Porque não se obriga o reuso da água nos campos de golf?
Do Fórum REBIA Nacional:
To: Fabiano Barreto - 25/09/08
RE: Tapete de gramado vistoso campo de golfe, cultivado sobre dunas à beira-mar no complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, litoral norte da Bahia
Fabiano, vc sabia que no verão chega-se a consumir 5 l de agua por m² de grama? imagine ai !!!ou seja, cada campo de golf consome aproximadamente 1300m³ de agua por dia. sabe de onde vem a água??? dos nossos rios e outra, até onde sei os consumidores não pagam pelo uso desta. o ideal seria que os orgão ambientais condicionasse o reuso da agua.
Eles poderiam tratar o esgoto e reusar nos campos de Golf. O problema, é que os complexos malmente tratam o esgoto quanto mais a ponto de deixar em condições de reuso.
Vitor Emanuel Caldas
GERENCIAMENTO AMBIENTAL
9ª TURMA UCSAL
A questão é a seguinte: a água do mundo está acabando, certo?
Quanto dela é necessário ainda para manter aceso esse verde exuberante, para poucos que desfrutam? De onde vem a água que sustenta esse(s) campo(s) de golf no litoral?
E por que ainda se projetam mais campos desse tipo para as áreas circunvizinhas à esse complexo, comprovadamente mal negócio e decadente?
Já estão prevendo para a área de Santo Antonio como parte de um projeto mirabolante, uma dessas espécies de gramado artificial para o deleite de uma só e única classe.
Como podem os erros perdurarem tanto assim???
Por favor me respondam.
From: Ivo Costa de Oliveira
É sempre assim.
As pessoas atacam sem motivo e razão, sem ter base. Apenas pelo simples fato de querer desmerecer aos outros.
AOS QUE TRABALHAM. Sempre procuro PAZ e não foi isto que esse(e) sr(a) mostrou. Procurou, desde a primeira vez, ATACAR de acordo com a linha mestra de outros que nada mais sabem fazer que isto.
Agora, quando é chamado a dialogar como, ao que parece, ser um SER HUMANO INTELIGENTE, mostra que não é bem assim.
Que não tem argumentos. Que não tem nada de concreto a mostrar. E, por isto, foge com o velho, conhecido e tão batido chavão de: seu texto não merece resposta.
Para rir ou para chorar? Prefiro rir porque minha consciência está em paz.
E, para mostrar seu "ato de heroísmo", enviou a mensagem para uma lista imensa como se isto fosse grande coisa.
Infelizmente, no nosso País as coisas são assim. Foram inúmeros os brasileiros deportados de aeroportos europeus sem direito a nenhuma defesa, maltratados e tratados como cães sarnentos. Mas, estrangeiros chegam ao Brasil com títulos e outros que tais, acham-se imperadores do mundo e querem ditarregras.
Quando chamados ao diálogo, FOGEM.FALTA DE ARGUMENTOS é uma coisa mais do que triste, é patética.
Seria interessante se a extensa lista de "receptores" de sua mensagem pudesse ler esta que escrevo agora. A ver se desperta-lhes um mínimo dos mínimos de sentimento de defesa do patrimônio público brasileiro de acordo com as leis.
Quem diz ADEUS sou eu caro(a) Leclercq.
Melhor ainda: adieu, adiós, aufwiedersehen, sayonara, adio, goodbye, farewell e, "hasta la vista, baby" à laSchwarzeneger.
Santo Ivo Di Sir Jeep.
De: Fabrice Leclercq
O seu texto não merece um risposta, porque eu acordo tan importancia a omeio ambiente que você mas em paz e na actuação..!!
Adeus Senhor!
From: Ivo Costa de Oliveira
Bom Dia, caro(a) Fabrice!
Não sou advogado de ninguém, exceto do MEIO AMBIENTE, de acordo com um Artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONUem 1948 e, só em 1988 passou a integrar a Constituição Brasileira, na íntegra.
Lembra do "O meio ambiente é um direito das pessoas e deve ser mantido sadio eem perfeitas condições de equilíbrio para as presentes e futuras gerações"?
