Restos de trens são encontrados dentro de córrego limpo de APA, em São Paulo
A APA Capivari-Monos é a primeira Área de Proteção Ambiental criada no município de São Paulo, e está localizada na sub-prefeitura de Parelheiros e Marsilac. Com 25 mil ha, ou seja, 1/6 da área do município, foi criada em 2001, e está dentro da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo, bem como das áreas de proteção de mananciais das bacias hidrográficas Guarapiranga, Billings e Capivari-Monos.
A APA Capivari-Monos é a primeira Área de Proteção Ambiental criada no município de São Paulo, e está localizada na sub-prefeitura de Parelheiros e Marsilac. Com 25 mil ha, ou seja, 1/6 da área do município, foi criada em 2001, e está dentro da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo, bem como das áreas de proteção de mananciais das bacias hidrográficas Guarapiranga, Billings e Capivari-Monos.
Durante a viagem do nosso flutuador pelo Tietê, havia carcaças de carro jogadas dentro do rio. Agora nós encontramos dentro de um córrego limpo restos de trem.
No extremo sul da capital, carcaças de vagões foram jogadas em um rio chamado Córrego das Dúvidas, junto da estrada velha de Parelheiros, no distrito de Engenheiro Marsilac. Por ali, passa uma linha de trem de carga que liga a cidade de Mairinque ao porto de Santos.
O local fica dentro de uma área de preservação ambiental chamada Capivari-Monos, um lugar lindo, cheio de mata nativa, que faz parte do município de São Paulo. A gente recebeu a denúncia de um morador. No meio da natureza, os restos amontoados parecem um ferro-velho.
Cortado pela ferrovia que leva ao porto de Santos e cercado de Mata Atlântica e áreas de proteção ambiental, o distrito de Marsilac, a 50 quilômetros do centro, esconde belezas como riachos e cachoeiras.
O rio também guarda um mistério. Como dois vagões de trem e um carro foram parar no rio Capivari-Monos, um dos mais importantes da região?
Os dois são da ALL, empresa que opera a ferrovia. O carro está parcialmente queimado. O local está bastante escorregadio porque choveu nos últimos dias. Dá pra ver que são dois vagões. Tem um mais em cima, e aquele que está parte submerso aí pela água do rio.
Descendo, chegando um pouco mais perto da margem do rio, a situação é ainda mais grave. O vagão ele ainda está encravado, atolado no fundo do rio. É um rio limpo, de corredeira que desce e acaba encontrando esse obstáculo. Há um monte de ferro retorcido e aço, que acaba poluindo o rio.
Seu Manuel, que passa todo dia pela estrada, diz que houve um descarrilamento neste trecho da ferrovia. No local indicado por ele, ainda há pedaços de trilhos e rodas de vagões.
“Esse aqui eu não sei se eles tiraram e jogaram aí pra baixo, e carro sempre tem por aqui queimado", diz ele.
O repórter conta pra ele que há vagões no rio e ele se surpreende e vai conferir. “Você passa aqui e não vê se tem ou se não tem”, diz ele.
Ele não entende bem o que houve, mas suspeita que ao vagões sejam os mesmos que descarrilaram. “Era essa carcaça mesmo e esse carro estava aqui. Vai acabar contaminando a água”, diz seu Manuel.
O córrego das Dúvidas abastece a região metropolitana. Ele deságua no rio Capivari e segue para a represa Guarapiranga.
Esta não é a primeira vez que o SPTV flagra o descaso com o meio ambiente da empresa responsável por esses trens.
Há quase dois anos, nossa reportagem mostrou vagões tombados e até uma carga de enxofre abandonada perto de uma área residencial, na cidade de Embu-Guaçu.
Em janeiro de 2008, moradores denunciaram e o SPTV foi apurar. Peças de trens, pedaços de dormentes e vagões inteiros estavam abandonados no trecho de Embu-Guaçu da estrada de ferro Mairinque-Santos.
