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16 de dezembro de 2008

SONAR DO IPT/USP (SP) VAI ANALISAR FUNDO DE RIOS BRASILEIROS

Digrama do funcionamento de um sonar

'Peixinho' já detectou 3 naufrágios na Billings

Em teste, sonar também captou camada de sujeira e leito antigo de rio

Eduardo Reina - O Estado - 16/12/08

O mundo de Laps é dividido em águas rasas e águas profundas. Sua especialidade são as rasas. Laps é o geólogo e pesquisador Luiz Antonio Pereira de Souza, maior autoridade brasileira em investigações de ambientes submersos.


Há 28 anos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) - até o segurança, quando perguntado sobre Luiz Antonio, fala: “Ah, é o Laps” -, o pesquisador já investigou o fundo de mares e rios na Antártida, no Japão, na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Há um mês, ganhou um novo “brinquedinho”, chamado de “peixinho”. E já descobriu três naufrágios antigos e uma imensa camada de sujeira na Represa Billings, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista - além de visualizar o antigo canal do Rio das Pedras, que deu origem ao manancial.

O teste do peixinho foi feito na represa nos dias 5 e 6 de novembro. O equipamento é um ultramoderno sonar de varredura lateral, que detecta o fundo de rios e represas e transmite imagens para a superfície. “É capaz de ‘enxergar’ 100 metros de cada lado”, diz Laps, entusiasmado.


O sonar funciona como um radar.

“Seria um transmissor de fotografias com movimento. Mas com a ressalva de que não utiliza luz para captar imagens.” O equipamento é acoplado a cabos no barco e fica submerso. Sua profundidade varia de acordo com o tamanho e a extensão das imagens a serem captadas. As ondas são emitidas em duas velocidades. Uma mais fraca, de 100 mil Hz, que mostra a superfície focada pelo visor. E outra de 500 mil Hz, capaz de ver detalhes, como se estivesse dando um zoom.

Foi nesses detalhes que Laps descobriu na Billings três barcos naufragados e alguns troncos de árvores gigantes abandonados no leito da represa na época de sua construção, há 83 anos. As árvores chegam a ter 9,5 metros de comprimento. “O primeiro barco é bem visível. O formato é fácil de visualizar. Já um outro é preciso observar bastante. Eu entendo que é um grande objeto formatado pelo homem. Há notícias de que houve afundamento de um barco de corrida no local. Eu acho que é ele”, diz o geólogo. O local rastreado na Billings é usado para corridas náuticas há vários anos.

O barco está a aproximadamente 13 metros de profundidade. Pelas imagens mostradas por Laps, é possível observar um casco deitado na lateral e uma espécie de cabeça numa das pontas, que pode ser o motor de popa do barco. Um outro barco, provavelmente de alumínio, tem 5,5 metros de comprimento e afundou reto. Está no leito da represa como se estivesse na superfície. “Dá para ver a textura, bastante lisa. Não vi lugar que me sugerisse a existência de pedras nesse trecho da represa”, disse o pesquisador. Isso permite concluir que esses naufrágios não foram provocados por batidas das naus em pedras, em outros objetos na superfície ou em algo submerso.

CAMADA DE LODO

Outra “preciosidade” que o peixinho de Laps captou foi uma gigante e espessa camada de sedimentos e sujeira no corpo d’água que abastece 4,5 milhões de pessoas em São Paulo, Santo André, São Bernardo, Diadema e parte da Baixada Santista.

A enorme massa de sedimentos tem uma textura lisa e cobre toda a área da represa. Ambientalistas que trabalham na preservação do manancial afirmam que há uma camada de pelo menos 50 centímetros de lodo, num total de mais de 47 milhões de metros cúbicos, onde há muitos pontos contaminados por metais pesados. A poluição é oriunda das águas do Rio Pinheiros, que por muitos anos foram despejadas na Billings.

Laps não consegue identificar o exato tamanho da camada de sedimentos. “Há um outro equipamento que consegue descobrir a espessura dessa camada. Este faz apenas as imagens.” A prefeitura de São Bernardo assinou há dois anos convênio com a Agência Japonesa para Cooperação Internacional (Jica) para desenvolver projeto de recuperação desse trecho da Billings. O projeto prevê verba de US$ 100 milhões.

A rápida expedição do IPT no teste do sonar percorreu uma área de cerca de 2 quilômetros quadrados. Partiu da ponta do Jardim Hawaí, em São Bernardo, e foi serpenteando as águas até a outra margem, nas proximidades do Clube da Polícia Militar. Para quem está na Via Anchieta, esse trecho fica no bairro de Riacho Grande, do lado direito da estrada, sentido Baixada Santista.

Também chamou a atenção a visualização do leito antigo de um rio, muito provavelmente o Rio das Pedras, que deu origem a esse braço da Billings. “Este é o leito cravado no solo antes da inundação. Há, na verdade, dois rios afluentes neste ponto de terra”, revelou o pesquisador. O processo de inundação teve início em 1928.

O primeiro trabalho oficial com o sonar será realizado em janeiro, no Rio Araguaia. “Vamos fazer um levantamento para saber se ele tem navegabilidade, estudar os processos de erosão e assoreamento. O objetivo é criar uma hidrovia”, explica Laps. A pesquisa e a compra do sonar são financiadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O Araguaia, com cerca de 2 mil quilômetros de extensão, nasce no Parque Nacional das Emas, em Goiás, e deságua no Rio Tocantins, fazendo a divisa natural entre Goiás, Mato Grosso, Pará e Maranhão. Fonte: OESP, 15/12, Metrópole, p.C10. /Manchetes Socioambientais

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