A partir de um levantamento encomendado pelo Governo do Estado de São Paulo, passou-se a cogitar a transposição parcial das águas do rio Paraíba do Sul como alternativa para subsidiar o abastecimento de 180 municípios que compõem a "macrometrópole" de São Paulo, Campinas e Baixada Santista. O sistema de abastecimento da Grande São Paulo ganharia um incremento de 5.000 litros por segundo, sendo que a captação se daria no município de Jacareí, a partir da represa do Jaguari, integrante do sistema Cantareira.
Tal alternativa exige avaliação e estudos aprofundados, mensurando quais os efetivos impactos e compensações socioeconômicas e ambientais que geraria aos municípios que compõem a Bacia do Paraíba do Sul. São 180 municípios entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Além de ser a principal fonte de abastecimento de água (para a população, para a irrigação agrícola e para a indústria), o rio Paraíba do Sul é, ainda e a despeito das violências por que passa, bacia de pesca e de lazer. E um importante fator de identidade e integração de um contingente considerável: em toda a bacia, vivem mais de 14,2 milhões de habitantes.
Mais: o rio Paraíba do Sul foi e é, historicamente, protagonista privilegiado do desenvolvimento econômico da região que, hoje, se tornou a mais urbanizada do país. Todos os ciclos econômicos tiveram o Vale do Paraíba como cenário.
Como primeiro grande núcleo urbano banhado pelo rio Paraíba, o município de Jacareí vê com preocupação a hipótese de transposição parcial, exatamente pelas consequências que afetariam toda a bacia. A adoção de políticas centradas na recuperação e manutenção dos recursos naturais, bem como em conceitos de sustentabilidade, já é fato em Jacareí. Naturalmente, o rio Paraíba do Sul é um dos focos principais. Registre-se que Jacareí foi a primeira cidade do país a construir uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), com recursos gerados pela cobrança pelo uso da água do rio Paraíba. A obra, uma parceria público-privada, iniciou uma série de ações que permitiram a ampliação do índice de tratamento de esgoto doméstico de 2% para 20% na cidade – outras duas ETEs foram construídas desde 2005. Em se considerando que o esgoto doméstico é a principal fonte de poluição do rio Paraíba, é fundamental que centremos esforços e investimentos para minimizar esses efeitos.
Com população de 210 mil habitantes, Jacareí iniciou, este ano, a maior obra de saneamento de sua história: a despoluição do Córrego do Turi, principal afluente do rio Paraíba na cidade. Em dois anos, elevaremos o índice de tratamento de esgoto na cidade para 70%, reduzindo significativamente o despejo de esgoto in natura no rio. Nossa contribuição para com o rio Paraíba conta com investimento total da ordem de R$ 90 milhões, incluindo recursos do PAC.
Jacareí, assim como outras cidades, depende de ações conjuntas e de políticas de longo prazo. Tudo isso, incluindo as discussões sobre a transposição parcial do rio Paraíba, já integram a pauta de discussões do Ceivap (Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul). Mas exigimos a participação e o envolvimento fundamentais do Governo Estadual para definir conjuntamente programas de despoluição da bacia, projetos de recuperação e compensação ambientais, planos de manejo que envolvam áreas produtivas e de preservação, e programas de educação ambiental.
Nascido da confluência dos rios Paraibuna, com nascente em Cunha, e Paraitinga, que nasce em Areias, o rio Paraíba do Sul segue em direção à região metropolitana da capital, mas faz uma curva de 180º e corta todo o Vale formado pelas serras do Mar e da Mantiqueira. Após 1.120 km, chega a São João da Barra, no Norte fluminense, para desaguar na praia de Atafona. Nesse percurso, forma uma bacia que mantém vivos remanescentes de Mata Atlântica em unidades de conservação (algumas de destaque internacional, como o Parque Nacional de Itatiaia, o primeiro criado no Brasil).
Ainda que revestido de toda essa importância, o rio Paraíba do Sul continua a ser visto sob uma ótica puramente exploratória. Há que se estudar alternativas para o abastecimento da Grande São Paulo, mas é preciso preservar e recuperar o rio Paraíba. E não torná-lo, mais uma vez, vítima de políticas sem planejamento, míopes e imediatistas.
