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6 de dezembro de 2010

CHUVAS PROVOCAM NOVAS ENCHENTES E AMEAÇAM DESLIZAMENTOS NO RIO DE JANEIRO



Chapéu Mangueira teme as chuvas e reclama do lixo e do saneamento - Valor Econômico / Online

3/12/2010
Arlete Santos: "Quando chove forte, em poucos minutos isso aqui vira uma cachoeira que vem na porta da minha casa"

Arlete Ludovice Santos, professora desempregada, mora com o marido e três dos quatro filhos em uma casa de tijolos expostos, bem no estilo das favelas cariocas, na esquina de duas vielas de pouco mais de um metro de largura, na parte alta da favela do Chapéu Mangueira, uma das duas comunidades localizadas lado a lado nas encostas do morro do Leme (a outra é a Babilônia).
Com aproximadamente 10 mil habitantes, as duas comunidades foram beneficiadas pelo programa de criação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em junho do ano passado e ainda buscam avançar além da libertação do domínio do tráfico de drogas.
Quase em frente à porta da casa de Arlete, a canaleta acanhada que drena a água das chuvas faz uma curva brusca, em ângulo de 90 graus, passando por baixo da sua casa morro abaixo. Como é aberta na maior parte, é cheia de detritos e lixo que descem do morro ou são jogados por moradores.
"Quando chove forte, em poucos minutos a canaleta entope e isso aqui vira uma cachoeira que vem na porta da minha casa", disse durante a entrevista, enquanto o esgoto das casas vizinhas, com seu cheiro característico, descia sobre o calçamento e caía na canaleta a pouco mais de um metro do local.
O acúmulo de lixo, o saneamento básico e o perigo das águas das chuvas são três dos grandes problemas que enfrentam no dia a dia os moradores do Chapéu Mangueira, onde já morou a deputada eleita Benedita da Silva (PT). E a Prefeitura do Rio ainda está atacando os problemas timidamente. "O Morar Carioca vai resolver quase tudo isso", diz, otimista, Valdinei Medina, o Dinei, presidente da Associação Amigos do Chapéu Mangueira. O Morar Carioca é a versão do prefeito Eduardo Paes (PMDB) do antigo programa Favela Bairro, do ex-prefeito Cesar Maia.
Otimista com a pacificação, Medina só reclama da deficiência da coleta de lixo, fato que fica evidente para quem chega às vielas da favela. Ele e todos os moradores ouvidos reclamaram da extinção da figura do Gari Comunitário, um programa pelo qual pessoas das favelas eram contratadas por intermédio da associação de moradores e pagas pela Comlurb, a empresa de limpeza urbana do município.
Uma ação judicial do Ministério Público do Estado culminou com um acordo para a extinção gradual do programa. Segundo o secretário de Conservação do município do Rio de Janeiro, Carlos Roberto Osório, o entendimento do MP, acatado pela Justiça, foi que o Gari Comunitário era uma burla à legislação, que determina a realização de concurso público para a contratação de pessoal pelo município.
Medina é um defensor ardoroso das UPPs. "Quem mora na comunidade e diz que não foi bom está sendo hipócrita", afirma, destacando que, além dos benefícios aguardados do Morar Carioca, outros já estão presentes, como a possibilidade de levar turistas ao morro e fazer eventos turísticos, como aulas de samba e feijoadas nos fins de semana, sem preocupação com a segurança.
Arlete, por sua vez, tem pressa. Ela reclama que o atendimento médico é precário, que só existem duas creches (uma da Igreja Batista e outra pública), fala do lixo, das enchentes, do esgoto. "O povo está esperando que as obras novas entrem dentro da comunidade", diz, reconhecendo que a ausência de tiroteios constantes é um avanço importante na qualidade de vida.
O mesmo diz a empregada doméstica Nanci Amâncio, 44, casada, mãe de uma filha de dez anos. Ela acompanha o trabalho de um amigo para empurrar sua velha geladeira pelas vielas abaixo. Ela será trocada por uma nova, por conta de um programa da Light, a prestadora de serviço de eletricidade na capital fluminense. A troca vem dentro do pacote que regulariza o fornecimento de energia e permite às pessoas economizarem na conta de luz. "Eu tinha um leão no meu relógio", brinca.
Nanci critica os vizinhos pelo descaso com o lixo, mas acha que sem um esquema semelhante ao Gari Comunitário será difícil resolver o problema da coleta. Sobre a UPP, é categórica: "Minha filha de dez anos agora pode andar sozinha o trecho de onde é deixada até em casa, na volta da escola", diz.
Caminhando morro acima, de vez em quando cruzando com alguns rapazes que andam "fazendo besteira", segundo uma moradora, chega-se ao local onde mora o casal Cristina Mores da Silva, 27, e Jackson Gomes, 25. Eles trabalham em uma barraca de venda de bebidas na praia do Leme, e moram "de favor", com duas filhas de quatro e dois anos, em uma casinha de quarto, sala, banheiro e cozinha, bem no alto da favela.
A casinha nada bucólica, acessível por uma improvisada e feia ponte de tábuas entrelaçadas, fica sob várias grandes árvores, penduradas na beira do paredão de pedra no limite superior da comunidade. Eles dizem que têm medo quando chove forte e com vento, mas que não têm alternativa. A esperança de mudar é a promessa do patrão de que vai demolir a casa para construir em outro local. (CS) - FONTE: TRATA BRASIL

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