Obras de saneamento com recurso do PAC têm qualidade questionada
CRISTINA LAURA
Juazeiro
As obras de criação da estrutura de saneamento básico em 25 bairros da cidade de Juazeiro (a 500 km de Salvador) têm a qualidade questionada por moradores, que também reclamam dos impactos que a manipulação de máquinas e materiais de construção causaram em diversas ruas da cidade.
A Coesa Engenharia é a empresa responsável pelas obras, iniciadas no final de 2008 com recursos de R$ 65 milhões do Ministério das Cidades, por meio da Caixa Econômica Federal, e fiscalizadas pela prefeitura. Os recursos são do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
Em 2007, numa primeira etapa do PAC, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) ficou responsável pela fiscalização apenas da obra do bairro Itaberaba.
Quando finalizada a obra de saneamento, 22 mil casas serão ligadas ao sistema de tratamento de esgotos domiciliares, beneficiando cerca de 110 mil pessoas em Juazeiro. A intervenção vai instalar 210 km de rede de esgoto na cidade, além da construção de 19 estações elevatórias, responsáveis pelo bombeamento do esgoto para a estação de tratamento. “Com a realização da obra, vai ser possível a execução de projetos como asfaltamento e calçamento, que somente são eficientes quando não há esgotos correndo pelas ruas”, afirmou Flávio Luiz Ribeiro, assessor de obras e projetos estruturantes.
Queixas
Moradores reclamam da qualidade dos serviços. “Eles começaram as obras no final do ano passado, abriram tudo e deixaram a rua totalmente bagunçada”, afirma a dona de casa Vilani Telma Lima da Silva, que mora no bairro Piranga. Ela conta que os homens da Coesa trabalharam quase cinco meses na Travessa Gravatá, onde mora, e deixaram para trás amontoados de terra atrapalhando o tráfego de veículos e até impedindo que os moradores coloquem os carros nas garagens das casas.
“Isso, sem falar na poeira que é levada para dentro de casa e na lama que se forma quando chove”, ressalta Vilani da Silva. Ela lembra ainda que os entulhos fazem com que carros e motos tentem passar subindo na área da praça, levando risco de acidente às crianças que brincam e idosos que circulam no local. Dono de locadora de carros no início da Travessa Gravatá, o comerciante Fabrício Di Giorgio diz que a obra inacabada traz transtornos porque, além de sujar muito a loja, “impede que os clientes possam estacionar ou trafegar pelas ruas próximas”.
No bairro Quidé, também na periferia de Juazeiro, na Avenida Irmã Dulce, o calçamento afundou no local em obras, impedindo tráfego de ônibus. “Já tem quase um mês que o pessoal da Coesa saiu daqui e o serviço malfeito ficou para trás. Todos os moradores viram que a areia que eles usaram era fina demais e a camada de cimento também. Agora, a rua está afundando e os buracos continuam aí”, reclama a moradora Joselânia Carvalho da Silva.
As obras, a cargo da Coesa Engenharia, começaram no final de 2008, com recursos de R$ 65 milhões do Ministério das Cidades
Moradores se queixam de que vários serviços ficam inacabados, sujando as ruas
Técnico afirma que, dentro de três meses, o serviço acaba
O responsável por administração e finanças da empresa, Edson Dantas, afirma que a Coesa faz todo o serviço previsto no contrato. Quanto às reclamações dos moradores, afirmou que não apenas a Coesa, mas o Saae (Serviço de Abastecimento de Água e Esgotos) da cidade têm realizado obras, e as pessoas às vezes confundem as empresas, acusando apenas a Coesa. “Estamos finalizando os serviços com recuperação das ruas e fazendo os reparos necessários”, explica Dantas. De acordo com ele, em até 90 dias o trabalho deve ser concluído. “Estamos em fase de última medição para entregar à prefeitura”, disse o técnico Edson Dantas.
De acordo com o assessor de obras e projetos estruturantes da prefeitura, Flávio Luiz Ribeiro, o trabalho será concluído seguindo o cronograma. “Até o mês de abril, essas ruas e avenidas que apresentaram defeitos serão consertadas”, disse. Flávio Luiz assegurou que a prefeitura acompanhou todo o trabalho da empresa e esteve atenta às reclamações dos moradores. “Estivemos em todos os locais citados pela população e cobramos a resolução dos problemas”, enfatizou o assessor. Flávio Luiz disse que novas licitações serão realizadas para dar continuidade às obras de saneamento. “Os próximos serviços serão de construção de elevatórias, emissários, tanques de gravidade e travessia em algumas rodovias, além de melhorias habitacionais”, esclareceu.
Segundo o fiscal da Codevasf, Virgulino Ferreira, houve acordo entre a Casa Civil e o Ministério das Cidades de que municípios com população acima de 50 mil, caso de Juazeiro, seriam de responsabilidade da Caixa Econômica Federal e da prefeitura. A obra deve chegar a 95% da cidade e passou pelos bairros Alto da Aliança, Antônio Guilhermino, Via Tiradentes, Vila Nova Fé, Argemiro, Antônio Conselheiro, Malhada da Areia, Codevasf, Jardim São Paulo, Jardim Vitória, João Paulo II, Novo Encontro, Parque Centenário, Maria Gorete, Pedra do Lord, Quidezinho, Piranga, Jardim Flórida, Lomanto Júnior, Quidé, Palmares, São Geraldo, Jardim Universitário e Tabuleiro.
"A sociedade humana tem, paradoxalmente, demasiadas certezas
e não sabe fazer-se as perguntas que mais deveriam contar na vida.
Existem rios, porém, subterrâneos de esperança, que um dia sairão à superfície."
Juan Arias
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