Fabiano - aka "garbage" pelos leclercq e kaninanas da vida - tem plenas condições de se defender sozinho.
Logo, o que falo e escrevo é em meu próprio nome e na defesa daquilo que permite a vida no Planeta Terra..Será que o(a) sr(a) percebeu que o texto que lhe causou tanta ira é de um nativo da região, desiludido com toda a destruição e miséria da mesma,causadas pelo "desenvolvimento sustentado" que tanto apregoam?
Será que a ONU sabe de seu posicionamento quanto à defesa do MEIOAMBIENTE, em total contradição com a Declaração Universal dos Direitos Humanos?
Seria bem interessante criar um Incidente DiplomáticoInternacional entre ITC/ONU e Brasil, não acha?Ao invés de criticar o que a turma ponto com faz, porquê não unir-se à corrente dos que defendem a VIDA no PLANETA TERRA?
Seria ainda muito interessante se o(a) sr(a) voltasse para seu país de origem e tentasse promover por lá o que INSISTE em promover no nosso ,não é mesmo? Tudo bem que as leis, no estrangeiro, são muito mais respeitadasque no BRASIL. Tudo bem que, por aqui, até embaixadores estrangeiros acham-se no direito de pressionar administradores públicos para "flexibilizar" leis e,assim, permitir mais e mais destruição.
No seu país isto é possível?
Nossos embaixadores, ou consules, têm tanta força por lá? Sua atitude, como dos demais, demonstra desespero. Sim, desespero.Talvez por ver que os negócios não andam bem. Que as coisas que pregam à exaustão já não colam mais, que os habitantes nativos das regiões INVADIDASc omeçam a abrir olhos e ouvidos, a ganhar CORAGEM E FORÇA para rebelar-se com tantas MENTIRAS.
Será que o(a) sr(a) também começou a perder dinheiro?
Que seus planos começam a correr pelo ralo? Afinal, as notícias sobre o sul/baixo sul baianos não são nada agradáveis com turistas assaltados e mutilados, com pousadas invadidas por marginais, os estupros e tudo o que de bom esse turismo absurdo que querem implantar no BRASIL traz. Cabeça no lugar, sr(a) Leclercq. Cabeça no lugar.
Bem plantada na cabeça. Comer xuxu, um chazinho de maracujá, de capim santo ou outra ervacalmante fazem um bem tremendo e até ajudam a ter noites bem dormidas...Deve ser terrível acordar com a sensação de não ter dormido, não émesmo?Que faz isto? Dor de consciência? Medo porque a conta bancária decresce em vez de engordar?
Esse seu amigo, se brasileiro, é outro que deve apenas querer sugar as tetas do País sem dar a mínima para os nativos da região onde se encontra.
Deve ser mais um dos que se embasbacam com estrangeiros e acham quequalquer coisa que vem de lá é infinitamente melhor que o máximo daqui, não é mesmo? Jamais esqueça de um ditado muito em uso no Brasil: "Quem com porcos se mistura, acaba comendo farelo"... ou o que Cristo disse: "Que adianta atirar pérolas aos porcos?
"Desejo-lhe dias extremamente melhores e maior controle dos nervos,ao mesmo tempo que o(a) convido a um diálogo franco, aberto e sem máscaras. Um diálogo com muito respeito e cartas na mesa, sem blefe. Afinal, não sei jogarpoquer. Gosto de tudo muito às claras e muito bem explicado.
Santo Ivo Di Sir Jeep.
From: Fabrice Leclercq
Desestimado Senhor, Por favor elimina o meu nome desse lista.
Não pode soportar mais tais palavras negativas e difamadoras.
Você é verdadeiro um global garbage mesmo e um real desonra para sua região.
Finalmente, como diria um amigo mio, o que a região precisa mais é menos palavras (suas) e mais ações!!!
Oportunamente, o que você ja fiz para o desenvolvimento da suaregião!!???
