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1 de dezembro de 2008
Vale do Itajaí: crônica da omissão continuada
James Tavares-Secom/SC (wwf)
Cerca de 18 mil casas danificadas, 2.800 desabrigados
O movimento do vai-e-vem de helicópteros, comboios militares, ambulâncias e caminhões, a luta frenética de famílias inteiras contra a lama e entulhos que invadiram suas casas, os intermináveis congestionamentos, tudo contrasta com a paisagem bela e bucólica que acolheu os colonizadores alemães a partir de 1828 – seguidos pelos italianos.
Enchentes em Itajaí e os mesmos eventos registrados em diversas outras cidades da região, só que agravados por um extraordinário número de deslizamentos de terra – mais de uma centena de mortos – deixaram à mostra a vulnerabilidade do ambiente a eventos extremos como os registrados agora. E isto não é novidade: a primeira grande inundação na região foi relatada em 1880. A última, em 1983.A unanimidade encontrada hoje, em 2008, nos depoimentos de atuais políticos, gestores públicos e militantes ambientais é perturbadora: anos e anos de omissão dos poderes públicos na gestão ambiental.Todos apontam a ocupação urbana irregular das encostas dos morros e das margens dos rios, a destruição das matas ciliares como as causas principais do agravamento de um evento climático que, por si só, carregaria um poder de destruição arrasador.
Mais desconcertante ainda é saber que, conforme publicou hoje o jornalista escritor e historiador Ricardo Moreira de Mesquita, desde o século 19, sugestões já eram registradas por administradores para “combater” as enchentes.Igualmente desanimador é ouvir, pelas ruas, que 2008 será esquecido, como o foi 1983. A pergunta incômoda é: diante da possibilidade de que as mudanças climáticas provoquem eventos extremos como o este com mais e mais freqüência, o que faremos agora para, pelo menos, reduzir o número de mortes, danos e perdas no futuro? Afinal, foram necessários 25 anos para que 1983 fosse esquecido.
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