Reunião na quarta-feria irá traçar próximas etapas do processo de recuperação das nascentes
As nascentes do Rio Paraguai, no Mato Grosso, ganharam um reforço a mais para proteção dos recursos naturais: cerca de 50 assentados da região foram capacitados pelo ICV – Instituto Centro de Vida e agora são multiplicadores de técnicas de manejo sustentável.
Na quarta-feira, 29 de abril, às 9 horas, será realizada, na Secretaria de Agricultura, em Diamantino, MT, um encontro que reunirá esses multiplicadores para discutir as próximas estratégias e ações.
O objetivo da reunião é dar continuidade ao processo iniciado com o curso de Formação de Multiplicadores em Manejo Sustentável para assentados das Nascentes do Rio Paraguai, financiado pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente. Durante ma is de um ano os participantes se familiarizaram com práticas de agroecologia, técnicas de comunicação, cooperativismo, gestão ambiental das propriedades, sistemas agroflorestais, dentre outros temas.
“Esse projeto deu continuidade a ações desenvolvidas pelo ICV na região entre 2001 e 2003, quando trabalhamos divulgando os sistemas agroflorestais. Era demanda dos próprios agricultores ter uma formação mais aprofundada em técnicas de manejo sustentável do Cerrado e ficamos felizes de ter podido atender a essa demanda. Os resultados observados no grupo são animadores e mostram que vale a pena investir em educação para a sustentabilidade das populações rurais”, comemora Gisele Neuls, coordenadora do projeto e do Programa de Comunicação e Educação do ICV.
Os conhecimentos adquiridos estão sendo colocados em prática nas atividades do dia-a-dia do assentamento, como demonstrou Rusiveth Martins, do assentamento Caetés de Dia mantino. Ela está plantando mudas de cumbaru, castanha típica do Cerrado. “Eu achei que fosse difícil germinar, peguei uma sacola de sementes, levei pra casa meio descrente e você tem que ver como cresceu”. A agricultora espera aumentar sua renda com a venda das sementes torradas da castanha. Adelson de Oliveira também tem desenvolvido práticas sustentáveis enfatizadas durante o curso. “Nós temos distribuído a receita da calda bordalesa para várias pessoas!”, afirma o assentado do município de Alto Paraguai sobre o defensivo natural que aprendeu nas aulas de agroecologia.
As iniciativas extrapolam as atividades práticas da rotina dos parceleiros e chegam ao nível de mobilização do grupo. Em Nortelândia, no Assentamento Barreirão, os produtores estão montando uma cooperativa mista. “Com isso nós vamos melhorar a cadeia produtiva da pupunha, do maracujá e da seringa. Mas o nosso forte mesmo é a pecuária leiteira ”, salienta Veraci Ramos com tom empre endedor que causaria inveja em executivos diplomados.
No assentamento São Francisco, em Nortelândia, a produção de leite está dividindo espaço com outras atividades. “Lá a situação melhorou muito depois do curso. Quando as famílias foram assentadas, a fazenda era bem desmatada. Hoje, o pessoal está vivendo bem lá, e sem desmatar! Porque além da bacia leiteira tem a cultura da mandioca, do abacaxi que ajuda na renda das famílias”, atestou Edeval Perovano Silva, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Nortelândia.
Quando o assunto é desmatamento, as famílias do assentamento Peraputanga, em Diamantino, se orgulham para apresentar os dados do local. “Peraputanga têm mil hectares, só 8% da área foi aberta porque nós atuamos com apicultura, piscicultura e o potencial do lugar é muito rico, tem mangaba, buriti, uma variedade de frutos muito boa”, anima-se Luiz Carlos de Macedo, um ativo participante das aulas. “Depois do curso as pessoas estão mais conscientes, a gente sabe que se só derrubar a mata e plantar roça, nós não teremos um lugar bonito como esse no futuro. Agora eu sei que eu tenho que preservar para viver bem com minha família”, complementa Macedo.
Nova etapa - Na reunião de quarta-feira, 29 de abril, os participantes irão traçar uma agenda de trabalho para um novo projeto: Protegendo as Nascentes do Rio Paraguai, que será desenvolvido nos próximos meses como mais uma etapa do processo de recuperação das nascentes da região. O projeto irá realizar análise do nível de degradação e fragmentação da paisagem e capacitar os assentados para recuperar as Áreas de Proteção Permanente que estiverem na suas parcelas. Os recursos são da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês).
* Nota da Redação Estacaovida.org.br
[EcoDebate, 29/04/2009]
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