SOS RIO DOCE (ES) - EXCESSO DE ESGOTOS PODERÃO MATAR OS RIOS CARATINGA E PIRACICABA (ES/MG)

Ponte Florentino Avido, sobre o Rio Doce, em Colatina (ES)

DENÚNCIA: ESTÃO MATANDO NOSSOS RIOS

8/2/2011 

Estudo feito no Rio Doce aponta riscos
irreversíveis em cursos d’água do ES

Flavia Bernardes 

A quantidade e a qualidade de esgotos despejados no Rio Doce, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo, poderão gerar danos irreversíveis para dois outros cursos d’água. Segundo o estudo elaborado durante quatro meses pelo consórcio Ecoplan-Lume, se nada for feito os rios Caratinga e Piracicaba, que cortam os dois estados, poderão desaparecer em 15 anos.

A informação é que 90% das cidades da bacia em Minas e no Espírito Santo lançam esgoto sem tratamento nos corpos receptores, resultando em cargas incompatíveis com a autodepuração na maioria dos trechos.

O alerta foi feito por meio do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce, assinado pelo consórcio Ecoplan-Lume. O estudo cruzou dados sobre poluição provocada por descargas de esgoto doméstico sem tratamento e assoreamento da bacia, causado, principalmente, pela destruição da cobertura vegetal.

Neste contexto, o estudo reúne informações precisas sobre a situação da bacia e os impactos futuros que deverão nortear a adoção de ações e programas do poder público neste sentido. O objetivo é propor a cobrança pelo uso da água, como já ocorre no Espírito Santo; reduzir o assoreamento; universalizar o saneamento básico e a cobertura florestal.

O estudo foi encomendado pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce)  e custeado pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), no Espírito Santo.

Em janeiro, a Fundação SOS Mata Atlântica já havia apresentado resultado da análise de 43 rios brasileiros, feita em 2010. A qualidade do Rio Caratinga foi considerada ruim. Além deste, também entraram no alerta da ONG os rios Itapemerim, Santa Maria da Vitória e o próprio Rio Doce.

Segundo o estudo, os aspectos futuros da bacia foram trabalhados para o período entre 2006 e 2030, em distintos cenários, tendo como base números, valores e indicadores da vazão e qualidade de água fornecidos por instituições controladoras dos recursos (companhias de saneamento, barragens e instituições públicas).

Ao todo, a  projeção é que abastecimento público, irrigação, pecuária e uso industrial devem consumir, em 2030, 46 mil litros de água da bacia por segundo. Em 2006, o consumo era de 30 mil litros por segundo. Já a irrigação deverá representar 51% desse consumo nos próximos 24 anos.

Desertificação

Segundo o estudo, a degradação da bacia resulta também em um processo de desertificação em municípios como Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Colatina, Marilândia, Pancas, Mantenópolis, Rio Bananal, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, Sooretama e Vila Valério.

A informação é que esses municípios já apresentam características da desertificação ou foram afetados pela seca recentemente.

O estudo aponta que parte importante da vegetação natural tem sido substituída por pastagens exóticas. Diz também que a baixa fertilidade natural dos solos e a topografia acidentada, aliada ao sobrepastoreio, reduzem a capacidade de suporte das pastagens e expõem o solo a intensos processos erosivos.

A exploração mineral, principalmente de areia, também contribui para a erosão dos solos e assoreamento de córregos, rios e lagos.

http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=7798 
 
Edmilson Pinheiro
São Luís/MA/Brasil
www.forumcarajas.org.br 

http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com/

http://reentrancias-ma.blogspot.com/

Fonte:

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