DO BLOG AMBIENTE BRASIL:
Guerra pela água - Um mito?
Neste mesmo mês a ONU alertou que as mudanças climáticas podem promover conflitos pela escassez da água. Em seu ultimo boletim, sobre água e desenvolvimento no mundo, Ban Ki-moon secretário geral da ONU aponta o risco da escassez da água “transformando competições pacíficas em violência”. Foram a partir de milhares de afirmações como esta e estudos que nasceu a noção popular da ‘Guerra pela Água’.
Porém, de acordo com um estudo publicado pela Revista Nature e um recente levantamento feito pelo Instituto Internacional de Estocolmo sobre Água (IIEA), países não fazem guerras para disputar água, e sim resolvem suas limitações de água através de negócios e acordos internacionais. Olhando através da história existem mais exemplos de cooperação do que conflitos em torno de grandes mananciais.
Durante todo o século 20, trezentos acordos internacionais foram assinados para garantir uma gestão transfronteiriça de recursos hídricos. Neste mesmo período, apenas sete pequenos incidentes entre países foram contabilizados como resultados diretos da escassez de água.
A própria ONU lançou o tema “Águas compartilhadas, oportunidades compartilhadas” para o Dia Internacional da Água (22 de março) deste ano. Dados da organização mostram que existem no mundo 263 bacias e 274 aqüíferos “internacionais”. Isso faz com que 75% de todas as nações do mundo dividam com seus vizinhos seus estoques de água.
Wendy Barnaby, da Associação Britânica de Ciência, conta na revista Nature que ao tentar escrever um livro sobre as “guerras pela água” suas expectativas foram totalmente frustradas. Lançando mão de uma pesquisa ainda mais detalhada, publicada em 2003 no American Journal of Water Resources, Barnaby lembra que entre 1948 a 1999, de um total de 1.831 questões sobre bacias internacionais, 68% tiveram como resultado acordos pacíficos e apenas 28% causaram rusgas diplomáticas. Os 5% restantes tiveram resultados neutros.
Até mesmo o conflito entre Israel e Palestina, que muitas vezes é considerado exemplo de disputa por recursos hídricos, tem como um pano de fundo questões políticas e religiosas.
Barnaby diz que por mais que o gerenciamento da água tenha que se adaptar as mudanças climáticas, ainda assim irão persistir os acordos internacionais e o desenvolvimento econômico que facilitam os problemas de escassez.
Será a tão falada e temida guerra pela água realmente um mito? Até que grau de escassez de água, os governos estarão dispostos a fazer pacíficos acordos e negociações internacionais ?
8 comentários to Guerra pela água - Um mito?
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASILÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
Se não cuidarmos da água acredito que isso venha acontecer afinal sem água o ser humano não existe…
Estamos desenvolvendo nosso doutorado pelo programa de Pós Graduação em Meteorologia Agrícola da UFV, com foco na criação de sistemas de alerta para seca, em especial no Estado do Espírito Santo.
Nosso ES é conhecido e reconhecido por sua diversidade cultural, por suas praias e pela linda região das montanhas, mas o que não é do conhecimento geral é que este Estado que sofre com um grande déficit hídrico (60% do Estado) – ou seja: falta água para o desenvolvimento humano e econômico!
Considerando-se que grande parte de seus solos são susceptíveis a erosão e a degradação e que muitos municípios apresentam baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) temos um quadro favorável, para que aproximadamente 45% deste Estado possa se transformar em um deserto.
Dentro deste contexto torna-se imperativo o desenho de ações do governo, das empresas e da sociedade de forma geral para prevenir que esta situação venha a se instalar.
Um “Sistema de Alerta Contra a Seca” deve, alem de alertar contra este evento climático extremos, contemplar as ações que se façam necessárias para o Combate à Desertificação no Espírito Santo.
Saudações,
Walter
walter.junior@ufv.br
Eu acho que é facil dizer que náo irá acontecer uma guerra, se baseando em fatos históricos, quando a falta de água que está por vir será inédita.
Acho que com certeza haverá uma água se nós realmente chegarmos a esta escassez em que todos falam, não será por falta de acordos entre países e etc, será apenas a luta pela sobrevivência.