COMENTÁRIOS:
Morte do Rio Paraíba do Sul, Infelizmente existemais u
agosto 05, 2009
Infelizmente existemais uma vez a possibilidade de agressão ao nosso Rio Paraíba, se isso acontecer iremos acabar de vez com o Paraíba. Todos os municípios da Bacia devem se mobilizar para que isso não aconteça. Acredito que os que estão propondo esta solução deveriam conhecer antes toda a Bacia do Paraíba para saber da realidade em que vivem os municípios que se encontram abaixo da transposição criminosa que foi feita em Barra do Piraí desviando água para o Grande Rio. A transposição do São Francisco é "fichinha" perto do que hoje existe aqui em nossa região. Baião - Além Paraíba/MG>
Neidson Barros Gonçalves
Legal, , vamos incluir na discussão a transposição do São Francisco
agosto 05, 2009
vamos incluir na discussão a transposição do São Francisco, sob a mesma ótica utilizada na matéria do Senhor Hamilton, Prefeito de Jacareí/SP do PT.
nivaldo
A transposição do Rio Paraíba do Sul
Entendemos que o problema de falta de água na RMSP é muito sério e poderá se agravar mais quando vencer em 2014 a outorga pela qual importa mais da metade da água que consome da Bacia do Rio Piracicaba, através do Sistema Cantareira. A demanda da Bacia PCJ que está crescendo cada vez mais, talvez não possa ceder o mesmo volume de água para a cidade de São Paulo e Região Metropolitana, dai a busca por outros mananciais.
O Rio Paraíba do Sul já atende hoje todas as cidades do Vale Paraíba Paulista, Mineiro e Fluminense, além de fornecer considerável volume de água para o Sistema Guandú que abastece a cidade do Rio de Janeiro, pois, segundo a UFRJ é o principal manancial de águas lóticas do Estado do Rio de Janeiro, fornecendo cerca de 80% do suprimento de água da área metropolitana do Grande Rio.
A bacia do Paraíba do Sul, segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea), em 2005, é responsável pela produção de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Mais de 14 milhões de pessoas dependem das águas do rio Paraíba do Sul, de onde são extraídos praticamente cinco bilhões de litros de água todos os dias. O rio Doce, da mesma região hidrográfica, também registra uso intensivo para fins industriais. Nele, estão concentradas oito mil indústrias, a maioria siderúrgicas.
Fazer a "transposição do Paraíba do Sul" para a RMSP não seria o mesmo que "vestir um santo e desvestir outro"?
Cremos que além do Prefeito de Jacareí, outros prefeitos e até mesmo o CODIVAP e o CBHPS devam se manifestar sobre o assunto.A água que poderá suprir São Paulo certamente fará muito falta para os munícipios e indústrias do próspero Vale do Paraíba.
Saudações eco-fluviais,
Prof. Jarmuth Andrade
Blog SOS Rios do Brasil
Álvaro - SP disse:
É preciso acabar com essa mania tecnocrática de querer-se resolver os problemas advindos da falta de planejamento urbano com planos mirabolantes envolvendo fatores da natureza.
Frente a problemas crônicos que irresponsavelmente se deixam crescer e acumular, sempre parece que haverá à mão uma mágica qualquer para solucioná-los, seja qual o preço, sejam quais as consequências.Em minha opinião a sociedade organizada e o Ministério Público deveriam cortar essa intenção de transpor águas do Paraíba já agora, em seu nascedouro.
Até porque a simples redução dos vazamentos da rede da SABESP e um bom programa de economia de uso da água tratada e distribuída resultaria em volumes muito maiores do que a pretendida transposição proporcionaria.
Geól. Álvaro R Santos
Agosto 06, 2009 2:39 PM
Heloisa Helena - Brasília disse...
Realmente está na hora dos usuários das águas do Paraíba do Sul se mobilizarem e dizerem um sonoro não a esses técnocrátas que buscam resolver os problemas pelas soluções mais difíceis e mais caras.Falam também em bombear água do Rio Ribeira de Iguape, serra acima.
Já imaginaram os custos em energia. Também cogitaram trazer água da represa de Barra Bonita (formada pelos Rios Piracicaba e Tietê) mas fica longe pra caramba, uns 280 quilometros.Será que o pessoal de SP não pode ser um pouco mais criativo e mais econômico.
Vamos despoluir os rios e córregos da grande SP, limpar a Billings e Guarapiranga, recuperar as águas do Pinheiros (cadê a flotação) e como diz o Álvaro, no comentário acima, reduzir os vazamentos da SABESP (cerca de 30% do se produz) e teremos bastante água para a RMSP.
