Artigo Apolo Heringer Lisboa
O Manuelzão Nardi me dizia que não viu nada pior que o eucalipto para o sertão. Não se referia a uma árvore, a dezenas em uma propriedade familiar, ou à recuperação de uma área degradada. Falava da destruição das veredas; dos riachinhos secando, da guerra das máquinas tratorando o cerrado com grossas correntes de uma blitzkrieg , devastando a natureza em grandes proporções, afugentando animais e enchendo tudo só de eucalipto.
Vou discutir aqui as grandes plantações de eucalipto. A monocultura extensiva. Algumas atravessando de um estado da federação para outro. Precisamos discutir a monocultura extensiva do eucalipto e suas conseqüências ambientais e sociais. Para esta cultura acontecer a região é despovoada e desmatada. Acaba-se com toda a flora e fauna.
O argumento das empresas é que evitam o uso do carvão de matas naturais; que exportam celulose gerando divisas; que levam recursos para estas regiões. Ou seja, desmatam tudo antes, toda a mata natural que afirmam defender! Poluem as águas com os resíduos químicos de formicidas, herbicidas, etc, ou seja os agrotóxicos.
Durante a ditadura militar os bancos oficiais abriram seus cofres a estas empresas e no norte de Minas foi um período de destruição da biodiversidade natural, de desagregação social e degradação do solo. Claro que este processo seca os rios, pois o desmatamento desprotege o solo, que fica como cerâmica esturricada. As chuvas torrenciais desta região assoreiam os córregos e rios. Em vez de cheias e vazantes passamos a ter enchentes e secas.
O Manuelzão Nardi me dizia que não viu nada pior que o eucalipto para o sertão. Não se referia a uma árvore, a dezenas em uma propriedade familiar, ou à recuperação de uma área degradada. Falava da destruição das veredas; dos riachinhos secando, da guerra das máquinas tratorando o cerrado com grossas correntes de uma blitzkrieg , devastando a natureza em grandes proporções, afugentando animais e enchendo tudo só de eucaliptos.
Caso se fizessem plantações em propriedades familiares exigindo que só se plantasse em área degrada de pastos velhos ou erodidas, que já são vastíssimas, poderia combinar aumento da renda familiar e recuperação de solo, sem os efeitos nocivos e de monta apontados anteriormente. Mas este modelo as grandes empresas não gostam, se sentem dependentes de gente, querem liberdade total, rapidez e escala. Interessante que conseguem créditos de bancos oficiais. Por que não se criam comissões econômicas das empresas com as comunidades para fazerem negócios transparentes com assessoria jurídica e técnica?
Mesmo algumas plantações maiores poderiam ser compatibilizadas, desde que combinando com outras plantações, permitindo a convivência com animais e plantas num manejo inteligente, conservando biodiversidade e a presença do homem do campo, ao derredor e interagindo, sem aquele aspecto de fim de mundo, de nazismo ecológico, de invasão estrangeira dos mercados internacionais. O problema não é a planta é quem planta e como planta. Uma das regras seria respeitar os ecossistemas, deixando grandes extensões intocáveis e os imprescindíveis corredores ecológicos de grandes dimensões.
O corredor universal são os córregos e rios, que deveriam ficar plenamente protegidos em extensão significativa das margens; são as montanhas e vales. Se houver diálogo tudo por ser discutido e acertado. Mas esta não é a tradição do estado brasileiro. Falar em fiscalização em grandes empresas, em licenciamento responsável ambientalmente, em responsabilidade social, em desenvolvimento sustentável nem precisa eu dizer nada.
Nós não temos gestão ambiental integrada com metas de qualidade e controle dos efeitos por território de bacia; nem rios enquadrados no máximo tolerável da Classe II Conama, que permitiria pescar e nadar; nem interesse, compreensão e compromisso com estas teses. Temos algumas pessoas na sociedade, nos governos e empresa que sonham com formas sustentáveis de manejo, mas o sistema político e empresarial não pensa, não pensa assim, têm muita pressa. Meio ambiente ainda não se tornou uma prioridade para todos.
Apolo Heringer Lisboa, julho de 2009
por João Suassuna REMA ATLÂNTICO — 19/08/2009
Veja, o novo Curso de Extensão que a faculdade de Comunicação da UERJ está oferecendo , não fique de fora.
ResponderExcluirCurso de Extensão Rompendo com a Monocultura do Consumo
Período de Inscrição: 12/05/2010 a 03/06/2010
Objetivos:
Partindo do pensamento de Boaventura de Sousa Santos (e outros autores), procuramos propor uma reflexão crítica sobre a sociedade de consumo e seus desdobramentos na vida cotidiana, debatendo o efeito que a mesma produz na construção das identidades contemporâneas. Também é objetivo nosso discutir as possibilidades concretas do consumo como ato político e dos limites do chamado “consumo consciente”. Por fim, buscamos construir as bases teóricas para uma prática de consumo solidário/emancipatório a partir dos conceitos de “sociologia das emergências” e “economia solidária”
Metodologia: aulas expositivas
Conteúdo Programático :
- O sentido social do consumo e seus desdobramentos na vida cotidiana
- Do corpo à mercantilização da vida: uma reflexão sobre o discurso da mídia e das campanhas publicitárias
- O consumo pode ser consciente? - mitos e possibilidades
- A verdadeira experiência política dentro do consumo: rompendo com a monocultura
- A experiência da Economia Solidária
Valores
À vista: R$ 500,00
Descontos (à vista ou na parcela): 30% para profissionais cadastrados no CONRERP (apresentar carteira do Conselho); 20% para ex-alunos da FCS/UERJ (apresentar comprovante).
DESCONTOS ESPECIAIS:
20% (vinte por cento) para alunos e ex-alunos dos cursos de Especialização em Pesquisa de Mercado e Opinião Pública e em Jornalismo Cultural, da UERJ.
20% (vinte por cento) para associados da ABRH.
30% (trinta por cento) para grupos de 05 a 10 pessoas.
50% (cinquenta por cento) para grupos acima de 10 pessoas.
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