Eu acho que o Brasil é oque mais vai sofrer com isso!
Aqui esta a maior parte de água doce do mundo, Estados unidos já tentou fazer varios acordos com o Brasil, tentando negociar a divida externa.
Não dúvido que daqui uns anos vão provocar guerras sobre o famoso ouro branco.
O Brasil corre sérios riscos.
Não só pelo alerta da ONU esse mês. Já há tempos se discute como a água pode virar motivo para guerra. Meu trabalho de conclusão de curso, feito em 2005, já tratava disso. O registro mais antigo que encontrei sobre conflito em torno do uso da água data da época dos Sumérios, na Mesopotâmia. E desde lá, pelos dados que eu juntei, as ocorrências desse tipo de conflito só aumento. (infelizmente não tenho os dados aqui pra tornar meu comentário mais preciso). Só que não aparecem na “grande mídia” como os do Oriente Médio, intervenções americanas, Palestina, ataque terrorista, de que a gente ouve falar quase todo dia. E aí as pessoas em geral não ficam sabendo. Aliás, os “alertas” infelizmente só ficam bem conhecidos quando a coisa alertada acontece, como apagão aéreo, desastres naturais, destruição do planeta… E o Brasil… bom… aproveitando o comentário acima, a maior reserva subterrânea de água doce do mundo (até onde eu sei), o Aqüífero Guarani, está bem debaixo dos nossos pés.
Água há de sobra
Tecnologia para tratá-la também
A questão é apenas de energia, a qual também sobra. É só partir para as soluções já dominadas em termos de enrgia solar.
O problema não é o aquecimento global. É a ganância pelo poder e controle e o modelo econômico mundial que induz a isso.
A guerra pela água é uma realidade. O aquífero Guarani já foi objeto de levantamento detalhado pelos Europeus, fazem cerca de 10 anos. Vieram com seus equipamentos e percorreram todas as nascentes do Rio Uruguai, mapeando tudo. E depois disso, o MMA, dizem que a mando e sob o comando de ONgs internacionais, começou a criar APAs e Parques Nacionais no Paraná e Santa Catarina, de modo especial em todas as nascentes e tributários do Uruguai. Parques de papel, é claro, pois foram feitos de forma totalmente irregular, conforme o Tribunal de Contas da Uniao. Mas, então, a guerra do colarinho branco, de quarta geração, já começou, sim, e já atingiu o Brasil, no Sul. No norte, entao, nem se fala. Dizem que já estão roubando água nas nascentes do Amazonas. Como água custa até us$8 por litro na Europa, é um grande negócio.
A guerra pela água é sim uma realidade, mas o que nos preocupa mais é uma guerra diferente: “A GUERRA PELA PRESERVAÇÃO DA ÁGUA”.
Lamentavelmente estamos perdendo e perdendo feio essa guerra.
Há exatamente um ano a CNBB e a ONG DEFENSORIA DA ÁGUA concluia e publicava uma séria pesquisa realizada de 2004 a 2008, com 423 pesquisadores, 830 monitores de campo e 1.500 voluntários que identificou 20.760 áreas de contaminação nos cursos d’água do Brasil, constatando que a poluição havia tornado 70% das águas de rios e lagos do Brasil impróprias para o consumo.
Durante todo o ano de 2008 e até hoje, abril de 2009 estamos acompanhando diariamente as principais fontes de informação sobre recursos hídricos no Brasil, inclusive os Boletins diários do AMBIENTE BRASIL, um dos principais informativos ambientais brasileiros e constatamos que, lamentavelmente a situação só tende a piorar.
É correto nos preocuparmos com as disputas dos governos do mundo sobre o uso da água, se estarão dispostos a fazer pacíficos acordos e negociações internacionais, mas reputo de maior importância que a “provável guerra pela água” é nos empenharmos cada vez mais na “GUERRA PELA PRESERVAÇÃO DA ÁGUA”.
Conheçam o nosso trabalho no Instituto SOS Rios do Brasil, através do Blog SOS Rios Br, destinado a todos aqueles que estão preocupados com a qualidade das águas dos rios do Brasil.
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!