CAMPANHA PERMANENTE “DIGA NÃO ÀS ENCHENTES”
Existem hoje no Brasil dois tipos de comunidades que merecem nossa análise e destaque:
- as cidades sérias, bem administradas e ambientalmente responsáveis;
- as cidades ambientalmente descuidadas.
Nas “cidades sérias, bem administradas e ambientalmente responsáveis”, os eleitores esclarecidos elegeram administradores honestos, competentes, com visão do bem estar da população, que organizaram equipes de diretores e secretários com competência administrativa e principalmente com planejamento e prevenção efetivas, visando impedir ocorrências de tragédias no período das chuvas.
A defesa civil, o setor de obras, serviços públicos, engenharia, bem estar social, meio ambiente, fiscalização e outras, trabalham integradas e tomam providências com antecedência, para que tragédias ambientais não aconteçam nessas comunidades, com a chegada das estações das chuvas. Mesmo quando as precipitações pluviométricas são volumosas o escoamento é normal pelas vias e cursos d’ água desobstruídos.
Geralmente as Câmaras de Vereadores, composta por parlamentares competentes e de visão ambiental, recebem os moradores, as associações de bairros, ONGs e OSCIPs, encaminhando, cobrando e fiscalizando as providências do Executivo Municipal. Quando não atendidas, sabem tomar as providências necessárias.
Nas “cidades sérias, bem administradas e ambientalmente responsáveis” a população é consciente e responsável de seus deveres de cidadão e de seus direitos de reivindicação, cobranças e fiscalização, reunindo-se em organizações da sociedade civil, participando dos Conselhos Municipais, dos Comitês de Bacias Hidrográficas e das reuniões comunitárias em defesa do bem estar de todos. Colocam lixo nas lixeiras, nos locais corretos para retirada, não jogam sacos plásticos e garrafas PET usadas nos terrenos baldios, nos bueiros e nos rios.
Já nas “cidades ambientalmente descuidadas” a coisa é bem diferente e as tragédias ambientais são recorrentes.
Lamentável e vergonhosamente, todos os anos, nas mesmas cidades, no período das chuvas, nós assistimos novamente o mesmo filme: “o drama dos desabrigados pelas enchentes, inundações e deslizamentos”. Com os mesmos sofridos e calejados atores (leia-se: moradores, invasores de áreas de risco ou eleitores) ou por atores novos, que sem ter um local digno e seguro para construir suas moradias, acabam se instalando (geralmente com complacência de autoridades incompetentes, maus políticos, fiscais desonestos, golpistas imobiliários e outros), em áreas de alto risco, várzeas inundáveis ou em terrenos condenados.
Ninguém vê, ninguém sabe, ninguém prevê as tragédias que fatalmente acontecerão, ninguém autoriza (oficialmente) e ninguém fiscaliza esses absurdos nas “verdadeiras terras de ninguém”...
Chegam as chuvas e as “atitudes proativas de prevenção de tragédias”, tais como: limpeza e desassoreamento das valetas de escoamento, córregos, ribeirões e rios; limpeza dos bueiros e piscinões; deslocamentos das residências instaladas irregularmente em áreas de alto risco; construções de taludes, muros de contenção, valetas de escoamento das águas pluviais e outras providências necessárias, que o bom senso e o mínimo de CAPACIDADE ADMINISTRATIVA recomendam, não aconteceram naquelas cidades.
Nas “cidades ambientalmente descuidadas” os governantes ambientalmente incompetentes, com seus assessores, geralmente apadrinhados por compromissos de partidos, mas sem a mínima competência, “não enxergam um palmo adiante do nariz” e estão ali, certamente recebendo um dos melhores salários da cidade e se locupletando com o dinheiro público, enquanto a população abandonada à sua própria sorte enfrenta as tragédias em todas as chuvas.
Geralmente os Vereadores dessas “cidades ambientalmente descuidadas” também “não estão nem aí” com o drama das populações que sofrem com as enchentes, inundações e deslizamentos de encostas, no período das estações das chuvas. Muitos até, nos período das campanhas eleitorais “conseguem doar” aos incautos eleitores: áreas verdes, áreas de recreio dos loteamentos, antigos lixões, encostas e zonas de risco, várzeas e margens de cursos d’ água, áreas de proteção permanente (APP), que deveriam ser rigorosamente fiscalizadas e que são invadidas com a complacência e conveniência desses maus políticos e fiscais corruptos.
