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2 de junho de 2009

FALTA DE AÇÕES PREVENTIVAS NAS BARRAGENS DO BRASIL

Barragem Boa Esperança - PI


Essas barragens

Blog do Nildo - 29/05/2009
Nildo Carlos Oliveira


As barragens, todas elas, em qualquer lugar do mundo, são obras que, por mais seguras que sejam, continuamente preservam um latente potencial de risco. Podem ser barragens construídas apenas para armazenamento e abastecimento de água; podem ser aquelas das pequenas, médias ou grandes hidrelétricas. Nenhuma dispensa operações radicais de monitoramento.

Orós, na época de JK, foi considerada segura. Um dia extravasou. E as consequências foram catastróficas. A barragem da usina hidrelétrica de Campos Novos, no rio Canoas (SC), foi bem construída. Um trabalho considerado de primeiro nível, da engenharia brasileira. Erosão no fundo da estrutura provocou o esvaziamento do reservatório e houve necessidade de outro difícil trabalho de engenharia para refazê-la.

Os exemplos são numerosos. Agora, chegou a vez da barragem Algodões 1, no Piauí, cujo rompimento é atribuído ao excesso de chuva. Há mortos e desaparecidos. Em poucos instantes, casas foram levadas. E não somente as casas. Sumiram na caudal os objetos miúdos da sobrevivência. Os gêneros de primeira necessidade e os tarecos com que é costurado o viver cotidiano. Árvores foram arrastadas. E, quando as águas baixaram, a visão era de que se voltava a um mundo primitivo.

A culpa recairá inapelavelmente sobre o projetista da obra. Mas, em tragédias desse tipo, a culpa não é apenas de um; é de muitos.

No geral, as barragens requerem um trabalho persistente de monitoramento. Um monitoramento não para avisar que elas vão se romper, mas para prevenir o rompimento e as consequências futuras ocasionadas pelos estragos.

O governo federal tem no Ministério de Integração Regional, órgão específico para “orientar e priorizar as intervenções preventivas”. O que é necessário saber é se, a partir desse órgão – ou fora dele - as barragens brasileiras estão sendo monitoradas. Mas, monitoradas antes mesmo que elas “alertem” sobre a situação de risco. Porque elas “alertam”. Os fiscais têm condições de avaliar, séculos antes da ocorrência, se elas apresentam fissuras; se as fissuras acontecem em ponto de maior vulnerabilidade; se a altura do maciço está nos patamares especificados; se a capacidade do reservatório está nos níveis toleráveis. Enfim, prevenção.

O lamentável, entre nós, é que a palavra PREVENÇÃO é alguma coisa escondida, dissimulada. Uma palavra envergonhada perdida no meio do dicionário. Para vergonha do País.

Fonte: Blog do Nildo - 29/05/2009

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