Fabrice Leclercq
From: Juca Pereira
Nobres companheiros,
O futuro para essas comunidades do entorno da Costa doSauípe chegou, a determinado momento, na gestão do Programa Berimbau sob ocomando do Sr Francisco Oliveira, ter uma perspectiva iluminada, com atenuantesainda agregadores de valores para a pesca, a cultura, o esporte e o laser.
Entretanto, por motivos de ordem administrativa da SauípeS/A, o Senhor Francisco Oliveira foi afastado dessa Empresa e, o seu substituto,o Senhor Beraldo Boaventura, Gerente Socioambiental, modificou o programa para asua visão socioambiental, transformando-se em verdadeiro dono das entidades criadas pelo Sr Francisco Oliveira, impacando o que seria uma usina de adubo orgânico que geraria um mínimo de 76 empregos para cooperados, faria crescer a agriculturalocal e, indiretamente geraria mais emprego e renda.
Desmontaram a parte que fabricaria o adubo, sob alegação de que "não funcionaria".
Hoje, a VERDECOOP, funciona com ajuda de custo para os seus funcionários (muitos dos atuais não tiveram o necessário curso de cooperados e, por esse motivo desconhecem os seus direitos e deveres), mais da metade dos que ainda continuam, não são da comunidade, ficando os daqui sem os empregos previstos quando da sua criação. A Associação dos Moradores de Porto de Sauípe - AMPS, articuladora e incentivadorada criação dessa cooperativa, hoje, ném mesmo sabe o que ocorre naquelaentidade, visto que o atual dono, o Gerente Socioambiental da Costa do Sauípeter imposto aos cooperados rompimento (e eles aceitaram com medo de perder oemprego) com o Presidente da AMPS.
E hoje, está em plena operação, uma modésta fábrica de adubo orgânico no Núcleo JK (Mata de São João) produzindo e sendo utilizado pelos agricultores locais e circunvizinhos o adubo que "não funcionaria", melhorando a olhos vistos, as suas produções.
A Escola Meninos do Porto, responsável pela educação de112 meninos e meninas carentes (principalmente) foi arrancada da AMPS, criada um conselho gestor que só foi convocado quando da sua eleição. Os seus conselheiros desconhecem totalmente quaisquer atitudes, contratações e/ou demissões praticadas por aquela Escola.
Perdemos os parceiros italianos e alemães que ajudavam a mantê-la e só Deus sabe o que ocorrerá com aquela entidade.
A COPEMAR-LN (Cooperativa dos Pescadores e Marisqueiras doLitoral Norte) esta, criada pelo próprio Gerente Socioambiental, contrariou a nossa esperança de ter uma associação e/ou mesmo cooperativa dos pescadores e marisqueiras de Porto de Sauípe, idéia de mais de 30 anos que cultivávamos, impondo uma mega (em área) cooperativa de pescadores e marisqueiras que deveria abranger desde Praia do Forte até Jandaíra (mas, nunca funcionou).
No dia das eleições dessa entidade, o poderoso senhor presenteou quem quiz vir conhecer o Complexo Hoteleiro Costa do Sauípe, doando camisetas, 4 (quatro) ônibusdisponíveis, 2 de Praia do Forte e 2 de Jandaíra, trouxe mais de 200 (duzentas) pessoas, pagou almoço e bebidas para todos e, após (por aclamação) votos sufocantes de todos contra apenas 16 (dezesseis) pescadores de Porto de Sauípe, foi eleita uma diretoria toda de Praia do Forte, (que continua até os dias dehoje), sob sua tutela. Nunca compreendemos.
Que impacto teve Praia do Forte quando da construção da Costa do Sauípe? O Programa Berimbau não foi criado para fazer acontecer o entorno impactado? Criar condições de vida para os que não tivessem ligação direta com a Costa do Sauípe?
A COOPEVALES (Cooperativa dos Pequenos Produtores do Valedo Rio Sauípe) não consegue decolar. Foram substituidos todos os diretores econtratados que cuidavam de início dessa cooperativa e, em seus lugares, gente estritamente ligada àquele senhor. Tenho certeza que o principal objetivo (fornecer hortifrutigranjeiros) para os hotéis, restaurantes e pousadas da Costado Sauípe, não foi alcançado. Apenas coco verde se consegue oferecer, por falta de uma polìtica incluidora, por falta de crédito para os pequenos produtores, por falta de adubo orgânico, por falta de apoio técnico, por falta de incentivo e por falta de boa vontade em fazer acontecer.