Em sendo “cidades ambientalmente descuidadas”, é claro que atitudes preventivas não existem e a Administração Municipal, que sempre tem como desculpa: falta de verbas, falta de apoios, falta de investimentos dos Governos Estaduais e Federal (nos quais nunca buscou auxílio), com a chegada da estação das chuvas torrenciais só tem uma solução: ADMINISTRAR O CAOS E AS TRAGÉDIAS ANUNCIADAS:
- são centenas e centenas de desabrigados;
- muita gente ferida e exigindo cuidados médicos, remédios e até remoções para centros de maior recurso e hospitais especializados;
- vários casos lamentáveis e criminosos de perdas de preciosas vidas, que poderiam ser evitadas;
- perdas de bens materiais e local de residência dos desabrigados (geralmente de baixa renda e parcos recursos);
- destruição de bens públicos, tais como: pontes, galerias, asfalto, vias públicas, aterros, praças e jardins, acessos aos bairros periféricos, desmoronamentos e barreiras, que exigem maquinários, caminhões, muitas horas/homens e muito investimentos para recuperação;
- ocupação por longo tempo de espaços públicos, tais como: escolas, creches, quadras esportivas, salões sociais, igrejas e outros, para abrigar improvisadamente, sem o mínimo recurso, os desalojados pelas tragédias e impedindo o uso social, esportivo e educacional desses espaços;
- custo elevado de alimentação, água, roupas, campanhas de arrecadação, pessoal de apoio, viaturas para deslocamentos, remédios, providências de novos documentos e outros, para suprir a falta, aos que perderam tudo nas tragédias previsíveis e recorrentes.
O socorro e assistência às vítimas ficam dezenas de vezes mais onerosas do que os gastos com ações preventivas, bem planejadas e integradas pelas diversas diretorias, secretarias municipais, através mutirões com participação comunitária da sociedade civil organizada.
O QUE POSSO FAZER COMO CIDADÃO?
Se você reside numa “cidade ambientalmente descuidada”, onde todos os anos acontecem as mesmas tragédias previsíveis, você tem duas opções:
a)Mudar imediatamente para uma “cidade séria, bem administrada e ambientalmente responsável”;
b) Na impossibilidade acima, buscar apoio na comunidade para mudar a sua “cidade ambientalmente descuidada”.
Em toda comunidade, independente do número de habitantes, localização no Estado, com maior ou menor recurso, existem sempre organismos que podem e devem ser acionados para ouvir a sua população, estudar os problemas ambientais e procurar solucioná-los, da melhor maneira possível:
a) As autoridades constituídas: Administração Municipal, Câmara dos Vereadores, Poder Judiciário e Ministério Público (o Promotor Público é o curador do meio ambiente da Comarca), Comitês de Bacias Hidrográficas, Órgãos dos Governos Estaduais e Federal (em especial a DEFESA CIVIL ESTADUAL);
b) Entidades e Associações Não Governamentais: clubes de serviço (Rotary Club, Lions Club, Associações Esportivas), Associações Comerciais e Industriais, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Escritórios do CREA, Sindicatos, Grupos Comunitários (associações de bairro, ONGs, OSCIPs), Grupos Religiosos (católicos, evangélicos, espíritas, outros), Faculdades e Universidades, empresas de médio e grande porte com responsabilidade social;
c) Mídia local e regional (jornais, rádios, emissoras de televisão, sites e blogs da internet, boletins escolares, murais, serviços de alto falante).
Se um GRUPO PENSANTE E RESPONSÁVEL da comunidade buscar alguma organização citada acima (em sua cidade ou na região), levando suas preocupações e pedindo ajuda para solucionar os problemas ambientais, certamente receberão acolhida, serão ouvidos e juntos podem caminhar em busca de soluções para melhoria da saúde ambiental e qualidade de vida da população.
Não cito a busca de ajuda política (deputados estaduais, deputados federais, senadores), pois geralmente, por experiência própria nas atividades comunitárias, ficam só nas promessas e o pedido de ajuda nunca é atendido. Ademais, a grande maioria dos nossos políticos tem a equivocada postura de não investir em obras de saneamento público, porque dizem eles, "são de alto custo, ficam enterradas no chão, não aparecem e não dão voto". Preferem investir suas verbas em praças, chafarizes e fontes luminosas, asfalto, estádios de futebol, palcos para shows e obras que se destaquem para os olhos de seus eleitores.
