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4 de julho de 2008

FALTA DE ÁGUA PODERÁ DECRETAR O FIM DE PEQUIM

O rio Huang He, ou Rio Amarelo
"cerca de 200 rios e riachos de Pequim estão secando, e muitos dos reservadores da cidade se encontram praticamente vazios. Mais de dois terços da água consumida na capital procede de camadas subterrâneas localizadas a mil metros ou mais de profundidade"

Visite Pequim antes que morra de sede
04/07/2008 -
Por Antoaneta Bezlova, da IPS

Poucos em Pequim são conscientes do preço que a capital chinesa pode chegar a pagar para ser a sede, em agosto, dos primeiros Jogos Olímpicos “verdes”.
A fabulosa capital dos imperadores, modelo da ambiciosa China moderna, é empurrada à extinção por causa de sua crônica escassez de água.

Alguns especialistas acreditam que a atividade olímpica acelera o lento desaparecimento da cidade. “Esta cidade deixará de existir dentro de uma geração”, afirmou Daí Qing, a ambientalista mais conhecida da China. “Já não teremos mais a antiga capital.


A horrivelmente moderna Pequim também desaparecerá.

Infelizmente, nem o governo nem os moradores estão conscientes da gravidade da crise”, ressaltou.
Quando forem abertos os Jogos Olímpicos, no dia 8 de agosto, os visitantes irão se maravilhar diante das fontes musicais e das gigantescas paisagens aquáticas espalhadas pela capital.

Os espectadores desfrutarão das competições de remo no rio Chaobai, que na realidade estava seco e reviveu mediante o desvio de outro rio próximo através de uma tubulação subterrânea de 13 quilômetros de comprimento. Esta exuberância aquática em uma cidade da árida planície setentrional da China, castigada constantemente por tempestades de areia, foi possível apenas graças à engenharia, que permitiu desviar água desde províncias vizinhas e aumentar a extração das camadas subterrâneas.

Estádio Olímpico de Pequim


Às vésperas dos Jogos Olímpicos, as autoridades de Pequim ainda constroem lagos artificiais e acrescentam cerca de 200 milhões de metros cúbicos de água ao consumo normal, um incremento em torno de 5%.

As províncias vizinhas, que devem compartilhar a carga da capital para ser anfitriã dos Jogos, fazem ouvir seu protesto. A ordem de fornecer a Pequim água potável priva os agricultores de Hebei de irrigação e afeta centenas de indústrias.“Hebei sofre uma escassez de vários milhares de milhões de metros cúbicos por ano”, disse o diretor do escritório local de recursos hídricos, Feng Qiancheng. “Com uma mão damos água a Pequim e com a outra a compramos da província de Shandong”, acrescentou.

Um informe da organização não-governamental Investigação Internacional, com sede no Canadá, cerca de 200 rios e riachos de Pequim estão secando, e muitos dos reservadores da cidade se encontram praticamente vazios. Mais de dois terços da água consumida na capital procede de camadas subterrâneas localizadas a mil metros ou mais de profundidade.

A ambientalista Daí Qing, que editou o informe, ressaltou que grande parte da informação sobre a crise, como o grau de dependência das fontes de água subterrâneas, constituem um enorme segredo. “Em Pequim há cinco reservatórios subterrâneos de onde extrair água, e ninguém detém os planos do governo local para expandir seu uso”, disse no Clube de Correspondentes Estrangeiros na apresentação do estudo.

Daí Qing é bem conhecida por sua luta contra a obsessão das autoridades chinesas com os grandes projetos de engenharia. E pagou um preço por isso. Certa vez foi presa por criticar a construção da represa hidrelétrica Três Gargantas, a maior do mundo. “Realizar Jogos Olímpicos ‘verdes’ em uma cidade que sofre tanta escassez de água significa apoiar o desenvolvimento sustentável apenas na palavra.

Diria que os funcionários subiram no trem dos Jogos como pretexto para fazer dinheiro com gigantescos projetos”, acusou a ambientalista a destacada jornalista.

Quando Pequim se candidatou para ser a sede dos Jogos, em 2001, os planejadores da capital sabiam que careciam dos recursos para enfrentar a demanda de água adicional, disse a diretora de políticas da Investigação Internacional, Grainne Ryder. “A crise não começa com os Jogos e nem termina com eles.

O que se faz é acelerar uma estratégia de expansão da oferta que não é sustentável, é cara e que só levará ao consumo excessivo e ao desperdício”, acrescentou. Um exemplo é a decisão dos planejadores chineses de atender a crescente demanda da capital investindo em gigantescos projetos de infra-estrutura, que desviarão água dos rios do Sul e do Norte através de um intrincado sistema de canais e aquedutos.

Um dos planos mais ambiciosos foi originalmente proposta em 1952 pelo máximo líder da Revolução Chinesa, Mao Zedong, que governou desde 1949 até sua morte em 1976; foi aprovado pelo governo em 2001 e o objetivo é abastecer Pequim com um bilhão de metros cúbicos de água por ano até 2010, extraída do rio Yangtze e transportada por um canal de 1.277 quilômetros.

Se o projeto for completado como concebido, 48 bilhões de metros cúbicos de água serão desviados do curso do Yangtze. O custo estimado da obra é de US$ 60 bilhões, mais que o dobre da Três Gargantas, que, segundo dados oficiais, custou US$ 28 bilhões.

O informe da Investigação Internacional diz que os defensores desse projeto “falam de matar a sede de Pequim com ‘excedentes’ do Yangtze, como se secar o maior rio da China – e fonte de água de Xangai – tivesse poucas conseqüências econômicas e ambientais, ou nenhum, para os milhões de habitantes do sul e sudoeste do país”.

Desvio do Rio Amarelo na China
Em janeiro começou o desvio de água do outro grande rio da China, o Amarelo, para reforçar o minguante abastecimento da capital. Prevê-se que 150 milhões de metros cúbicos fluirão através de 400 quilômetros até o lago Baiyangdian, ao sul de Pequim, antes do início dos jogos. E espera-se que quatro novos reservatórios construídos em Hebei forneçam 400 milhões de metros cúbicos adicionais.“Ainda que todos estes projetos se concretizem, e a água flua como está previsto, Pequim ainda precisará bombear uma excessiva quantidade das fontes subterrâneas”, alertou Ryder.

A especialista disse que a capital chinesa ficará sem água dentro de cinco ou 10 anos, e que as autoridades deverão enfrentar a difícil opção de mudá-la completamente ou fechar indústrias e reassentar parte de sua população. “Imagino que será um progressivo fechamento de sua economia, um colapso econômico”, afirmou. (IPS/Envolverde)

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Um comentário:

  1. sujiro que a população cavem possos já não esperem o fim da água dos rios quanto antes previnir melhor

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