O fumo passivo é a terceira causa de morte evitável no mundo. E as crianças não estão imunes a esse problema - Photos To Go
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As crianças são as maiores vítimas do fumo passivo
Roberta Rodrigues
O fumo passivo é a terceira causa de morte evitável no mundo. E as crianças não estão imunes a esse problema. Evitar o fumo passivo em crianças é o trabalho do médico João Paulo Lotufo, do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Desde 2001, o pediatra coordena o serviço antitabágico da unidade. Em 2005, o hospital ganhou o selo de ambiente livre do tabaco. "O fumo passivo ainda não é tratado pelos médicos, mas acredito que isso vai melhorar com a lei aprovada", afirma Lotufo. De acordo com dados do Hospital Universitário, 23,8% das crianças de 0 a 5 anos que chegam ao pronto-socorro com problemas respiratórios apresentam cotinina na urina, uma substância derivada da nicotina.
Para Lotufo, o pediatra precisa entrar na luta contra o tabaco. Outro estudo do hospital apontou que 42,2% dos 90 pediatras que trabalham na unidade não falam com seus pacientes sobre o cigarro.
Apenas 3,3% dos pediatras falam com os pais sobre o tabagismo. Lotufo enfatiza que muitas vezes as mulheres não são informadas sobre os reais motivos pelos quais devem largar o cigarro e não voltar a fumar após o parto. "Há deficiência ainda no trabalho de pré-natal". Segundo o médico, o fumo passivo ainda não é visto como uma prioridade. O fumante ativo é tido como doente e recebe toda a atenção necessária quando quer largar o vício, mas esse precisa ser devidamente alertado dos malefícios que traz à saúde do outro quando fuma em ambientes fechados ou de pouca ventilação.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) denomina como poluição tabagística ambiental a fumaça derivada do tabaco. Mais de 4,7 mil substâncias tóxicas são jogadas no ar pela fumaça do cigarro. Nas crianças, o fumo passivo aumenta a incidência de resfriados, bronquites, pneumonia e infecções de ouvido (otites). Nos bebês favorece um risco cinco vezes maior de morte súbita infantil (sem causa aparente) e maior chance de doenças pulmonares até um ano de idade.
Segundo especialistas, a fumaça que sai da ponta do cigarro tem alta concentração de substâncias cancerígenas, como nicotina, monóxido de carbono, amônia, benzeno e nitrosaminas. "A fumaça da ponta do cigarro não é filtrada como a que é solta pelo fumante, que passa pelo filtro do cigarro", explica Lotufo.
Segundo Ricardo Meirelles, pneumologista e técnico da Divisão de Controle de Tabagismo do Inca, as gestantes e lactantes precisam ser informadas sobre os riscos do fumo passivo para os filhos ainda durante a gestação. "O monóxido interfere na oxigenação, inibe a passagem de nutrientes e aumenta o risco de aborto espontâneo", garante Meirelles. O pneumologista explicaainda que o fumo aumenta a chance dos bebês desenvolverem problemas respiratórios, nascerem com baixo peso ou prematuros.
Segundo Meirelles, um comportamento comum quando a mulher descobre que está grávida é abandonar o vício durante a gestação e voltar a fumar durante o período de amamentação. "O leite materno passa as substâncias tóxicas. Voltar a fumar depois do parto ainda é prejudicial à saúde da criança."
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 700 milhões de crianças no mundo são vítimas do fumo passivo. Levando em consideração os adultos, esse número sobe para 2 bilhões de pessoas.
Cerca de 70% dos filhos de mães fumantes são crianças que apresentam infecções respiratórias. O número cai para 30% quando são pais fumantes. "O contato com o pai é muito menor. A mãe que fica com a criança a maior parte do tempo e por isso justifica os 70% dos casos", garante Meirelles.
Algumas famílias elegem cômodos como ambientes dedicados ao fumo dentro de casa, porém, segundo especialistas, isso não inibe a exposição às substâncias nocivas. Não há como fixar um prazo para que o ambiente onde a fumaça foi exalada esteja totalmente livre do conteúdo tóxico. É preciso considerar a ventilação, janelas e portas, além do espaço físico. Ambientes como quartos e salas concentram ainda mais substâncias por conta dos tecidos encontrados em cortinas, lençóis e sofás. "Está comprovado que não existe ambiente seguro para fumantes e não fumantes", enfatiza o pneumologista.
