Bolsão 7, conjuntos habitacionais no entorno do mangue, em Cubatão/SP
Famílias são levadas de serra para área de mangue
Especialistas criticam transferência de moradores de encostas em Cubatão para conjuntos habitacionais construídos em local com problemas ambientais
06 de fevereiro de 2011
Márcio Pinho - O Estado de S.Paulo
O Programa de Recuperação da Serra do Mar, do governo do Estado de São Paulo, está levando 1.754 famílias das mais de 5 mil que são retiradas das áreas de risco de Cubatão, na Baixada Santista, para outra região apontada como sensível por ambientalistas, o entorno de um mangue.
São conjuntos habitacionais e casas que estão sendo construídos no Jardim Nova República, bairro afastado do centro de Cubatão que cresceu nos últimos 20 anos nas proximidades do mangue. Trata-se de um ambiente importante para a reprodução de peixes, mas que hoje já convive com problemas como esgoto a céu aberto e descarte de materiais nas águas.
Os prédios chamam a atenção de quem sobe ou desce a serra porque são um reduto de concreto em meio ao verde dos mangues e da Serra do Mar, entre a Via Anchieta e a Rodovia dos Imigrantes. O terreno já havia sido desmatado décadas atrás e usado como depósito de materiais para a construção da Imigrantes.
O temor é que a degradação da área já habitada, conhecida como Bolsão 8, torne-se a mesma nos Bolsões 7 e 9, que receberão as famílias. Já estão em processo de mudança 32 delas.
Para Yara Schaeffer-Novelli, professora do Instituto Oceanográfico da USP e especialista em gestão de zonas costeiras tropicais, a urbanização trará prejuízos. "É um ambiente extremamente frágil em termos de equilíbrio." Segundo ela, a drenagem da água das chuvas será prejudicada e deverá mandar sujeira ao mangue. Ela defende a volta da área ao estado original. Yara afirma ainda que uma alteração no fluxo de águas facilita a erosão e que outras experiências mostraram que terrenos próximos a mangues sofrem afundamentos, o que afeta o sistema de esgoto.
Para Fábio Dib, membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), a falta de vegetação altera o clima com a formação de ilhas de calor. Ele diz que será preciso educação por parte da população e um bom sistema de coleta de resíduos. Avalia que o uso para desocupar as áreas de risco é, dos males, o menor. Fonte: Jornal O Estadão
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!
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