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17 de dezembro de 2008

POPULAÇÃO DE CURITIBA (PR) QUER DESATIVAR ATERRO DA CAXIMBA

Comunidade de Curitiba (PR) clama por transferência de aterro sanitário

"O maior desafio de um aterro é com o tratamento do chorume, o líquido gerado pela degradação dos resíduos e que contém alta carga poluidora que atinge os rios". A engenheira sanitarista Carolina Tozetto diz que, após tratamento, os efluentes da Caximba obtém redução de sua carga orgânica em torno de 89 a 92%, quando são lançados nos rios, sem qualquer perigo de dano ao meio ambiente.

Mônica Pinto / AmbienteBrasil

Nos Estados Unidos, é corrente a expressão NIMBY – acrônimo de Not In My Backyard, que significa "não em meu quintal". Ela é utilizada para sintetizar rejeição a projetos que, mesmo reconhecidos como de interesse comum, são refutados pelas comunidades de seu entorno. Em tal bojo, encaixam-se de fábricas com resíduos de alto nível poluente a usinas nucleares.

No Paraná, esse é o sentimento da população atingida pelo Aterro da Caximba, localizado em uma área de aproximadamente 1 milhão de metros quadrados, a 23 quilômetros ao sul do centro de Curitiba. O empreendimento recebe os resíduos sólidos domiciliares da capital e de outros 14 municípios da região metropolitana.

No início deste mês, uma comissão de moradores apresentou à Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná queixas relacionadas à operação do Aterro. Entre as preocupações externadas, a suspeita de que a contaminação pelo lixo esteja causando vários dos problemas de saúde que vêm sendo registrados pela população local, como doenças renais, respiratórias e abortos espontâneos.

Outra denúncia feita no encontro revelou que grandes empresas geradoras de resíduos estariam misturando lixo industrial ao lixo orgânico depositado no Caximba, o que não é permitido.

O MP se comprometeu a encaminhar ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) um ofício solicitando que o órgão verifique as condições do aterro e, se constatadas irregularidades, que multe a Prefeitura de Curitiba.

No dia 11 passado, moradores participaram de uma reunião na Câmara Municipal de Curitiba para discutir a retirada do aterro sanitário do bairro e as opções para a instalação da usina de processamento de resíduos ora em estudos pela Prefeitura da capital paranaense.

Aos vereadores membros da Comissão de Segurança Pública e Defesa da Cidadania, o grupo pleiteou opções de um novo local para receber o lixo em Curitiba, acabando com o aterro sanitário no Caximba.

É o sonho de gente como Daiana Mara Ribeiro Batista, 22 anos, leitora de Ambiente Brasil que enviou ao portal uma mensagem comovente. “Não queremos lixão, nem aterro, nem usina de reciclagem. Nos deixem em paz, pelo amor de Deus”, escreveu ela.

“No Caximba todo mundo é parente de todo mundo, o que seria um bairro nobre estão enterrando com o lixo”, prossegue Daiana, mãe de uma menina com oito meses de idade. “Como a criarei ao lado do lixo?”, questiona.

“Sofremos com o aterro sanitário durante 19 anos, minha família é uma das que foram indenizadas pela compra dos primeiros terrenos e até hoje não recebemos tudo”, coloca ainda.
Fonte: EXCLUSIVO - Ambiente Brasil


VISITA AO ATERRO DO CAXIMBA
A Caximba recebe resíduos de 14 municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Almirante Tamandaré, Araucária, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Contenda, Fazenda Rio Grande, Itaperuçu, Pinhais, Piraquara, São José dos Pinhais, Mandirituba e Quatro Barras), integrantes do consórcio. “O aterro, que recebe diariamente 23 toneladas de lixo, tem previsão de vida útil até o ano que vem”, disse o diretor do Departamento de Limpeza Pública, Nelson Xavier Paes, explicando, que, mesmo depois de saturado, o aterro deverá ter manutenção por mais 30 anos. “O local que recebe o lixo é totalmente impermeabilizado”, comenta.

Chorume

Já a engenheira sanitarista Carolina Tozetto afirmou que o maior desafio é com o tratamento do chorume, o líquido gerado pela degradação dos resíduos e que contém alta carga poluidora. O processo de tratamento, entretanto, tem controle rigoroso no Caximba. “Os efluentes, após passarem pelo sistema de tratamento e com redução de sua carga orgânica em torno de 89 a 92%, são lançados nos rios, sem qualquer perigo de dano ao meio ambiente. Já os gases resultantes da decomposição da matéria orgânica são queimados”, explica.

Os problemas ambientais com a descarga de resíduos sólidos em locais inadequados foram alertados por Xavier Paes, destacando-se a alteração na qualidade do ar por causa da emanação de gases e poeiras, poluição nas águas superficiais e do subsolo pelo chorume e migração de gases, a estética do solo devido ao espalhamento do lixo, além de atrair insetos e roedores nocivos à saúde da comunidade.

O diretor comentou, ainda, que em Curitiba apenas 21% do lixo é reciclado. “O índice ideal é de 40%. É preciso conscientizar a população da importância da reciclagem”, finalizou.
A visita foi acompanhada por grupo de estudantes.
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3 comentários:

  1. Gostaria de convidar a engenheira Carolina, para conhecer o chorume e andar pela regiao onde a destruição do Rio Iguaçú tem início. Agradeço ao Diretor por concordar que a emissão de gases causa problemas. Isto ja sabiamos, apenas esta sendo confirmado.
    Jadir Silva de Lima, do descaso das administrações dos tres poderes.

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  2. Caro Jadir
    Sugiro encaminhar email para a Eng. Carolina Tozetto no Departamento de Limpeza Pública de Curitiba, falando de sua preocupação com o chorume gerado no aterro que polui o Rio Iguaçu.

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  3. Olá , Gostaria de saber como foi se caso tenha esse conteúdo para informação, de qual forma foi feito o levantamento de fauna no entorno no aterro da Caximba , ligados a fauna de animais vertebrados terrestres. Sou estudante de Eng° Ambiental São Paulo.
    Obrigado fico no aguardo.

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