o excesso de sabão para evitar mais enxágües.
- Regue o jardim de manhã cedo ou à noite para reduzir a perda por evaporação. Molhe a base das plantas, não as folhas. Cultive plantas que necessitam de pouca água (bromélias, cactos, pinheiros, violetas).
- Armazene água da chuva em recipientes colocados na saída das calhas ou na beirada do telhado e depois use-a para regar as plantas.
Fonte: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
Torneira aberta
Locais que mais consomem
DF Lago Sul – 1000 litros de água por habitante/dia
DF Lago Norte – 607 litros por habitante/dia
DF Park Way e Núcleo Bandeirante – 368 litros por habitante/dia
Outras cidades
São Paulo (capital) – 150 litros por habitante/dia
Rio de Janeiro (capital) – 390 litros por habitante/dia
Belo Horizonte (MG) - 162 litros por habitante/dia
Bairros
Brooklin (SP) – 600 litros por habitante/dia
Jardim América (SP) - 560 litros por habitante/dia
Zona Sul do Rio – 580 litros por habitante/dia
Fonte: Caesb e companhias estaduais de água e esgoto
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