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9 de abril de 2014

Seca curso do rio que abastece 43 cidades - Estiagem fez secar o leito de uma das corredeiras do Jaguari perto da Usina do Macaco Branco, Sousas, SP




Curso do rio Jaguari, um dos que compõe o Sistema Cantareira, está seco

Curso do rio Jaguari, um dos que compõe o Sistema Cantareira, está seco
Foto: Elcio Alves/ AAN
 
 
Um dos cursos d’água do Rio Jaguari no distrito de Sousas, em Campinas, desapareceu. A estiagem extraordinária em janeiro e fevereiro fez secar o leito de uma das corredeiras perto da Usina do Macaco Branco, no bairro Carlos Gomes, conhecida por ser um dos pontos mais belos do Jaguari na cidade.

Desde quando o consórcio PCJ foi criado, em 1989, o Jaguari foi eleito o rio para o abastecimento hídrico dos 43 municípios que fazem parte do grupo. Em 2002, o consórcio fez um estudo que previu que o rio seria a principal fonte de abastecimento de Pedreira e Campinas, entre outros municípios.

O “guardião do rio” José Mauro Moraes, de 50 anos, afirmou que a cena é inédita. Operador de usina no local há 30 anos, Moraes criou seus filhos brincando nas escondidas lagoas paradisíacas que se formam no local.

“A usina tem mais de cem anos, e pelos nossos registros isso nunca aconteceu antes. O rio nunca esteve tão baixo. É uma pena que vai tudo desaparecer com a nova barragem. Me dá uma tristeza”, disse.

O local será inundado pelo novo reservatório do Rio Jaguari, que deve estar pronto em 2018. Resignado, Moraes afirmou que se precisar sair do local voltará para sua cidade natal, Jaguariúna.
 
 “Mas para a zona urbana eu não volto não. Quero outro lugar parecido com esse. Aqui é um pedacinho do paraíso. Quem mora aqui tem muita sorte.”

Na zona rural de Sousas, o Jaguari se divide em dois leitos na época da cheia, de novembro a março, e forma piscinas naturais, que são a diversão dos moradores aos fins de semana. Mas por causa da falta de chuva, a calha de pedras está sem um fio de água.

A vida da população do Carlos Gomes, formada por pouco mais de uma dezena de sitiantes e algumas fazendas, gira em torno do rio.

São pessoas de hábitos simples, que gostam de cuidar da horta, do jardim e, principalmente, de pescar. Moraes é um dos que não conseguem mais pegar peixe no rio.

O volume de água pequeno na altura de Sousas, que tem ainda diversas pedras, força os animais a irem para pontos onde o Jaguari está mais caudaloso, já em Pedreira.

“Aqui não tem mais peixe não. Nem perco meu tempo tentando pescar alguma tilápia pequenininha.”

Jaguari

O ponto de medição de vazão mais próximo da Usina do Macaco Branco fica em Jaguariúna. Lá, o Rio Jaguari estava com 2,74 m3/s na última sexta-feira.

No mesmo dia do ano passado, o índice era de 7,67 m3/s.

O secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahoz, explicou que o cenário atual do Jaguari em Sousas deveria ser observado somente nos meses de seca, depois de agosto.

Por causa da baixa vazão, o rio, que na época de chuvas cobre os bancos de areia e forma diversos cursos d’água, fica com apenas um curso.

“Isso é comum na estiagem do final do Inverno ou Primavera. Mas o fenômeno em abril mostra que a situação do rio é ainda mais grave do que pensávamos. Por isso nossos pedidos incessantes para o Sistema Cantareira não usar o volume morto. Para o rio não desaparecer.”

Segundo Lahoz, se o Cantareira continuar com a intenção de utilizar a reserva, a região corre o risco de ficar com rios intermitentes, que só ficam cheios em um período do ano, como ocorre no Nordeste.
 
 
 Usina Macaco Branco, no Rio Jaguari, na divisa de Campinas e
Pedreira. Créditos: Elcio Alves/ AAN
 
 
Para tentar amenizar a situação em pontos onde o Jaguari está quase seco, o Consórcio fez diversas solicitações de limpeza de calhas.

Ainda segundo Lahoz, em Limeira e Paulínia, onde a estiagem também é preocupante, o rio só está cheio porque recebe as águas do Rio Camanducaia.

“Por isso temos um trabalho muito forte de preservação e tratamento no Camanducaia também. Ele ajuda na saúde do Jaguari.”

Reservatório

Em 2014, o governo do Estado anunciou que um novo reservatório será construído no Jaguari para distribuição de água em Campinas e complemento do Sistema Cantareira.

As nascentes do rio estão localizadas em Minas Gerais, nos municípios de Sapucaí-Mirim, Camanducaia e Itapeva.

Ao juntar-se com o Rio Atibaia, o Jaguari forma o Rio Piracicaba, no município de Americana, seguindo até o município de Barra Bonita (SP), onde ocorre sua foz junto ao Rio Tietê.

http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/04/capa/campinas_e_rmc/166052-seca-curso-do-rio-que-abastece-43-cidades.html

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