A Feira de Porto de Sauípe:
Essa feirinha, aconteceu com oapoio da COOPEVALES, quando ainda existiam pessoas compromissadas em desenvolvera cooperativa dos pequenos produtores, criar um meio de venda para seusprodutos, incentivar os produtores dos assentamentos rurais existentes em EntreRios, Itanagra e outros existentes nas proximidades a escoar os seus produtos. AAMPS entrou com 25 (vinte e cinco) barracas de madeira (desmontáveis) doadaspelo Programa Berimbáu para esse fim, ainda na gestão do Sr Francisco Oliveira,ficando a COOPEVALES como responsável pelo transporte semanal para a Vila Sauípeàs Sextas-Feiras, após a Feira de Porto de Sauípe para a feirinha de Vila Sauípeaos Sábados.
A COOPEVALES se responsabilizaria por quaisquer danos que viesse aser causados nas barracas, se comprometendo a recondicioná-las em caso depossíveis avarias provocadas pelo transporte em carroceria de caminhão ao longode quase 2 anos. E, ficou combinado que, quando a COOPEVALES viesse a comprar assuas barracas, que doaria 20 (vinte) unidades à AMPS, visando ampliar a feirinhade Porto de Sauípe.
Hoje, as nossas barracas estão totalmente danificadas, a COOPEVALES dispõe de suas novas barracas, nos esqueceram, não recuperaram as da AMPS e querem mudar o dia da Feira de Porto de Sauípe para as Sextas-Feiras,visando fortalecer a de Vila Sauípe, em detrimento da nossa, como era antes, desconsiderando a vontade dos moradores de Porto de Sauípe que solicitaram aosfeirantes a mudança da feirinha para os dias de Sábados, visto que é o melhordia para compra dos produtos oferecidos na feira.
Para isso, pressionam os feirantes a não frequentar a feirinha de Porto de Sauípe, visando enfraquecê-la. Por ordem do poderoso senhor Beraldo Boaventura, o JUCA(Josemi Alves Pereira) Presidente da AMPS, deixou de ser convidado para toda e qualquer reunião e/ou evento que por ventura venha a acontecer na Costa doSauípe e/ou ainda, em qualquer das entidades por ele controlada. Infelizmente os nosso amigos não conseguem medir o mal que estão praticando, seguindo cegamenteesse senhor.Ventila-se a venda da Costa do Sauípe. Esperamos que osocial dos novos donos venha a ser parceiro das comunidades e não queira serdonos como a atual gestão da Sauípe S/A. Sempre a postos,
JUCADOPORTO
:: Principal ::
Turismo sustentável
Vida nova para Sauípe
Programa Berimbau mobiliza comunidades do litoralnorte da Bahia para conviver e crescer com a atividade turística
Todos os dias, quando apara o tapete de grama dovistoso campo de golfe, cultivado sobre dunas à beira-mar no complexo hoteleiroda Costa do Sauípe, litoral norte da Bahia, o baiano Paulo Sérgio da Conceição,30 anos, dá um nó na cabeça.
Acostumado ao barro do acanhado campinho de futebolde várzea, na Vila Sauípe, povoado onde reside, lidar com hóspedes ricos e muito exigentes, um mundo bem diferente do habitual, é para ele motivo de indagações -e de muitos sonhos.
Afinal, as gorjetas, se tiver sorte, podem ser robustas.Trabalhar em um ramo tão estranho à sua cultura, aprendendo novos ofícios ealargando o vocabulário com os jargões do golfe, mexe com o psicológico.
É como uma bola de neve: novos conceitos e aprendizados surgem a toda hora.Tempos atrás, o rapaz ouviu nos bastidores dogolfe o nome de um instrumento musical muito conhecido por ele e por todos osbaianos: o berimbau.
