Complexo do rio Madeira, complexo até demais
Carol Salsa - 20/08/2009 - EcoDebate
Carol Salsa - 20/08/2009 - EcoDebate
A mídia volta a colocar em pauta um dos assuntos mais discutidos em termos de geração de energia na região amazônica: o Complexo do Rio Madeira. De um modo geral, os projetos de barragem, à revelia da população local, não contemplam os aspectos sociais e muito menos os ambientais previstos. Exemplo disso é o Complexo do Rio Madeira.
Após a entrega do Estudo de Impacto Ambiental EIA ao IBAMA, foi convocada uma equipe técnica composta por oito analistas ambientais deste órgão, entre eles, engenheiros civis, biólogos e historiadora, que apresentaram o Parecer Técnico nº014/2007. Este Parecer condenava o Complexo caso não fossem atendidas as diretrizes propostas para revisão quanto à : ictiofauna, existência de mercúrio no leito do rio, volume de sedimentos etc.. O próprio IBAMA não fez qualquer alusão ao Parecer e desconsiderou-o.
agosto 20, 2009
http://www.ecodebate.com.br/2009/08/20/complexo-do-rio-madeira-complexo-ate-demais-artigo-de-carol-salsa/
Rio Madeira
Pela equipe foi atestado a falta de um Plano de Mitigação que tratasse os eventuais problemas na implantação do empreendimento confirmando o que poderia acontecer como fatos já acontecidos e que serviriam de referência aos estudos de anterioridade nas construções de barragens na região. As experiências com Balbina e Tucuruí não são lá tão “auspiciosas” , e nem devem ser replicadas. A primeira porque alagou uma enorme área plana de 2.360 quilômetros quadrados para gerar 250 MW. Soma-se a este o fato de não ter sido feito o destocamento de todas as árvores existentes no local. Conclusão: tornou-se uma área de emissão de gases estufa, dióxido de carbono- CO2 e metano CH4 , gratuita para os idealizadores e a serem pagas pelas sociedades que a ela subsistirá.
Como se não bastasse, as barragens não contemplam as populações tradicionais. A compensação pela desmobilização das comunidades, subtração de recursos naturais os quais se constituem em fonte de renda para os ribeirinhos, pescadores, agricultores familiares, não atende à qualidade de vida anteriormente desfrutada.
agosto 20, 2009
http://www.ecodebate.com.br/2009/08/20/complexo-do-rio-madeira-complexo-ate-demais-artigo-de-carol-salsa/
Rio Madeira
Pela equipe foi atestado a falta de um Plano de Mitigação que tratasse os eventuais problemas na implantação do empreendimento confirmando o que poderia acontecer como fatos já acontecidos e que serviriam de referência aos estudos de anterioridade nas construções de barragens na região. As experiências com Balbina e Tucuruí não são lá tão “auspiciosas” , e nem devem ser replicadas. A primeira porque alagou uma enorme área plana de 2.360 quilômetros quadrados para gerar 250 MW. Soma-se a este o fato de não ter sido feito o destocamento de todas as árvores existentes no local. Conclusão: tornou-se uma área de emissão de gases estufa, dióxido de carbono- CO2 e metano CH4 , gratuita para os idealizadores e a serem pagas pelas sociedades que a ela subsistirá.
Como se não bastasse, as barragens não contemplam as populações tradicionais. A compensação pela desmobilização das comunidades, subtração de recursos naturais os quais se constituem em fonte de renda para os ribeirinhos, pescadores, agricultores familiares, não atende à qualidade de vida anteriormente desfrutada.
Tucuruí representa a ausência do Estado quando se trata de Soberania Nacional. Na realidade, a barragem foi construída para fabricar lingotes de ferro gusa para serem exportados para o Japão. Se, por acaso, é uma questão de Soberania Nacional, onde ficou ou está a contrapartida para a população local, se nossos recursos usados na fabricação de produtos para exportação dispensaram a responsabilidade sócio-ambiental para com o povo brasileiro? Não é dizer que só hoje os projetos se preocupam com o meio ambiente.
Em todas as épocas sempre foi um pré-requisito de qualquer tomador de decisão a qualidade intrínseca do famoso “bom senso“. A biodiversidade é insubstituível e não permutável. Acresce ainda que as espécies formadas durante séculos, exigiriam centenas de gerações para a produção evolutiva delas. A consideração feita já é suficiente para se pensar profundamente e, inúmeras vezes, no que se está fazendo.
Com a visão ultrapassada dos tomadores de decisão que só vêm nos projetos o lucro, a ganância de ter cada vez mais dá um “chega pra lá” na resolução dos problemas das comunidades soberanas, também carentes, e condenadas a viver uma pobreza que se perpetua durante anos.
Não estamos contra os projetos de barragens. Reconhecemos que um apagão teria conseqüências desastrosas para todos nós. Mas a técnica tem que andar lado a lado com a política, tipo “ Cosme e Damião”. Será que é, atualmente, impossível corrigir erros de governos passados que se diziam ao lado do povo?
