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GLOBO RURAL
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Izabel Maria Renosto, de Parauapebas, no Pará, ficou muito triste durante uma viagem na região leste do Maranhão ao ver a destruição das veredas para dar lugar ao plantio de eucalipto. Nossa reportagem foi ver de perto a situação e constatou que a preocupação de Izabel é também das comunidades tradicionais da região. As veredas que Izabel Maria Renosto relatou ficam aqui na região do baixo Parnaíba, leste do Maranhão, e abrangem oito municípios. É uma área de mata nativa, típica do Cerrado brasileiro. As matas estão sendo derrubadas para dar lugar ao plantio do eucalipto. Os pés de eucalipto vão ocupar uma extensão de 174 mil hectares. Uma parte dessas áreas pertence à empresa de siderurgia Margusa e a outra, à Suzano Papel e Celulose. Desde que as árvores nativas começaram a ser derrubadas, as comunidades tradicionais que vivem do cultivo de subsistência e do extrativismo do bacuri e do pequi estão preocupadas. "Os correntões, quando passam, levam tudo. É também uma fonte de sobrevivência da gente, de tirar, de vender a polpa do bacuri. Nós não temos mais nada. Acabou. Está acabando com tudo e nós não sabemos o que fazer”, afirma Maria Lucia dos Santos Torres, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Urbano Santos. A siderúrgica Margusa tem, no momento, um milhão de pés de eucalipto plantados que vão ser usados para carvão. O diretor vice-presidente, Leonídio Pontes da Fonseca, dá a posição da empresa. “Evidentemente, no que toca à Margusa, seus diretores não permitem, em hipótese alguma, que seus empreiteiros cortem madeiras que sejam protegidas pela lei em vigor”, diz. A Suzano Papel e Celulose cultiva eucalipto no Maranhão há alguns anos, mas intensificou o trabalho nos últimos 18 meses devido à abertura de duas novas fábricas no Nordeste. De acordo com o projeto, vão ser cultivados 40 mil hectares de eucalipto, principalmente nos municípios de Santa Quitéria do Maranhão e Urbano Santos. Cerca de 40 famílias vivem no vilarejo rural de Ingá, no município de Urbano Santos. O antigo proprietário permitia à comunidade, além de explorar o bacuri e pequi, plantar também pequenas roças de milho, arroz e mandioca nas terras dele. Agora, a situação mudou. Os moradores reclamam que estão sem área para cultivar. O lavrador José da Silva mostra a sua plantação de mandioca. “A última que nós estamos plantando, colhendo, é essa aqui plantada que o senhor está vendo. Quando nós tirarmos essa daqui, nós temos que procurar outro lugar, que aqui nós não podemos mais plantar”, diz. Outra reclamação das comunidades é quanto à retirada da água dos riachos para irrigar as plantações de eucalipto. Em um vilarejo, em Santa Quitéria do Maranhão, 65 famílias reagiram para proteger o riacho Boa Hora. “É cada um de nós, um ou dois ou três, vigiando, para quando eles passarem, para ver se eles se eles estão tirando ou não. E onde ele estiver tirando, nós temos que nos juntar e chegar até lá e dar um jeito: aqui vocês não vêm mais", diz o trabalhador rural Djalma Coimbra dos Santos. A diretoria da Suzano Papel e Celulose não quis gravar entrevista, mas informou, por meio de nota, que cumpriu todas as determinações necessárias para conseguir as licenças de uso da água dos riachos. Nas situações em que alguma comunidade impediu o uso da água, a empresa disse que conversou com os moradores e que quase sempre conseguiu a liberação. A Suzano explicou ainda que entende e respeita a preocupação dos sertanejos e que sempre irá buscar opções operacionais que não comprometam as relações com a comunidade. As licenças ambientais foram concedidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, mas o Ministério Público Federal no Maranhão contestou na justiça essas licenças. “Nós entendemos que o empreendimento tem um impacto regional, que atinge mais de um estado. Atinge o estado do Maranhão, o estado do Piauí, ou pelo menos o rio Parnaíba que separa os dois estados, e que, por conta desse potencial de causa de impactos regionais, ele deve ser, na verdade, avaliado por uma entidade, digamos assim, que tenha atribuição nacional. No caso, o Ibama", afirma Alexandre Soares, procurador do MPF. Na primeira instância, na Justiça Federal no Maranhão, o Ministério Público Federal perdeu a causa, mas o procurador Alexandre Soares recorreu da decisão e agora o processo corre no Tribunal Regional Federal da Primeira Região, em Brasília. Assista o vídeo do Programa de 09 jan 2011
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