Amazonas deixa Nilo para trás
3/7/2008
Fábio de Castro
Com 6.992 quilômetros, rio Amazonas é 140 km mais extenso do que o Nilo, de acordo com novas medições realizadas pelo Inpe a partir de imagens de satélites. Rio africano tem 140 quilômetros a menos
Os livros de geografia precisam ser alterados. Maior rio do mundo em volume de água, o Amazonas agora pode ser considerado também o maior em extensão, com 140 quilômetros a mais que o rio Nilo, na África.
Novas medições realizadas por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que o Amazonas tem 6.992 quilômetros de extensão desde sua nascente no sul do Peru até sua foz, no Pará. O Nilo tem 6.852 quilômetros desde a nascente, no Burundi, até o delta no Egito. Ou seja, 140 quilômetros – ou meros 2% – a menos.
A metodologia utilizada no trabalho, coordenado por Paulo Roberto Martini, da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, combinou imagens de duas fontes diferentes para medir o rio Amazonas: foram empregados mosaicos Geocover – gerados a partir de dados do satélite Landsat 5 – e imagens do Modis, um sensor de grande campo instalado em duas plataformas da Nasa, a agência espacial norte-americana.
Segundo Martini, a combinação das duas fontes serviu para garantir a precisão das medidas. O Modis tem resolução espacial de 250 metros de pixel, isto é, “enxerga” grandes quadrados de mil quilômetros de lado. Os mosaicos Geocover têm resolução de 25 metros de pixel, cobrindo áreas de 180 x 180 quilômetros. A combinação associou a alta resolução à grande abrangência.
“Utilizamos as imagens de alta resolução do Geocover para calibrar as de baixa resolução. Com isso, a imagem do Modis teve precisão cartográfica equivalente à de uma resolução dez vezes menor. A diferença entre as medidas ficou abaixo de um pixel do sensor Modis: um erro de apenas 250 metros em quase 7 mil quilômetros”, disse Martini à Agência FAPESP.
De acordo com o pesquisador, a mesma metodologia também foi utilizada para medir o Nilo e pode ser aplicada para qualquer grande rio do planeta coberto por imagens Modis, o sensor instalado em dois satélites da Nasa, que emite imagens diárias.
“O Inpe instalou uma estação em Cuiabá, que cobre toda a região do rio Amazonas, recebendo um link direto das imagens do Modis e disponibilizando-as abertamente na internet. No caso do Nilo não foi tão simples, porque cada parte do rio é coberta por uma estação diferente”, explicou.
Segundo Martini, a interpretação dos dados foi feita diretamente sobre a imagem na tela do Spring, um software de geoprocessamento desenvolvido no Inpe. “Embora a Nasa disponibilize as imagens abertamente, para utilizá-las a fim de medir os rios é preciso ter um bom background de sensoriamento remoto e cartografia. Desde 1990 o Inpe estuda o rio Amazonas por meio de tecnologias derivadas do Programa Espacial Brasileiro”, afirmou.
Nascente peruana
De acordo com Martini, a diferença da extensão do rio Amazonas em relação ao que foi registrado anteriormente não se deve apenas à metodologia empregada, mas também a um fator conceitual.
“Há duas maneiras de medir um rio. Uma delas é buscar uma hierarquia, seguindo o tributário [afluente] que tem maior fluxo d’água. Por esse critério, o Amazonas já era o maior. A outra maneira é medir as vertentes mais distantes de onde a água está fluindo, ainda que tenham menos água. Por esse critério, só agora descobrimos que o rio é o mais longo”, apontou.
Segundo o pesquisador do Inpe, as vertentes mais distantes do rio, onde se iniciaram as medidas, só foram cientificamente definidas na expedição às nascentes organizada pela produtora RW Cine, em junho de 2007, que reuniu pesquisadores do Instituto Geográfico Militar do Peru, da Agência Nacional de Águas (ANA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do próprio Inpe.
“O registro cartográfico e ecológico dessa expedição teve um suporte importante das imagens da câmera CCD do satélite sino-brasileiro CBERS e da plataforma Google Earth. Os dados foram integrados pelo representante do Inpe na expedição, o pesquisador Oton Barros”, disse.
A equipe da expedição comprovou cientificamente que o ramo nascente do rio Amazonas é o rio Apurimac, no altiplano da cordilheira ocidental dos Andes, descendo pela cordilheira oriental e formando o rio Ucayalli, na planície peruana. Já o Nilo começa no Burundi, antes de chegar ao lago Vitória, entre Uganda, Quênia e Tanzânia.
Mais informações: www.inpe.br
Fonte: Agência FAPESP/Portal do Meio Ambiente
ERRATA: A legenda da segunda foto "Encontro das Águas" (do site do 1º Simpósio das Amazônias - UPE) segundo a Sra. Maggi Moss, do Projeto Brasil das Águas, estava incorreta. Ela diz: "Parabéns pelo blog. Matérias interessantes e importantes. Só quero ressaltar que a legenda da foto do encontro das águas em frente a Santarém tem um erro. Ali, logo em frente à cidade, desemboca o Tapajós, e não o Trombetas. O Trombetas entra no Amazonas pela margem esquerda, bem mais longe de Santarém. Margi Moss, Projeto Brasil das Águas" .
Obrigado Srª Maggi Moss pela importante dica...já corrigimos
Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirMatérias interessantes e importantes.
Só quero ressaltar que a legenda da foto do encontro das águas em frente a Santarém tem um erro. Ali, logo em frente à cidade, desemboca o Tapajós, e não o Trombetas. O Trombetas entra no Amazonas pela margem esquerda, bem mais longe de Santarém. Margi Moss, Projeto Brasil das Águas
Obrigado Sra. Margi Moss,
ResponderExcluirFicamos muito satisfeitos e lisonjeados em receber um comentário desse quilate, de uma pessoa que realmente conhece, com profundidade, o assunto "rios brasileiros".
O projeto que a Sra. e seu marido Gérard Moss desenvolvem em defesa das águas brasileiras é sem dúvida modelar e de grande importância para a preservação de nossos recursos hídricos.
O site "BRASIL DAS ÁGUAS" está desde o início entre os nossos LINKS FAVORITOS do Blog e já postamos matérias sobre o trabalho que realizam.
Agradecemos a correção na legenda da foto.
Nossa equipe de pesquisa obteve aquela informação em postagem de 22/03 no Blog do 1º Simpósio Nacional sobre as Amazônias (http://simposioamazonia.blogspot.com/) da Universidade de Pernambuco.
Estamos providenciando uma correção no artigo postado em nosso Blog.
Por favor, nos alerte sempre que observar alguma correção necessária ou informação incorreta.
Agradecemos o apoio.
9:00 PM
oi santarém é sonho e principalmente o encontro das águas já tive o prazer de olhar de perto o seu blog é demais.bjsssssssssss
ResponderExcluiradorei esse blog pois vai alertar a população do que pode acontecer se não seguirmos a risca
ResponderExcluir