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24 de novembro de 2010

AS MILAGROSAS ÁGUAS DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO


Cultivo de maça no Vale do São Francisco (foto: Embrapa)


O Milagre da Macieira no Vale do São Francisco


A adaptação da macieira, que é vegetal de clima frio para o clima do Nordeste é mais um desafio para a Embrapa do Semi-Árido que contabiliza o êxito na adaptação de várias variedades de uvas que hoje são produzidas no vale do São Francisco e exportadas para a Europa e Estados Unidos.
22/11/2010
Por Didymo Borges
Uma senhora estava postada em frente à gôndola do supermercado onde estavam expostas maçãs separadas por nacionalidade. As brasileiras de um lado e as argentinas do outro. As brasileiras têm cores mais variadas vez que o vermelho está sempre presente com o amarelo nas frutas. As argentinas são mais uniformes e predomina a cor vermelha tornando as frutas visualmente mais atraentes. A senhora virou-se para mim em dúvida sobre qual maçã comprar e disse: - "As maçãs brasileiras não são tão bonitas quanto as argentinas mas são mais adocicadas". Realmente, esta qualidade da maçã brasileira acabou por colocá-la em vantagem sobre a maçã importada vez que, por serem mais adocicadas, agradam o paladar das pessoas. As importadas têm aparência mais atrativa, porém são "aguadas", ou seja, são menos adocicadas. 

Uma explicação para o sabor mais adocicado da maçã brasileira está no fato de serem desenvolvidas com maior número de dias ensolarados. Ou seja, o tempo de insolação da fruta contribui para que ela seja mais adocicada. Este fenômeno ocorre, também com a uva. O produto dos parreirais do vale do rio São Francisco tende a ser mais adocicado, tornando a fruta menos ácida e mais deliciosa. É que a fruticultura desenvolvida no vale do rio São Francisco permite que os parreirais sejam mais submetidos à maior tempo de insolação no seu ciclo reprodutivo , além de serem geneticamente adaptados ao clima do sertão nordestino. O resultado é uva menos ácida de sabor adocicado.

Ainda é cedo para se prognosticar como serão as maçãs das macieiras do sertão nordestino. Espera-se o mesmo que acontece com as uvas poderá ocorrer com as maçãs do vale do Velho Chico. Ainda está cedo para se cantar vitória nos experimentos científicos da Embrapa, juntamente com o Banco do Nordeste e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - Facepe que financiam a pesquisa para diversificar a fruticultura do vale do São Francisco com a introdução de maçã , pêra e caqui. 

Num tal empreendimento, entre o início da pesquisa e a produção comercial poderá demorar muitos anos. A produção de uva no vale do São Francisco não foi um milagre que ocorreu de uma hora para outra mas o resultado de diligente pesquisa que, no seu curso,teve êxitos e frustrações, sinais promissores e evidências desestimuladoras. No fim, foi uma retumbante vitória para a Embrapa que, com sua competência permitiu o nascedouro de uma atividade econômica das mais promissoras para o sertão nordestino com o aproveitamento da água do rio Francisco para transformar a paisagem de um enclave do semi-árido do sertão. São milagres assim que, se espera, sejam multiplicados pelo sertão nordestino com a transposição do rio São Franaciso.


Fonte para edição no Rema:
Alberto Machado - amachado@ism.com.br

Enviado pelo colaborador João Suassuna — REMA ATLÂNTICO

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