Praia do Lázaro, em Ubatuba, foi considerada imprópria pela Cetesb
Foto: WasingtonBlog
Cidades turísticas lidam mal com esgoto
No litoral de São Paulo, coleta não chega a 50%
De São Paulo
Embora a riqueza ambiental seja um dos principais fatores de atração turística, a relação entre cidades com essa vocação econômica e os indicadores de saneamento básico é normalmente ruim.
De São Paulo
Embora a riqueza ambiental seja um dos principais fatores de atração turística, a relação entre cidades com essa vocação econômica e os indicadores de saneamento básico é normalmente ruim.
O desempenho de Campos do Jordão em coleta de esgoto (44% do total) é tão deficiente quanto o de outras cidades turísticas de São Paulo, como Ubatuba (30%), Ilhabela (36%), Bertioga (40%) e São Sebastião (42%).
"Ainda bem que estão acordando para o problema, senão matam a galinha dos ovos de ouro", afirma Édison Carlos, presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, entidade que estuda o setor de saneamento em parceria com instituições como a Fundação Getulio Vargas.
Segundo ele, "existiu por muito tempo essa ideia de que, jogando no mar, está tudo resolvido". Para ele, o Onda Limpa, programa do governo de SP, é um exemplo de mudança de atitude.
O Onda Limpa, diz a Secretaria de Estado de Saneamento e Energia, vai investir R$ 1,9 bilhão para elevar de 53% para 95% o índice de coleta no litoral sul e de 35% para 85% no litoral norte.
Para Carlos, a omissão afastou o turista das praias centrais, levando com ele hotéis, comércio, rodovias e outros tipos de infraestrutura. Ele cita grandes centros turísticos com desempenho ruim. "Maceió coleta só 31% do esgoto, Fortaleza, 46%, e Recife, 37%. O turista acha que terá praia limpa e nem sempre isso é verdade."
Segundo o Trata Brasil, são necessários R$ 270 bilhões para levar a coleta e o tratamento de esgoto a toda a população. O PAC, do governo federal, prevê investimento médio em saneamento de R$ 10 bilhões por ano.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1411201006.htm
Saneamento básico e turismo: o que essas coisas têm em comum
CARLOS TIEGHI
Carlos Tieghi
Especial para a Folha
Coleta e tratamento de esgoto são direitos garantidos constitucionalmente no país.
Esse reconhecimento legal se deve aos impactos dos serviços na saúde e no meio ambiente. Sua carência também influencia as áreas de educação, trabalho, economia, biodiversidade e turismo.
A realidade traduzida em um deficit de rede coletora de esgotos para 57% da população (dado de 2008 do Sistema Nacional de Informações de Saneamento) revela, no entanto, o atraso da agenda nacional em saneamento.
Apesar de o país possuir hoje o 10 maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo, está na 73ª posição quando o assunto é IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Em um terceiro ranking, o de pessoas sem acesso a banheiro, divulgado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o país aparece em 9 lugar: são 13 milhões sem um banheiro em casa.
Uma pesquisa do Instituto Trata Brasil encomendada à FGV e intitulada "Saneamento, Educação, Trabalho e Turismo" mostra que a indústria do turismo, apesar de proporcionar mais arrecadação e renda, não gera melhorias no saneamento. Os 20 locais estudados apresentaram subinvestimento na área.
Contrapondo-se ao aumento de arrecadação e renda, a indústria do turismo gera custos ambientais e sociais cujo resultado é o próprio esvaziamento e a redução do consumo turístico.
A maioria das praias está poluída, o que faz com que a população passe a frequentar locais cada vez mais distantes dos centros urbanos.
Apesar de serem o principal destino turístico no Brasil, as cidades com praias têm menos acesso à rede de esgoto que as não litorâneas.
Uma melhora nos índices de coleta e tratamento de esgotos traria benefícios às cidades e, consequentemente, mais turistas e mais renda.
Um país que receberá milhares de turistas durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 deveria priorizar os investimentos nessa área, fundamental para o desenvolvimento e para a melhoria geral da qualidade de vida.
O melhor legado que as cidades sede da Copa, todas destinos turísticos importantes, poderiam deixar à sua população seria uma solução definitiva para os seus esgotos. Seria, talvez, mais motivo de orgulho aos seus governantes e moradores do que outras obras vultosas, mas de aproveitamento questionável para a sociedade local.
Carlos Tieghi é presidente do conselho do Instituto Trata Brasil
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1411201007.htm
FSP, 14/11/2010, Cotidiano, p. C1, C3-C4
/ FONTE: ISA - SOCIOAMBIENTAL
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