Geólogo data nascimento do Amazonas
Sex, 03/Jul/2009 EDUARDO GERAQUE
O rio Amazonas acaba de ganhar uma certidão de nascimento. Segundo ela, o curso d'água mais volumoso da Terra nasceu há 11,8 milhões de anos.
A adolescência e a fase adulta do rio-mar também estão descritas no estudo, publicado no periódico "Geology". Ele é assinado por Jorge Figueiredo, geólogo da Petrobras que atualmente cursa doutorado na Universidade de Liverpool (Reino Unido) e colaboradores.
Toda a história de vida do Amazonas está baseada em análises paleontológicas (fósseis de animais e pólen) e de proveniência sedimentar, feitas em amostras coletadas em poços perfurados no oceano Atlântico, na foz do rio.
Sex, 03/Jul/2009 EDUARDO GERAQUE
O rio Amazonas acaba de ganhar uma certidão de nascimento. Segundo ela, o curso d'água mais volumoso da Terra nasceu há 11,8 milhões de anos.
A adolescência e a fase adulta do rio-mar também estão descritas no estudo, publicado no periódico "Geology". Ele é assinado por Jorge Figueiredo, geólogo da Petrobras que atualmente cursa doutorado na Universidade de Liverpool (Reino Unido) e colaboradores.
Toda a história de vida do Amazonas está baseada em análises paleontológicas (fósseis de animais e pólen) e de proveniência sedimentar, feitas em amostras coletadas em poços perfurados no oceano Atlântico, na foz do rio.
De acordo com Figueiredo, existia um pequeno rio antes de 11,8 milhões de anos, no período chamado pelos geólogos de Mioceno Médio (Na África, nessa época, o gênero humano nem existia). Mas ele drenava apenas a parte oriental da atual região amazônica.
Do lado ocidental, onde hoje estão o Peru, a Colômbia e os Estados do Amazonas e do Acre, havia um tipo de pantanal, uma grande área inundada.
"Separando essas duas áreas existia uma região um pouco mais elevada que as grandes planícies amazônicas, a oeste de Manaus", diz Figueiredo.
A situação, entretanto, começaria a mudar há 11,8 milhões de anos, diz o geólogo. De um lado, por causa do aumento do manto de gelo na Antártida, o mar começou a descer -uma queda de cerca de 120 metros em média em relação ao nível atual. De outro, a poderosa cordilheira dos Andes exibia quase toda sua força, elevando-se a alturas próximas das atuais.
Esses dois processos, que terminaram há aproximadamente 11,3 milhões de anos, fizeram com que os lagos do lado oeste fossem conectados ao riozinho do lado leste. O Amazonas, agora transcontinental, estava pronto para crescer e aparecer.
Na infância do rio, entre 11,8 milhões e 6,8 milhões de anos, ainda havia um número muito grande de lagos ao longo do Amazonas, cujo curso era sinuoso, como o de vários rios pequenos da região hoje. Os sedimentos carregados pelas águas do rio acabavam sendo depositados no continente.
Na sua adolescência, como os Andes subiram ainda mais, havia mais sedimento para ser transportado. E eles começaram a chegar em maior quantidade ao oceano, obliterando os lagos no caminho.
Há 2,4 milhões de anos o Amazonas entrou na fase adulta. O riacho cheio de meandros de outrora tornou-se o rio mais caudaloso do mundo.
Cálculos do projeto Piatam (Petrobras) mostram que o rio lança todos os anos no Atlântico 6,3 trilhões de metros cúbicos de água (16% de toda a descarga mundial de água doce no mar) e 1,2 bilhão de toneladas de sedimento. É tanto entulho que a foz do Amazonas pode até estar afundando poucos milímetros por ano.
"Era sabido que a evolução do Amazonas dependeu do tectonismo [elevação] dos Andes. O artigo científico, entretanto, apresenta uma idade mais fechada [para o nascimento do rio]", diz Michel Mahiques, professor do Instituto Oceanográfico da USP e especialista em oceanografia geológica.
Segundo Figueiredo, os dados atuais estão em desacordo com uma hipótese levantada por outro grupo de pesquisa --a de que o rio Amazonas, há 5 milhões de anos, corria ao contrário, do Atlântico para aquilo que começava a ser os Andes.
Fonte: Folha Online Ciência/Jornal do Meio Ambiente - Vilmar Berna .
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