A Região Metropolitana de São Paulo que abrange 39 municípios e registra, hoje, uma população da ordem de 19 milhões, conta com um suprimento total de água tratada da ordem de 65 m3/s proveniente de oito sistemas entre eles Cantareira, Guarapiranga, Rio Claro, Rio Grande e Cotia. Esse conjunto representa cerca de mil quilômetros de adutoras, 120 reservatórios e 21 mil km de rede de distribuição.
Os prenúncios da escassez de água no início da década de 60 levaram o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista, a estudar a construção de um sistema que viesse a garantir o abastecimento. Os estudos previam a captação de águas do rio Juqueri (proximidades de Mairiporã) e o recalque para um reservatório e estação de tratamento na Serra da Cantareira.
A Companhia Metropolitana de Águas e Esgotos (Comasp), que esteve à frente daqueles estudos e das obras do sistema, foi absorvida na época pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), criada em 1973, por conta do advento do Plano Nacional de Saneamento (Planasa). Esse plano condicionava a liberação dos investimentos para obras desse tipo à criação de companhias estaduais de saneamento.
O sistema da Cantareira teve suas obras iniciadas pela Comasp em 1966. É composto de seis grandes represas que acumulam cerca de 1,5 bilhão de m3, em cerca de 87 milhões de m2, 48 km de túneis e canais, uma estação elevatória de 80 mil hp e a maior estação de tratamento de água da América Latina: a estação de tratamento do Guaraú, com capacidade para 33 m3/s.
As represas que compõem o sistema localizam-se em diferentes cotas: Jaguari e Jacareí, interligadas por um canal de 670 m de comprimento por 10 m de largura, constituem a maior e mais alta delas: 844 m. A água desce até a represa Cachoeira (822 m) através de um túnel de 5,9 km de extensão e seção de 28 m2. Daí para a represa de Atibainha (787 m), por outro túnel, este de 4,8 km e seção de 14 m2. A passagem para a represa do Juqueri (745 m) é feita por dois canais de 2,4 km e 6,4 km e um túnel de 9,8 km e seção de 18 m2.
Para chegar à estação elevatória de Santa Inês, a água desce por um canal de 8 km e largura de fundo de 21 m. Da elevatória, que fica no pé da serra (740 m), a água sobe até a represa de Águas Claras, no alto da Serra da Cantareira, a 860 m, através de bombeamento. Dessa última represa, a água desce 30 m até a Estação de Tratamento de Água do Guaraú por um túnel de 4,9 km e seção de 20 m2 . Sua distribuição alcança até o espigão da avenida Paulista, que se encontra na cota 820 m.
Para transpor a Serra da Cantareira, grande obstáculo natural entre as fontes e a ETA do Guaraú, foi construída a Estação Elevatória Santa Inês, na época um desafio à engenharia. A casa de máquinas está implantada a 60 m abaixo da superfície do terreno e é acessível por um túnel em rampa (para veículos), por escadas e elevador, a partir do edifício central de operação.
Quatro tubulações de recalque, munidas de válvulas esféricas de 1,1 m de diâmetro juntam-se num único duto e a água impulsionada pelas bombas é lançada ao alto da serra, seguindo daí por gravidade por um túnel de 1,2 km até atingir a represa de Águas Claras, considerada de segurança e projetada para, no caso de uma paralisação da Estação Elevatória de Santa Inês, manter um fluxo contínuo de 33 m3/s durante três horas.
A Estação de Tratamento de Água do Guaraú, que ocupa uma área de 1.573.000 m2 teve seu projeto básico concluído no fim de 1968. No projeto foram introduzidas diversas técnicas consideradas inovadoras, como o polieletrólito, misturadores e floculadores, com base no tipo de escoamento e no gradiente de velocidade, filtros rápidos de dupla camada e reservatório de água de lavagem.
O sistema Cantareira trouxe benefícios que ultrapassam os limites da região metropolitana. O represamento das águas dos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Juqueri permite manter constante o fluxo na estiagem e evitar enchentes no período das chuvas, beneficiando as populações das cidades de Piracaia, Bom Jesus dos Perdões, Atibaia, Itatiba, Campinas, Paulínia, Bragança Paulista, Pedreira, Cosmópolis, Jaguariúna, Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba, próximas às bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Protege também as populações de Franco da Rocha, Caieiras e Perus, da bacia do médio Tietê. Fonte: O Empreiteiro 476
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
Moro na Zona Norte de Sao Paulo ha muitos anos, ultima vez que deu enchente na minha rua que fica do lado da Av.Caetano Alvares foi uns 10 anos atras, isso so aconteceu quando abriram as comportas do reservatorio para dar vazao a agua, agora dia 26-01-2010 encheu novamente, entramos com processo contra a prefeitura e nada. O que quero dizer e que sempre que da enche ao redor da Av. Caetano Alvares e quando abrem as comportas do Reservatorio, os que abrem nao moram la embaixo entao nao querem saber dos prejuizos, lamentavel, ate uma crianca de 5 anos de idade saberia que quando esta chovendo muito seria sabio abrir as comportas aos poucos para dar vazao e nao de um vez como estao fazendo ultimamente. Incompetentes, mais um caso de Leoes comandados por mulas.
ResponderExcluirAmigos do Blog,
ResponderExcluirSou morador em Campinas-SP, e pratico remo em um clube às margens do Atibaia. Desde o início da consrução das barragens em Nazareth, a natureza do rio Atibaia foi prejudicada chegando às vezes ao extremo de não ser possível a prática do esporte pela escasses de água. Discordo da declaração da Sra. Secretária do Abastecimento de S.P., ao ser entrevistada pelo jornalista da CBN Campinas Walter Senna, sobre o que mais a preocupava: a possibilidade de faltar água aos consumidores ou as enchentes que prejudicam os moradores. Respondeu ela taxativamente que sua preocupação era exclusivamente com a segurança da barragem.
Ora, concordo que chegando-se ao extremo de excesso de água sua preocupação se justifica. No entanto, acredito que havendo um melhor planejamento (retendo-se menos água durante o decorrer do ano, os rios voltariam ao seu curso natural preservando a natureza, e, no momento de excesso de chuvas não haveria o perigo de extravasamento, como o ocorrido. Sugiro um melhor estudo por parte dos responsáveis.