Os vagões tombaram depois de um descarrilamento e a carga de enxofre, um produto tóxico, ficou jogada por dois meses, bem perto das casas.
Só depois das nossas reportagens a situação se resolveu, mas o SPTV comprovou que o problema não estava só ali, não. Ao longo da ferrovia, encontramos outros vagões abandonados e restos de carga que caíam dos trens.
Nosso repórter Renato Biazzi conversou com a diretora da secretaria municipal do meio ambiente. Ela disse que a empresa dona dos vagões já foi multada várias vezes. “A primeira multa foi por acontecer este tipo de gravidade em APA, eles tiveram uma multa por isso, de 50 mil reais. Eles tiveram uma multa por degradação de vegetação significativa e por lançamento de resíduos e com certeza esta será a mais grave porque os vagões estão dentro de água com ação direta no corpo da água. Provavelmente esta multa pode atingir até 50 milhões de reais, que é o valor máximo que a gente tem pela lei de crimes ambientais”, diz Odete Borges, diretora da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
“Já foram feitas quatro ou cinco reuniões com a administração do parque e da APA na tentativa de fazer um ajustamento de conduta consensuado com a América Latina Logística. Isso não evoluiu. Em função da repetição destes danos nós vamos solicitar junto ao Ministério Público que abra uma ação civil para que isso evolua para uma atitude mais correta do ponto de vista ambiental desta empresa”, afirma Wagner Neto, diretor-executivo da Fundação Florestal do Estado de São Paulo.
Os representantes da América Latina Logística, a empresa responsável por esses vagões, foram convidados para dar uma entrevista no SPTV.
A sede da ALL fica no Paraná. Por telefone, fomos informados que esse trecho da capital é de responsabilidade da unidade de Sorocaba e que o técnico que cuida dessa área está viajando.
A América Latina Logística nos enviou apenas uma nota oficial. Na nota, a empresa admite que os vagões já estão lá há sete meses.
A empresa diz que os vagões caíram no rio depois de um descarrilamento em março e que por uma falha na operação não foram retirados ainda. Segundo a empresa, os vagões serão retirados nesta terça-feira, dia 06 de outubro.
A América Latina Logística alega que os impactos ambientais do acidente não são significativos, uma vez que os vagões estavam vazios e não houve derramamento de carga. A empresa disse ainda que, agora, vai abrir uma sindicância interna
Veja o Vídeo do SPTV 1ª EDIÇÃO - GLOBO.COM
No extremo sul da capital, carcaças de vagões foram jogadas em um rio chamado Córrego das Dúvidas, junto da estrada velha de Parelheiros, no distrito de Engenheiro Marsilac. Por ali, passa uma linha de trem de carga que liga a cidade de Mairinque ao porto de Santos.
O local fica dentro de uma área de preservação ambiental chamada Capivari-Monos, um lugar lindo, cheio de mata nativa, que faz parte do município de São Paulo. A gente recebeu a denúncia de um morador. No meio da natureza, os restos amontoados parecem um ferro-velho.
Cortado pela ferrovia que leva ao porto de Santos e cercado de Mata Atlântica e áreas de proteção ambiental, o distrito de Marsilac, a 50 quilômetros do centro, esconde belezas como riachos e cachoeiras.
O rio também guarda um mistério. Como dois vagões de trem e um carro foram parar no rio Capivari-Monos, um dos mais importantes da região?
Os dois são da ALL, empresa que opera a ferrovia. O carro está parcialmente queimado. O local está bastante escorregadio porque choveu nos últimos dias. Dá pra ver que são dois vagões. Tem um mais em cima, e aquele que está parte submerso aí pela água do rio.
Descendo, chegando um pouco mais perto da margem do rio, a situação é ainda mais grave. O vagão ele ainda está encravado, atolado no fundo do rio. É um rio limpo, de corredeira que desce e acaba encontrando esse obstáculo. Há um monte de ferro retorcido e aço, que acaba poluindo o rio.