Ora bolas! O que teria o golfe a ver com as rodas decapoeira? Mais confusão... Programa Berimbau... Geração de renda... Ações paracapacitar a população e desenvolver a região...
O burburinho de palavras parecia confuso, muito confuso. Até que mais um termo entrou em cena para piorar: o lixo, sobre o qual ele ouviu falar que estava ajudando muita gente a ganhardinheiro. O que tem a ver lixo com berimbau, golfe e dinheiro?
A resposta, por mais estranha que a ele possa parecer, está no adubo sim, nas toneladas de fertilizantes que os operários do campo de golfe aplicam rotineiramente no imenso gramado.
Explica-se: esse produto que cultiva o verde cintilante e nutre o lazer de golfistas,responsáveis pelo consumo médio de US$ 500 diários na Costa de Sauípe, provém do lixo. Isso mesmo, das sobras de vegetação e da farta comida dos restaurantes, transformadas em nutrientes de excelente qualidade na nova usina de compostagem inaugurada neste ano na região.
Novidades assim permeiam as mentes de Paulo Sérgioe de mais 50 empregados do golfe, estrutura que serve ao complexo hoteleiro da Costa do Sauípe como um todo, incluindo um gramado de 660 mil metros quadrados,equivalente a 66 campos de futebol, palco de importantes torneios internacionais.
Até onde esses operários viajam nos devaneios, após o expedientede trabalho, quando deixam essa espécie de ilha da fantasia e retornam à dura realidade de seu vilarejo, onde convivem com os tradicionais problemas deeducação, saúde e saneamento?
Leque de desafios
Ao ser inaugurado no litoral norte baiano, em 2000, o Empreendimento Turístico Costa do Sauípe, o maior da América Latina,passou a ser visto como uma enorme fonte de empregos, principalmente para asoito comunidades vizinhas, situadas nos municípios de Mata de São João e EntreRios, cortados pela Linha Verde a estrada litorânea construída na década de 90 para impulsionar o turismo.
Afinal, eram cinco hotéis cinco estrelas de bandeira internacional que surgiram de uma hora para outra em uma região muito carente de oportunidades estáveis de trabalho o Renaissance Costa do Sauípe Resort, SuperClubs Breezes Costa do Sauípe, Sofitel Suítes & Resort Costa do Sauípe, Costa doSauípe Marriott Resort & Spa e Sofitel Conventions & Resort.
Além deles, foram instaladas seis pousadas temáticas, 15 restaurantes e toda estrutura esportiva e de entretenimento para o complexo turístico.
No total, a rede hoteleira temcapacidade para receber 3,6 mil hóspedes, sem contar com os visitantes não-hóspedes que freqüentam eventos promovidos no local, como carnavais fora de época e shows musicais.Seria um grande foco de oportunidades. Mas, no que se refere a empregos, a realidade inicial foi bem diferente do que se esperava.
Acostumados à vida simples, marcada pela cultura de subsistência, a exemplo dapesca, da lavoura e do extrativismo, como os nativos poderiam de repente seadaptar às exigências desse novo mercado de trabalho e prestar serviços para umpúblico tão diferenciado? A absorção da mão-de-obra não ocorreu na medidaesperada pelas comunidades. Havia uma barreira: o grau de analfabetismo, que atinge 45% da população local.
Como pode um empreendimento ser um vetor dedesenvolvimento para uma região se as pessoas não estão capacitadas para isso? Na busca de respostas para esse dilema, osempreendedores da Costa do Sauípe, especialmente a Caixa de Previdência dosFuncionários do Banco do Brasil (Previ), a Fundação Banco do Brasil, a SauípeS/A e os grandes hotéis ali instalados, encomendaram um plano de ações concretase integradas para derrubar os muros invisíveis que os separavam das comunidades.
Assim nasceu o Programa Berimbau um conjunto de iniciativas destinadas areverter o choque cultural e a exclusão social, promovendo o desenvolvimentoregional. "Um complexo hoteleiro desse porte não pode se tornar uma ilha deprosperidade cercada de miséria por todo lado", destaca Francisco Oliveira, 45anos, coordenador do Berimbau.
