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11 de dezembro de 2009

SOLUÇÃO PARA AS ENCHENTES EXIGEM MEDIDAS PERMANENTES, SÉRIAS E URGENTES

Marginal do Rio Tietê, em São Paulo, voltou a alagar em 2009

As causas da enchente

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves*

As enchentes registradas por todo o país e especialmente o "dilúvio" de São Paulo, na terça-feira, demonstram que o nosso país carece de medidas permanentes, sérias e urgentes para garantir o convívio equilibrado da estrutura urbana e da população com um novo regime de águas que vem se estabelecendo no continente.

A repetição sistemática de danos em Santa Catarina e em outras regiões que se tornaram de alto risco clama por providências de maior profundidade e eficácia. E as enchentes de São Paulo demonstram, acima de tudo, que todas as obras de rebaixamento, alargamento e desobstrução executadas nos canais dos rios Tietê e Pinheiros, são insuficientes para o regime de utilização hoje estabelecido no vale paulistano.

Nos Estados Unidos, cujos rios servem de parâmetro para as obras do Tietê principalmente, os operadores do sistema hídrico costumam garantir que os antigos pontos de alagamento "estão livres de enchentes pelos próximos 10, 20, 30 ou mais anos". E explicam: para o presente a "garantia" é para aquele número de anos citados mas o certo é que a enchente nunca ocorrerá porque obras futuras na calha do rio dilatarão o "prazo de validade" antes que ele se esgote.

Paralelamente à tragédia estabelecida pelos deslizamentos, congestionamento de trânsito e impossibilidade da população seguir seu destino, a enchente sempre mostra a face da nefasta negligência dos poderes públicos, empresas e também do próprio cidadão. A cheia é somatória dos maus tratos sofridos pelo vale fora dos períodos chuvosos. Lixo, papel e entulhos deixados nas ruas são arrastados para dentro das galerias pluviais que, na hora da chuva, estão entupidas e em conseqüência não cumprem sua função.

Obras mal conduzidas contribuem para o entupimento das redes e o assoreamento dos rios.

A população - e até empresas - descartam pneus velhos, sofás, garrafas pet e até carcaças de veículos dentro do rio. Tudo isso sem falar do esgoto sem tratamento, outro coadjuvante do quadro caótico. Além da rede oficial, ainda existem as clandestinas vindas das ocupações irregulares sobre áreas de córregos e até de mananciais.

O Brasil possui centros técnicos de alta competência - tanto que empresas nacionais constroem em todas as partes do mundo -, mas tudo isso tem se perdido frente à falta de investimento e de critério na administração das cidades e da vida do próprio cidadão. Pouco adianta escavar ainda mais o leito do Tietê se São Paulo continuar permitindo os maus hábitos desenvolvidos por centenas de anos.

Há que se estabelecer procedimentos eficazes para a destinação final do lixo, controlar com mão de ferro o papelório distribuído nas ruas, agir implacavelmente pela obediência dos padrões de construção e deixar claro à população que qualquer transgressão pode gerar multa e até prisão. As mortes decorrentes das enchentes nada mais são do que dolosos assassinatos cometidos lentamente por todos os que ensejam os alagamentos. Isso vale para São Paulo e para todos os centros urbanos do Brasil e do mundo.

Espera-se que depois de contar os mortos e os prejuízos, as autoridades e a sociedade, através de seus meios, tomem medidas efetivas para evitar a repetição dos problemas. Há que se trabalhar, exigir e fiscalizar na época seca para evitar a tragédia das águas. E não adianta classificar a causa como "fortuita". Assim pode ser na primeira vez, mas na segunda, não. O nome é desleixo, imprudência, imprevidência ou qualquer outro do gênero...

Fonte: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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