A síndrome da morte súbita infantil é o maior risco a que um bebê está exposto quando os pais são fumantes. A chance de um filho de pais viciados em tabaco sofrer uma morte súbita sobe de 15% a 50%, dependendo da quantidade de cigarros que são ingeridos pela família. Essas crianças também são mais propensas a apresentar problemas cardíacos e respiratórios.
Lidar com o fumo passivo é uma questão de saúde pública, afirma o especialista do Inca. Segundo ele, os pediatras estão tentando levar a questão para dentro dos consultórios. A Sociedade Brasileira de Pediatria enfatiza a importância do profissional lidar com o tema dentro do seu ambiente de trabalho.
Para Meirelles, a lei recentemente aprovada no Estado de São Paulo é um modelo que deve ser copiado em nível federal. O Brasil é signatário da Convenção Quadro e esse é um importante passo para o banimento do cigarro. "A lei não é discriminatória, mas sim de proteção ao não fumante", frisa. Segundo ele, a criança filha de pais que fumam tem mais chances de se tornar um fumante quando adolescente. "Ela copia o modelo que tem em casa", argumenta. A criança exposta ao fumo passivo cria uma relação com a nicotina e pode mais facilmente experimentar a droga. "O primeiro cigarro é horrível, mas ela tende a fumar novamente e com isso o cérebro se adapta àquela nova situação e a pessoa tende a se tornar um viciado", finaliza.
Um estudo do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) comprovou que pessoas não fumantes que sofrem exposição regular à fumaça do tabaco tem concentração de monóxido de carbono compatível com cidadãos fumantes. O levantamento foi realizado com 1.310 pessoas e atestou que 35,9% desse total podem ser consideradas "fumantes". Os participantes foram submetidos ao teste do monoxímetro, que mede o nível de monóxido de carbono no organismo.
Cerca de 18% podem ser considerados fumantes leves, ou seja, que consomem menos de um maço de cigarros por dia. Outros 15% foram apontados como fumantes (menos de dois maços de cigarros diários). O estudo revelou ainda que 2,29% dos entrevistados podem ser considerados fumantes pesados (mais de dois maços por dia).
De acordo com especialistas, uma pessoa que nunca fumou, mas trabalha há 20 anos com pessoas que fumam perto tem queda na capacidade respiratória igual a uma pessoa que fuma dez cigarros por dia.
Da Secretaria de Estado da Saúde ESP
APOIO VOLUNTÁRIO E GRACIOSO DO INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
As crianças são as maiores vítimas do fumo passivo
Roberta Rodrigues
O fumo passivo é a terceira causa de morte evitável no mundo. E as crianças não estão imunes a esse problema. Evitar o fumo passivo em crianças é o trabalho do médico João Paulo Lotufo, do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Desde 2001, o pediatra coordena o serviço antitabágico da unidade. Em 2005, o hospital ganhou o selo de ambiente livre do tabaco. "O fumo passivo ainda não é tratado pelos médicos, mas acredito que isso vai melhorar com a lei aprovada", afirma Lotufo. De acordo com dados do Hospital Universitário, 23,8% das crianças de 0 a 5 anos que chegam ao pronto-socorro com problemas respiratórios apresentam cotinina na urina, uma substância derivada da nicotina.
Para Lotufo, o pediatra precisa entrar na luta contra o tabaco. Outro estudo do hospital apontou que 42,2% dos 90 pediatras que trabalham na unidade não falam com seus pacientes sobre o cigarro.
Apenas 3,3% dos pediatras falam com os pais sobre o tabagismo. Lotufo enfatiza que muitas vezes as mulheres não são informadas sobre os reais motivos pelos quais devem largar o cigarro e não voltar a fumar após o parto. "Há deficiência ainda no trabalho de pré-natal". Segundo o médico, o fumo passivo ainda não é visto como uma prioridade. O fumante ativo é tido como doente e recebe toda a atenção necessária quando quer largar o vício, mas esse precisa ser devidamente alertado dos malefícios que traz à saúde do outro quando fuma em ambientes fechados ou de pouca ventilação.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) denomina como poluição tabagística ambiental a fumaça derivada do tabaco. Mais de 4,7 mil substâncias tóxicas são jogadas no ar pela fumaça do cigarro. Nas crianças, o fumo passivo aumenta a incidência de resfriados, bronquites, pneumonia e infecções de ouvido (otites). Nos bebês favorece um risco cinco vezes maior de morte súbita infantil (sem causa aparente) e maior chance de doenças pulmonares até um ano de idade.
