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21 de setembro de 2010

LAVA JATOS DESCARTAM NO SOLO AS ÁGUAS SERVIDAS


20/9/2010
Impactos ambientais dos lava-jatos

A urbanização das cidades demanda por serviços que gerem cada vez mais benefícios proporcionando melhor qualidade de vida. Este conceito hoje se traduz por funcionalidade, agilidade e praticidade nas ações do cotidiano de vida.

O comentário é de Roberto Naime, professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, e publicado porEcoDebate, 20-09-2010.

Em 1914, em Detroit nos Estados Unidos foi aberto o primeiro lava jato, conforme relatava TYSON (Como funcionam os lava rápidos. s. l. 2001. Disponível emhttp://carros.hsw.com.br/lava-rapidos.htm> acesso em 24/04/2007) e daí em diante não pararam de crescer no mundo.

Os lava jatos de automóveis surgiram com a finalidade, de facilitar a vida das pessoas que querem seus carros limpos. O problema são os efluentes líquidos, com águas servidas contaminadas com óleos lubrificantes e outras impurezas e a geração de resíduos sólidos de vários tipos.

Os lava jatos descartam nos solos as águas servidas e não dispõe em geral de programas de gestão de resíduos sólidos. Os funcionários ficam em contato direto com os produtos químicos de limpeza sem nenhum equipamento de segurança.

PHILIPPI Jr. e MARTINS (Águas de abastacimento. In: PHILLIPI Jr., A Saneamento Saúde e Ambiente: Fundamentos para o desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 2005, cap 5, 117 -177) assinalam que estas águas após serem utilizadas na lavagem de automóveis, podem causar doenças como fluorose (excesso de flúor), metemoglobina que é provocada pelos nitratos, saturnismo provocado pela presença de chumbo e outras intoxicações.

Também deve ser registrada a presença de vírus e bactérias patogênicas que encontram condições adequadas de proliferação. O Conselho Nacional do Meio Ambiente(CONAMA) normatiza a matéria em sua resolução 273 de 2000. Mas podemos afirmar que nossos órgão ambientais estaduais e municipais carecem de estrutura para implantar e fiscalizar as normas.

Os separadores de água e óleo exigidos pela legislação inexistem ou estão em condições precárias, bem como os programas de gestão de resíduos e a instalação de equipamentos tem os mesmos problemas. A maioria dos lava jatos dispõe de EPIs (equipamentos de proteção individual) para os funcionários, mas na maioria não ocorre fiscalização sobre o uso dos equipamentos. Existe uma indisposição de colaboradores a utilizar os equipamentos por descaso ou falta de conhecimento.

Outro motivo de preocupação é o desperdício de água tratada. Nenhum destes estabelecimentos possui qualquer sistema de controle sobre a água.

O problema dos lava jatos com certeza não é um dos problemas ambientais mais graves que vivemos, mas um programa de conscientização por parte dos responsáveis seria muito conveniente e relevante. A própria população tem que se conscientizar da forma com que são usados os recursos hídricos, das contaminações produzidas por produtos químicos e pela própria água resultante das operações de lavagem.

Voltamos a antiga discussão de prioridades. Se na crise aérea concordamos que no momento, o importante é a segurança de decolar e aterrisar e não programas de gestão ambiental nos aereoportos. Se achamos que os maiores problemas ambientais não são conseqüência de lava jatos e sim de outras atividades, e isto é verdadeiro, cabe uma questão: Quando começaremos a cuidar dos problemas ambientais, sejam os mesmos relevantes ou de menor impacto? Fonte: IHU - Insituto Humanitas Unisinos


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