Seu Manuel, que passa todo dia pela estrada, diz que houve um descarrilamento neste trecho da ferrovia. No local indicado por ele, ainda há pedaços de trilhos e rodas de vagões.
“Esse aqui eu não sei se eles tiraram e jogaram aí pra baixo, e carro sempre tem por aqui queimado", diz ele.
O repórter conta pra ele que há vagões no rio e ele se surpreende e vai conferir. “Você passa aqui e não vê se tem ou se não tem”, diz ele.
Ele não entende bem o que houve, mas suspeita que ao vagões sejam os mesmos que descarrilaram. “Era essa carcaça mesmo e esse carro estava aqui. Vai acabar contaminando a água”, diz seu Manuel.
O córrego das Dúvidas abastece a região metropolitana. Ele deságua no rio Capivari e segue para a represa Guarapiranga.
Esta não é a primeira vez que o SPTV flagra o descaso com o meio ambiente da empresa responsável por esses trens.
Há quase dois anos, nossa reportagem mostrou vagões tombados e até uma carga de enxofre abandonada perto de uma área residencial, na cidade de Embu-Guaçu.
Em janeiro de 2008, moradores denunciaram e o SPTV foi apurar. Peças de trens, pedaços de dormentes e vagões inteiros estavam abandonados no trecho de Embu-Guaçu da estrada de ferro Mairinque-Santos.
Os vagões tombaram depois de um descarrilamento e a carga de enxofre, um produto tóxico, ficou jogada por dois meses, bem perto das casas.
Só depois das nossas reportagens a situação se resolveu, mas o SPTV comprovou que o problema não estava só ali, não. Ao longo da ferrovia, encontramos outros vagões abandonados e restos de carga que caíam dos trens.
Nosso repórter Renato Biazzi conversou com a diretora da secretaria municipal do meio ambiente. Ela disse que a empresa dona dos vagões já foi multada várias vezes. “A primeira multa foi por acontecer este tipo de gravidade em APA, eles tiveram uma multa por isso, de 50 mil reais. Eles tiveram uma multa por degradação de vegetação significativa e por lançamento de resíduos e com certeza esta será a mais grave porque os vagões estão dentro de água com ação direta no corpo da água. Provavelmente esta multa pode atingir até 50 milhões de reais, que é o valor máximo que a gente tem pela lei de crimes ambientais”, diz Odete Borges, diretora da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
“Já foram feitas quatro ou cinco reuniões com a administração do parque e da APA na tentativa de fazer um ajustamento de conduta consensuado com a América Latina Logística. Isso não evoluiu. Em função da repetição destes danos nós vamos solicitar junto ao Ministério Público que abra uma ação civil para que isso evolua para uma atitude mais correta do ponto de vista ambiental desta empresa”, afirma Wagner Neto, diretor-executivo da Fundação Florestal do Estado de São Paulo.
Os representantes da América Latina Logística, a empresa responsável por esses vagões, foram convidados para dar uma entrevista no SPTV.
A sede da ALL fica no Paraná. Por telefone, fomos informados que esse trecho da capital é de responsabilidade da unidade de Sorocaba e que o técnico que cuida dessa área está viajando.
A América Latina Logística nos enviou apenas uma nota oficial. Na nota, a empresa admite que os vagões já estão lá há sete meses.
A empresa diz que os vagões caíram no rio depois de um descarrilamento em março e que por uma falha na operação não foram retirados ainda. Segundo a empresa, os vagões serão retirados nesta terça-feira, dia 06 de outubro.
A América Latina Logística alega que os impactos ambientais do acidente não são significativos, uma vez que os vagões estavam vazios e não houve derramamento de carga. A empresa disse ainda que, agora, vai abrir uma sindicância interna
Veja o Vídeo do SPTV 1ª EDIÇÃO - GLOBO.COM
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A APA CAPIVARI-MONOS (SP) onde foram encontrados carcaças de trem em rio limpo
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