Agosto 06, 2009 3:51 PM
Zelinda - zona leste SP disse...
Vocês que são do interior e não enfrentam falta de agua nas suas casas, não podem saber como é apavorante vc ficar com 04 crianças pequenas, um monte de roupas para lavar, todos os serviços domésticos e não ter uma gota de água por dois ou três dias seguidos.
Cada dia tá ficando mais dificil água aqui na Zona Leste em São Paulo. Se ficar pior então a gente tem que ir embora de São Paulo.
Meus Prezados,
Não bastasse as encrencas com o Rio São Francisco, agora o filme se repete
com o Paraíba do Sul. Está no Rema. Confiram.
http://www.remaatlantico.org/Members/suassuna/noticias/sao-paulo-quer-agua-do-rio-paraiba-do-sul
Abraço
Suassuna
Fundaj
Não deixem de acessar o Portal da Rede Marinho Costeira e Hídrica do
Brasil, para terem informações sobre a realidade nordestina.
http://www.remaatlantico.org/sul/author/suassuna
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
É preciso acabar com essa mania tecnocrática de querer-se resolver os problemas advindos da falta de planejamento urbano com planos mirabolantes envolvendo fatores da natureza. Frente a problemas crônicos que irresponsavelmente se deixam crescer e acumular, sempre parece que haverá à mão uma mágica qualquer para solucioná-los, seja qual o preço, sejam quais as consequências.
ResponderExcluirEm minha opinião a sociedade organizada e o Ministério Público deveriam cortar essa intenção de transpor águas do Paraíba já agora, em seu nascedouro. Até porque a simples redução dos vazamentos da rede da SABESP e um bom programa de economia de uso da água tratada e distribuída resultaria em volumes muito maiores do que a pretendida transposição proporcionaria.
Geól. Álvaro R Santos
Realmente está na hora dos usuários das águas do Paraíba do Sul se mobilizarem e dizerem um sonoro não a esses técnocrátas que buscam resolver os problemas pelas soluções mais difíceis e mais caras.
ResponderExcluirFalam também em bombear água do Rio Ribeira de Iguape, serra acima. Já imaginaram os custos em energia. Também cogitaram trazer água da represa de Barra Bonita (formada pelos Rios Piracicaba e Tietê) mas fica longe pra caramba, uns 280 quilometros.
Será que o pessoal de SP não pode ser um pouco mais criativo e mais econômico. Vamos despoluir os rios e córregos da grande SP, limpar a Billings e Guarapiranga, recuperar as águas do Pinheiros (cadê a flotação) e como diz o Álvaro, no comentário acima, reduzir os vazamentos da SABESP (cerca de 30% do se produz) e teremos bastante água para a RMSP.
Vocês que são do interior e não enfrentam falta de agua nas suas casas, não podem saber como é apavorante vc ficar com 04 crianças pequenas, um monte de roupas para lavar, todos os serviços domésticos e não ter uma gota de água por dois ou três dias seguidos.
ResponderExcluirCada dia tá ficando mais dificil água aqui na Zona Leste em São Paulo. Se ficar pior então a gente tem que ir embora de São Paulo
TEMOS QUE PARAR COM ESSE CONSUMISMO E PASSAR A PENSAR NAS GERAÇÕES FUTURAS. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA POPULAÇÃO E SAÍDAS LIMPAS DE REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA. ECONOMIA. QUEM QUISER IR EMBORA DE SÃO PAULO, QUE VENHA. EU ADORO SÃO PAULO, MAS NÃO POSSO CONCORDAR COM UMA FALTA DE RESPEITO COM TODOS QUE SE UTILIZAM DA ÁGUA DO PARAÍBA DO SUL. SÃO PAULO TEM MEIOS DE SE SAIR BEM DE OUTRA FORMA.
ResponderExcluirPrecisamos fazer um movimento político com todas as Câmaras Municipais e Prefeituras da Bacia do Paraíba de SP, RJ e MG.
ResponderExcluirFazer reuniões em uma cidade de cada estado.
Sugiro começar por pela cidade de Jacareí, em que o prefeito mostra ter compromisso com a preservação e revitalização do Paraíba do Sul.
Saudações Verdes.
Vereador Baião - Além Paraíba/MG