Chuvas trazem doenças com sintomas que demoram a surgir
Médico infectologista aponta principais ameaças em época de alagamentos.
Banhos após contato com água e atenção ao corpo são recomendações.
A temporada de chuvas no início do ano traz à população doenças transmitidas pela presença de agentes infecciosos nas águas, com sintomas que podem demorar a surgir. Patologias como leptospirose, diarreias e até hepatite A aumentam nesta época do ano e a população precisa estar atenta a sintomas como febre, dores e amarelamento da pele, que podem representar ameaças à saúde, mesmo depois de dias do contato com a água.
O perigo dos alagamentos existe por causa do acúmulo de lixo nas ruas e pela possibilidade de animais como ratos contaminarem a água com urina, além da presença de fezes humanas com vírus e bactérias.
Segundo o médico infectologista Marcelo Livtoc, do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas da USP, a comunidade médica ainda não observou uma alta nos atendimentos, pois o período de incubação das patologias pode levar de 7 até 45 dias, dependendo da doença. "Nós ainda não observamos um aumento no número de atendimentos em geral, mas isso deve ocorrer em breve, ainda mais se as chuvas persistirem", afirma o especialista.
Doença | Relevância em época de chuvas e sintomas |
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Leptospirose | A mais famosa das patologias durante épocas de alagamentos ocorre por conta da urina de ratos, que atinge um número maior de pessoas ao ficar diluída nas águas acumuladas nas vias públicas. Entre os sintomas, há aqueles mais leves, similares a resfriados e gripes, como dores nas panturrilhas e febre até quadros mais graves como pele amarelada (icterícia), mau funcionamento dos rins e até hemorragias ligadas aos pulmões. Os primeiros sintomas podem aparecer entre 7 a 10 dias após o contato com a, segundo os médicos. |
Quadros de diarreia | Diarreias causadas por vírus, bactérias e até protozoários podem surgir, representando risco de desidratação especialmente para crianças e idosos. Desconforto abdominal, fezes líquidas, com sangramento ou muco são alguns dos indícios da doença. Os sintomas aparecem, em média, após 3 dias e o tratamento envolve muita hidratação e, no caso de causas bacterianas, a recomendação de antibióticos,sempre feita por médicos. |
Hepatite A | Normalmente transmitida por meio de alimentos mal lavados, a hepatite A também pode surgir com a ingestão acidental de água das chuvas, que contenham Os sintomas envolvem dores abdominais, febre, pele e olhos amarelados, além de uma urina escura. O período para o surgimento dos primeiros sintomas está entre 15 a 45 dias, o que aumenta a necessidade de alerta da população para os sintomas nesta época do ano. |
Tétano | A confusão criada pelas chuvas pode levar a arranhões e hematomas nas vias públicas e mesmo dentro das casas, com o aparecimento do tétano. Sintomas como febre, dor de cabeça, calafrios e rigidez no pescoço, membros e na mandíbula podem indicar a patologia. |
Dengue | Apesar de ser cuja incidência aumenta no verão, o aumento das chuvas representa risco pelo acúmulo de água em pneus, canaletas e recipientes. Caracterizada por febre alta e sintomas como dores nas articulações, cansaço, enjoo e manchas na pele. Os sintomas começam a surgir geralmente entre 5 e 7 dias após o contágio. |
Fonte: Marcelo Livtoc, infectologista do Sírio-Libanês e do HC da USP. |
Em geral, a recomendação após o contato com água em alagamentos é a limpeza do corpo e paciência. "O banho deve ser demorado, a pessoa deve procurar se limpar bem, mas sem nenhum produto diferente ou especial", diz Marcelo. "Depois, a dica é ficar atento aos sintomas (veja no quadro abaixo) e evitar, na medida do possível, novos contatos diretos com as enchentes."
O médico também indica o uso de botas e luvas para as pessoas que necessitam limpar casas invadidas pelos alagamentos, vias públicas e mesmo utensílios domésticos.
"Mesmo feridas microscópicas podem ser portas de entrada para agentes como os causadores de leptospirose", afirma o médico. "Seja em casa ou na rua, a pessoa também está sujeita a se machucar e aí também aparece o risco de doenças não diretamente ligadas à enchentes como o tétano."
Sobre a adoção de medidas preventivas, não existe nenhuma reconhecida pela comunidade médica que seja comprovada para prevenir a ameaça dos alagamentos. "É discutível se vale a pena ou não a administração de medicações profiláticas. É até possível de ser feito, mas não há trabalhos que garantam a eficácia", afirma o infectologista.
Os especialistas também não recomendam a automedicação, já que a prática pode agravar quadros como os de diarreia.
Fonte: G1 - Ciência e Saúde
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