Em resumo: Costa do Sauípe não quer repetir, por exemplo, a situação de Porto Seguro, onde a exploração predatória do turismo e a falta de planejamento culminaram no surgimento de bolsões de pobreza que hojeameaçam a sustentabilidade das atividades turísticas locais.
Fonte de idéias
O primeiro passo foi levantar toda a demanda doshotéis, lojas e restaurantes dos alimentos aos xampus. A partir dessa grade deconsumo, foram identificadas as potencialidades regionais para atender àsnecessidades do empreendimento. Foram definidas, então, cadeias produtivaslocais, como agricultura e artesanato, com objetivo de abastecer o complexohoteleiro e, ao mesmo tempo, aumentar a renda e gerar benefícios para ascomunidades enfim, abrir novas perspectivas de vida tendo o turismo como fiocondutor.
Na Vila Sauípe, onde moram os trabalhadores do golfe, o Programa Berimbau impulsionou a Escola de Produção, uma espécie de incubadora de boas idéias antigo projeto do Instituto de Hospitalidade,organização sem fins lucrativos voltada para educação e capacitação na cadeia doturismo sustentável. "Foi preciso, de imediato, mostrar ações concretas,conquistando a credibilidade dos moradores", explica Oliveira..
Além de aulas deinformática e de alfabetização de adultos, a escola está estruturando umacooperativa de costureiras para produzir, entre outras coisas, os uniformes decerca de 2 mil funcionários da Costa do Sauípe."Precisamos de alternativas ao artesanato depalha, que durante as chuvas do inverno se torna mais difícil", afirma MireneTavares da Silva, 56 anos. Ela se prepara, ao lado de outras mulheres da vila, para alavancar uma nova atividade: a produção de xampus e sabonetes em escala comercial para abastecer os sofisticados banheiros dos empreendimentosturísticos que despontam na região.. Feitos à base de ervas aromáticas colhidasnos quintais, os produtos vinham sendo confeccionados artesanalmente mas agora consultores estão trabalhando com a comunidade para adaptar o design e o tamanhodas embalagens aos padrões exigidos pela rede hoteleira.
Nesse mesmo espaço de aperfeiçoamento profissionale de descoberta de novas vocações, o ex-pescador Josimar Silva dos Santos, o Samuca, 22 anos, aprendeu a entalhar placas de madeira, obtidas do tronco de jaqueiras da região, utilizadas na sinalização dos hotéis e restaurantes. "A poluição dos rios diminuiu muito a quantidade de peixes", ressalta Santos,explicando por que abandonou os mares. Com o turismo, o entalhe da madeira tem futuro mais promissor.
Na alta temporada, o artesão e seus companheiros ganham, cada um, cerca de R$ 700 mensais, enquanto um terço da população local sobrevive com renda inferior a um salário mínimo.
As perspectivas são promissoras, tendo em vista osnovos empreendimentos turísticos que estão chegando na região. Além da Costa doSauípe, onde atualmente está sendo construído um condomínio de luxo com 187casas, a 5 quilômetros dali será inaugurado o Reserva Imbassaí, do grupoportuguês Reta Atlântico, que inclui três hotéis e sete condomínios de luxo, comprevisão de gerar 1,2 mil empregos diretos.
Nos arredores situam-se também o resort da operadora espanhola Iberostar e o condomínio residencial Quintas dasLagoas, ambos em fase de construção. "É preciso integrar de maneira sustentávelos 7 mil habitantes que vivem nas comunidades do entorno", afirma FabriceLeclercq, do International Trade Center (ITC). Subordinado à ONU e voltado paraprogramas de redução da pobreza através do comércio exterior, no qual o turismose insere, o ITC escolheu o Programa Berimbau como modelo.
Os resultados começama ser percebidos: dos 2,6 mil postos de trabalho gerados na estrutura da Costado Sauípe na baixa estação e 3,5 mil na alta, cerca de 50% são ocupados pormoradores locais.Estratégia da educaçãoOs novos empreendimentos na região de Sauípe abremcaminhos para pessoas que até então precisavam migrar para grandes cidades embusca de uma vida melhor.
