O caderno Vida& do Jornal O Estado de São Paulo, de 3 de julho, traz um material especial sobre os biomas brasileiros. No espaço destinado ao Pantanal é ressaltado o avanço do desmatamento para a produção de carvão destinado a empresas.
Foto: Arquivo Ecoa
Matas podem arder em fornos de siderúrgicas (03/07/2008)
O Pantanal está na mira de sofrer uma agressão semelhante à que ceifou boa parte do seu primo vizinho, o cerrado: a derrubada da mata nativa para alimentar os fornos da indústria siderúrgica.
O alerta foi lançado pelo Ibama no começo do ano, quando o órgão constatou que as atividades de extração de lenha para a produção de carvão estavam ameaçando uma área de mais de 200 mil hectares por ano em Mato Grosso do Sul, em especial na Bacia do Alto Paraguai, onde está incluída a planície pantaneira.
Essa conclusão foi baseada em um monitoramento de quase dois anos e no fato de que 44% dos 10 milhões de metros de carvão vegetal (1 mdc é o equivalente ao quanto cabe de carvão em uma caixa de 1 m3) transportados no Brasil, em 2007, tiveram origem no Estado. Isso levou à criação de um grupo de trabalho para fiscalizar as atividades das carvoarias na região sul do Pantanal e na Serra da Bodoquena.
Por meio de uma operação de cruzamento dos dados do chamado Sistema-DOF (Documento de Origem Florestal), o Ibama tem conseguido identificar o consumo de carvão de origem ilegal.
Só no mês passado, 60 siderúrgicas (55 de Minas, 4 de Mato Grosso do Sul e 1 do Espírito Santo) foram multadas pelo consumo de 800 mil m3 de carvão ilegal em 2007, no valor de R$ 414,7 milhões. Pelos cálculos do instituto, esse carvão é resultante de operações no cerrado e no Pantanal.
É uma quantidade suficiente para preencher 10 mil caminhões que, se enfileirados, ocupariam 200 km de extensão, segundo o Ibama.
Para o gerente de Pantanal da ONG Conservação Internacional, Sandro Menezes, esses números são resultado da falta de um processo mais atento de concessão de licenças. "Não está ocorrendo vistoria do lugar, o que abre espaço para irregularidades. O cruzamento de dados identifica isso lá na frente, mas aí a mata já foi derrubada."
Só no mês passado, 60 siderúrgicas (55 de Minas, 4 de Mato Grosso do Sul e 1 do Espírito Santo) foram multadas pelo consumo de 800 mil m3 de carvão ilegal em 2007, no valor de R$ 414,7 milhões. Pelos cálculos do instituto, esse carvão é resultante de operações no cerrado e no Pantanal.
É uma quantidade suficiente para preencher 10 mil caminhões que, se enfileirados, ocupariam 200 km de extensão, segundo o Ibama.
Para o gerente de Pantanal da ONG Conservação Internacional, Sandro Menezes, esses números são resultado da falta de um processo mais atento de concessão de licenças. "Não está ocorrendo vistoria do lugar, o que abre espaço para irregularidades. O cruzamento de dados identifica isso lá na frente, mas aí a mata já foi derrubada."
De acordo com especialistas, a atividade carvoeira tem ocorrido tanto na Bacia do Alto Paraguai quanto na planície, que compreende o bioma propriamente dito. Por enquanto, acredita-se que a ameaça é maior na parte alta, onde a vegetação predominante é o cerrado, mas isso não deixa o Pantanal em uma situação confortável. É no planalto que se encontram as nascentes dos vários rios que vão formar a planície pantaneira depois. LEIA MAIS - RIOS VIVOS/ESTADÃO
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