Não estamos contra os projetos de barragens. Reconhecemos que um apagão teria conseqüências desastrosas para todos nós. Mas a técnica tem que andar lado a lado com a política, tipo “ Cosme e Damião”. Será que é, atualmente, impossível corrigir erros de governos passados que se diziam ao lado do povo?
Demagogia é o que não falta no cardápio de políticos que ludibriam os eleitores. O bom exemplo dos que comandam a Nação é imperioso existir. Se não houver respeito em todos os estratos sociais, não reclamem da juventude que só teve até hoje péssimos exemplos de cidadania, moral e ética no trato do patrimônio natural, direto de todos.
O Manifesto sobre o Complexo do Rio Madeira é um problema complexo na verdadeira acepção da palavra. Cita o documento que considera, entre outros:
Irregularidade no processo de licenciamento ambiental;
Sub-dimensionamento da área de influência dos empreendimentos;
Falta de avaliação adequada de impactos socioambientais dos empreendimentos em relação a questões chave;
Desconsideração de impactos sociais e ambientais;
Desconsideração dos protestos de movimentos sociais e outras organizações da sociedade civil brasileira;
Falta de uma garantia mínima de equivalência da qualidade de vida das famílias ribeirinhas e de outras comunidades locais;
Irregularidade no processo de licenciamento ambiental;
Sub-dimensionamento da área de influência dos empreendimentos;
Falta de avaliação adequada de impactos socioambientais dos empreendimentos em relação a questões chave;
Desconsideração de impactos sociais e ambientais;
Desconsideração dos protestos de movimentos sociais e outras organizações da sociedade civil brasileira;
Falta de uma garantia mínima de equivalência da qualidade de vida das famílias ribeirinhas e de outras comunidades locais;
Indiferença de Governo Federal pela sentença condenatória do projeto do Complexo do Madeira no Tribunal Latinoamericano de Águas (TLA), em setembro de 2008, e pelo recente trabalho realizado pela Relatoria Nacional para o Direito Humano ao Meio Ambiente, da Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais ( Plataforma DhESCA Brasil);
Ambos evidenciaram violações de direitos humanos associados à implementação das usinas no rio Madeira, que chama a responsabilidade do Estado brasileiro para o cumprimento dos diplomas internacionais afins;
Constrangimentos diplomáticos;
Indícios de intervenção política e irregularidade na utilização de fundos públicos de cunho social;
Constrangimentos diplomáticos;
Indícios de intervenção política e irregularidade na utilização de fundos públicos de cunho social;
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Desrespeito aos Princípios do Equador.
Ainda estaria em tempo de rever detalhes de projeto cujo eixo foi mudado para uma distância de 9 km em relação ao eixo original e que por isso mesmo, foi considerado pelos interessados no projeto, provavelmente, “ muito perto “, desconsiderado-se o necessário e importante , novo EIA/RIMA .
Também, não podemos olvidar o impacto das águas no solo para a formação do reservatório. A operação revolverá camadas do leito do rio onde há mercúrio que por sua vez afetará toda uma cadeia alimentar. E o volume de sedimentos que fluirá do reservatório não prejudicará o funcionamento das turbinas tipo bulbo? Onde este volume de sedimentos se depositará?
Outra dúvida: como explicar a liberação de uma “ licença parcial “ para o início das obras, emitida, equivocadamente, em 2008 ? O Ministério Público não desculpou. Chega de criatividade fora da Lei. Só há três licenças possíveis para empreendimentos potencialmente poluidores do meio ambiente conhecidas como LP, LI e LO, respectivamente, Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. Qualquer outra adotada é “ledo engano”. Só não disseram para eles ?
Lamento afirmar que o que estamos deixando registrado na memória das pessoas íntegras e da juventude, é um deplorável livro que está sendo escrito pelos déspotas contemporâneos, intitulado “ História da Desumanidade .”
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM ; Perita Ambiental da Promotoria da Comarca de Santa Luzia / Minas Gerais.
Fonte: EcoDebate/Rema Atlântico, 20/08/2009
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
Outra dúvida: como explicar a liberação de uma “ licença parcial “ para o início das obras, emitida, equivocadamente, em 2008 ? O Ministério Público não desculpou. Chega de criatividade fora da Lei. Só há três licenças possíveis para empreendimentos potencialmente poluidores do meio ambiente conhecidas como LP, LI e LO, respectivamente, Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. Qualquer outra adotada é “ledo engano”. Só não disseram para eles ?
Lamento afirmar que o que estamos deixando registrado na memória das pessoas íntegras e da juventude, é um deplorável livro que está sendo escrito pelos déspotas contemporâneos, intitulado “ História da Desumanidade .”
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM ; Perita Ambiental da Promotoria da Comarca de Santa Luzia / Minas Gerais.
Fonte: EcoDebate/Rema Atlântico, 20/08/2009
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