De outro lado, contudo, a explosão do turismo incha aspequenas cidades vizinhas com migrantes atraídos pelas promessas de emprego. Mas nem sempre os vilarejos, esquecidos pelo poder público, estão preparados parasuportar o aumento da população. Ocupação urbana irregular, falta de água elançamento de esgoto no ambiente são somente algumas das conseqüências. Oproblema já acontece em Porto Sauípe, cidade vizinha ao complexo hoteleiro, ondeos manguezais estão sendo desmatados e recebendo dejetos lançados pelas casasque surgem na cidade de uma hora para outra, para aproveitar as benesses da rica vizinhança.
A população da cidade, distante 5 quilômetros da Costa do Sauípe,aumentou de 1,5 mil para cerca de 6 mil habitantes depois que começaram as obrasdo complexo hoteleiro."A educação deve ser a principal estratégia paradespertar a cidadania e reverter esse quadro", pondera o arquiteto e artistaplástico Josemir Alves Pereira, o Juca, 52 anos, coordenador do Centro Comunitário de Porto Sauípe, apoiado pelo Programa Berimbau. Ali, todas asmanhãs, 20 mulheres freqüentam sessões de ginástica. Cuidam do corpo, previnemdoenças e melhoram a auto-estima.
À tarde, 50 jovens participam das aulas decapoeira, com as quais desenvolvem potenciais e podem ter uma pequena renda comapresentações durante festas e eventos nos grandes hotéis vizinhos. Além desses cursos, as vagas nas turmas de inglês, espanhol e italiano são muito disputadaspela população local que sonha em aprender um idioma para trabalhar no turismo.
O mesmo ocorre na estação digital, equipada com dez computadores, onde 140alunos se preparam para enfrentar o novo mercado de trabalho. Os moradores maisvelhos lutam contra o tempo. "Devido à brusca redução da pesca, ex-pescadorestentam se alfabetizar para trabalhar como segurança nos hotéis", conta Juca.
De fato, desde que a rodovia BA 099, a LinhaVerde, foi inaugurada, na década de 90, muitas coisas mudaram na vida dosmoradores do litoral norte baiano. Praias aonde só se podia chegar no lombo demulas passaram a receber carros, vans, ônibus. Os atrativos de Mangue Seco,
Praia do Forte e, agora, Costa do Sauípe, valorizaram as terras na região.
Nativos não resistiram às propostas dos forasteiros, venderam casas por um bompunhado de dinheiro e migraram para a capital. Em local tão valioso, a primeiraprovidência é cercar as propriedades, protegendo-as. "Hoje em dia, muitos donosde terra não deixam a gente entrar na mata para pegar palha de piaçava", lamentaa artesã Valdimira Batista Silva, a Vavá, 57 anos.Além disso, com o crescimento do turismo é cadavez maior o número de pessoas que fazem artesanato para vender nas lojas esustentar a família.
Com tanta gente trabalhando no extrativismo, a palmeira de piaçava, típica daquele pedaço de Mata Atlântica, está ficando escassa. "Épreciso ir cada vez mais longe para conseguir palha", reclama Vavá, uma das 48 mulheres da Associação de Artesãs de Porto Sauípe, que tem o apoio do Programa Berimbau. "Mas vale a pena enfrentar mosquitos, muitos espinhos e até onças",ressalva a artesã. Motivo: bolsas, jogos americanos, tapetes, potes e outrosobjetos confeccionados com a palha da piaçava rendem a cada uma cerca de R$ 600por mês, em média. Antes da inauguração da Costa do Sauípe, com muito custoconseguiam superar R$ 100. "Minhas nove filhas também trançam e costuram apalha", orgulha-se Vavá.
Aliás, as boas perspectivas de vendas para os turistasestão mudando os padrões desse artesanato - tradicionalmente praticado pormulheres. Desempregado, Geraldo Silva, 18 anos, único filho varão de Vavá,rendeu-se ao ofício até então exclusivamente feminino. Nada de machismo. Vale o ditado: na hora do aperto, o preconceito tem conserto.
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