Segundo especialistas, a fumaça que sai da ponta do cigarro tem alta concentração de substâncias cancerígenas, como nicotina, monóxido de carbono, amônia, benzeno e nitrosaminas. "A fumaça da ponta do cigarro não é filtrada como a que é solta pelo fumante, que passa pelo filtro do cigarro", explica Lotufo.
Segundo Ricardo Meirelles, pneumologista e técnico da Divisão de Controle de Tabagismo do Inca, as gestantes e lactantes precisam ser informadas sobre os riscos do fumo passivo para os filhos ainda durante a gestação. "O monóxido interfere na oxigenação, inibe a passagem de nutrientes e aumenta o risco de aborto espontâneo", garante Meirelles. O pneumologista explicaainda que o fumo aumenta a chance dos bebês desenvolverem problemas respiratórios, nascerem com baixo peso ou prematuros.
Segundo Meirelles, um comportamento comum quando a mulher descobre que está grávida é abandonar o vício durante a gestação e voltar a fumar durante o período de amamentação. "O leite materno passa as substâncias tóxicas. Voltar a fumar depois do parto ainda é prejudicial à saúde da criança."
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 700 milhões de crianças no mundo são vítimas do fumo passivo. Levando em consideração os adultos, esse número sobe para 2 bilhões de pessoas.
Cerca de 70% dos filhos de mães fumantes são crianças que apresentam infecções respiratórias. O número cai para 30% quando são pais fumantes. "O contato com o pai é muito menor. A mãe que fica com a criança a maior parte do tempo e por isso justifica os 70% dos casos", garante Meirelles.
Algumas famílias elegem cômodos como ambientes dedicados ao fumo dentro de casa, porém, segundo especialistas, isso não inibe a exposição às substâncias nocivas. Não há como fixar um prazo para que o ambiente onde a fumaça foi exalada esteja totalmente livre do conteúdo tóxico. É preciso considerar a ventilação, janelas e portas, além do espaço físico. Ambientes como quartos e salas concentram ainda mais substâncias por conta dos tecidos encontrados em cortinas, lençóis e sofás. "Está comprovado que não existe ambiente seguro para fumantes e não fumantes", enfatiza o pneumologista.
A síndrome da morte súbita infantil é o maior risco a que um bebê está exposto quando os pais são fumantes. A chance de um filho de pais viciados em tabaco sofrer uma morte súbita sobe de 15% a 50%, dependendo da quantidade de cigarros que são ingeridos pela família. Essas crianças também são mais propensas a apresentar problemas cardíacos e respiratórios.
Lidar com o fumo passivo é uma questão de saúde pública, afirma o especialista do Inca. Segundo ele, os pediatras estão tentando levar a questão para dentro dos consultórios. A Sociedade Brasileira de Pediatria enfatiza a importância do profissional lidar com o tema dentro do seu ambiente de trabalho.
Para Meirelles, a lei recentemente aprovada no Estado de São Paulo é um modelo que deve ser copiado em nível federal. O Brasil é signatário da Convenção Quadro e esse é um importante passo para o banimento do cigarro. "A lei não é discriminatória, mas sim de proteção ao não fumante", frisa. Segundo ele, a criança filha de pais que fumam tem mais chances de se tornar um fumante quando adolescente. "Ela copia o modelo que tem em casa", argumenta. A criança exposta ao fumo passivo cria uma relação com a nicotina e pode mais facilmente experimentar a droga. "O primeiro cigarro é horrível, mas ela tende a fumar novamente e com isso o cérebro se adapta àquela nova situação e a pessoa tende a se tornar um viciado", finaliza.
Um estudo do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) comprovou que pessoas não fumantes que sofrem exposição regular à fumaça do tabaco tem concentração de monóxido de carbono compatível com cidadãos fumantes. O levantamento foi realizado com 1.310 pessoas e atestou que 35,9% desse total podem ser consideradas "fumantes". Os participantes foram submetidos ao teste do monoxímetro, que mede o nível de monóxido de carbono no organismo.
Cerca de 18% podem ser considerados fumantes leves, ou seja, que consomem menos de um maço de cigarros por dia. Outros 15% foram apontados como fumantes (menos de dois maços de cigarros diários). O estudo revelou ainda que 2,29% dos entrevistados podem ser considerados fumantes pesados (mais de dois maços por dia).
De acordo com especialistas, uma pessoa que nunca fumou, mas trabalha há 20 anos com pessoas que fumam perto tem queda na capacidade respiratória igual a uma pessoa que fuma dez cigarros por dia.
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