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16 de março de 2009

A REPRESA DO RIO MADEIRA E AS MUDANÇAS NA REGIÃO

ponte sobre o rio Mutum-Paraná-RO

A vila que vai sumir sob o Rio Madeira Mutum-Paraná (RO) será submersa

Ricardo Brandt, PORTO VELHO
Estadão 15/03/2009

O distrito de Mutum-Paraná, a 200 quilômetros de Porto Velho (RO), vai desaparecer do mapa. A escola, o posto de saúde, a base da Polícia Militar e as 458 propriedades que formam o lugarejo fundado no fim do século 19, durante o primeiro ciclo da borracha, vão sumir debaixo das águas do Rio Madeira até 2011, após seu represamento a alguns quilômetros acima, onde é construída a Usina Hidrelétrica Jirau - um dos maiores projetos em andamento na área de energia do governo federal.

"Se eu pudesse escolheria ficar aqui, que foi onde tive meus três filhos e é de onde tiro meu sustento. Aqui trabalho com a madeira e, se falta dinheiro, vou até o rio e pesco o que vamos comer", diz Odilson de Souza Lima, de 55 anos, conhecido como Amazonas.

Na quinta-feira, as atenções estiveram voltadas para as obras de construção da usina que já emprega 1.100 pessoas e pode criar até 12 mil postos de trabalho diretos nos próximos anos - uma verdadeira revolução para uma região em que as pessoas tentam sobreviver com o extrativismo da madeira e do ouro e da pesca.

O megaempreendimento, encravado no coração da selva amazônica, no vizinho distrito de Jaci-Paraná, recebeu a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mutum-Paraná, a 50 quilômetros dali, ficou fora da agenda presidencial.

Uma hora depois da passagem do presidente pelas obras da usina, a reportagem do Estado visitou o povoado. Mais de 1.800 pessoas ainda moram no local. As casas são de madeira, as ruas maltraçadas, de terra barrenta.

Mutum-Paraná surgiu com a extração da borracha. Desde lá, o vilarejo viveu fases alternadas de esquecimento e bonança, como durante as obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré ou com o período mais recente da febre do ouro. Atualmente é a extração da madeira a principal ocupação dos moradores.

O QUE DIZEM SEUS MORADORES - Clique e Veja

Jirau, um lugar bem longe da crise
Com a economia em ritmo acelerado por causa das obras das hidrelétricas do Rio Madeira, Rondônia pode experimentar níveis de crescimento chineses neste ano, apesar dos efeitos da crise internacional no Brasil.
Depois de muito atraso, provocado por brigas políticas, disputas empresariais e questões burocráticas e ambientais, as Usinas de Jirau e Santo Antônio começam a sair do papel.
Com a injeção de dinheiro na construção das usinas - cerca de R$ 20 bilhões em cinco anos -, a Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero) calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado vai crescer 7% a 10% este ano - OESP, 15/3, Economia, p.B15.

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