Se nada for feito, nada vai mudar
Nada sendo feito, nenhuma atitude proativa sendo tomada pela comunidade, postura alguma sendo exigida daqueles que são muito bem pagos para solucionar os problemas, nada vai mudar na sua “cidade ambientalmente descuidada”.
As tragédias continuarão acontecendo em cada período de chuvas, pessoas continuarão perdendo o que conseguiram com muito sacrifício e trabalho e muitas preciosas vidas poderão ser sacrificadas em nome da incompetência administrativa e da inércia. Cabe também a nós fazermos a nossa parte e buscarmos as soluções!
Os espaços do BLOG SOS RIOS DO BRASIL estão disponíveis para divulgar ações comunitárias proativas, bem sucedidas, projetos e programas realizados para evitar tragédias ambientais em sua comunidade, casos típicos de sucesso na solução de problemas como os citados, busca de orientação e sugestões.
Na coluna “DENÚNCIAS AMBIENTAIS - FAÇA A SUA PARTE: DENUNCIE”, à direita do Blog, você encontrará os principais endereços para fazer denúncias aos órgãos ambientais competentes, em seu Estado, solicitando providências para os problemas constatados e que vocês não conseguem solucionar.
Vamos dizer “NÃO ÀS ENCHENTES” em nossas comunidades, na próxima temporada de chuvas que está chegando. Não fiquem de braços cruzados, esperando a ajuda cair do céu, pois nesse período, o que certamente cairá será muita chuva e ai daqueles que não se prepararam...
FAÇA A SUA PARTE E EVITE TRAGÉDIAS E MORTES EM SUA CIDADE!
Prof. Jarmuth Andrade
Físico e Ambientalista - Há mais de dois anos mantém voluntariamente, sem patrocínios, doações ou verbas, o Blog SOS Rios do Brasil, em defesa dos rios e mares do Brasil. O Blog já recebeu mais de 1,2 milhão de visitas, tem 690 seguidores/colaboradores e já apresentou até hoje (06/09) mais de 5.200 postagens sobre recursos hídricos do Brasil. A campanha permanente "Diga Não Às Enchentes" tem a adesão de centenas de comunidades, importantes entidades e associações, várias universidades e muitos sites e blogs voltados ao meio ambiente.
LEIA MAIS:
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas do Brasil!
ÁGUA - QUEM PENSA, CUIDA!
Professor,
ResponderExcluirComo sempre, merecidos PARABÉNS !
Abraços e Saudações,
Edmundo Ferreira da Rocha
Campos do Jordão - SP.
Olá professor Jarmuth,
ResponderExcluirDesta vez o senhor está mesmo inspirado, hein? Chutou o pau da barraca e a canela de muita gente incompetente...
Parabéns e vamos lutar contra as enchentes e morte dos inocentes!
Professor, seu post chegou em boa hora. Quem sabe, lendo esse alerta, muitos eleitores de 'cidades ambientalmente descuidadas' comecem a refletir...
ResponderExcluirSou fãzona deste blog!
Vcs podem fazer uma pesquisa sobre as cidades onde as chuvas provocaram tragédias, com muitos feridos, mortos e milhares de desabrigados e verão que nos últimos anos são sempre as mesmas "cidades ambientalmente descuidadas".
ResponderExcluirPodem ter certeza que São Paulo, Rio de Janeiro e várias cidades do Vale do Itajaí, em SC estão entre essas.
Parabéns pelo artigo e pela importante campanha permanente "Diga Não às Enchentes"..
Muito bom!
ResponderExcluirDá-lhes mesmo professor Jarmuth,
Esses políticos não querem nada com saneamento básico para o povão...
Eles querem só fazer coisa que apareça e dê votos...mas não é só deputados e senadores, não...tem muito prefeito e governador que evita usar verbas para fazer tratamento de m....
e o povão que continue na m....
Amigos do SOS Rios do Brasil,
ResponderExcluirEste alerta que estão fazendo agora, antes do inicio da temporada de chuvas é muito útil para que a população cobre das prefeituras as ações preventivas.
é uma vergonha com tanta tecnologia, tanto conhecimento de engenharia, tantas maquinas e equipamentos de limpeza de rios, desentupimento de bueiros, etc, acontecer mortes e feridos por qualquer chuva mais forte...
Se eu fosse prefeito e algum munícipe meu morresse por falta de providências ambientais de minha administração eu deixaria o cargo imediatamente...
"É uma vergonha"!, como diz o Boris Casoy, que pessoas continuem morrendo por inundações e deslizamentos...