• Luís Moura/Estadão Conteúdo
    Represa de Bragança Paulista, no interior de SP, que faz parte do sistema Cantareira, está quase seca
    Represa de Bragança Paulista, no interior de SP, que faz parte do sistema Cantareira, está quase seca
  • Racionamento de água afeta 500 mil em região que abastece Cantareira

    Eduardo Schiavoni e Wellington Ramalhoso
    Do UOL, em Americana (SP) e São Paulo
Ameaça na capital, o racionamento de água já é realidade no interior de São Paulo. Quase meio milhão de moradores da região de Campinas (93 km de São Paulo) passa ou já passou, desde o começo de fevereiro, pela situação. Das 75 cidades abastecidas direta ou indiretamente pelas águas do Sistema Cantareira --o mesmo que abastece parte da capital e região metropolitana--, seis já tiveram de racionar o fornecimento de água na região de Campinas: Santo Antônio de Posse, Itu, Vinhedo, Valinhos, São Pedro e Cosmópolis.
A região de Campinas e a Grande São Paulo são abastecidas pelo mesmo sistema hídrico, o Cantareira. Entre as fontes do sistema, estão as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí --também chamadas de bacias PCJ--, que ficam na região de Campinas.
Cerca de 14 milhões de pessoas que dependem das águas do Cantareira para o consumo. Desse total, perto de 9 milhões estão na capital e outros 5 milhões na região de Campinas.
Embora a relação populacional seja menor que um para três, a divisão da água do Cantareira tem uma proporção bem diferente.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) tem autorização para captar até 31 metros cúbicos por segundo das águas do Sistema Cantareira para a Grande São Paulo. Para as cidades da Bacia PCJ, o limite é significativamente menor: cinco metros cúbicos por segundo.
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Falta de chuvas afeta abastecimento de água em São Paulo25 fotos

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6.mar.2014 - A estiagem que afeta o Estado de São Paulo restringe a movimentação na hidrovia Tietê-Paraná, administrada em São Paulo pelo Departamento Hidroviário do Estado. A foto foi feita nesta quinta-feira (6), em trecho da hidrovia no município de Bauru, no interior de São Paulo. Segundo a Secretaria Estadual de Logística e Transportes, as barcaças que navegam pelo rio estão trafegando com apenas 2/3 da sua capacidade, ou seja, apenas 4.000 toneladas de carga, em vez das 6.000 toneladas, que é a capacidade normal. O restante está sendo conduzido pela rodovia, o que significa 133 caminhões a mais por dia nas estradas. A pasta ainda informa que a hidrovia está operando com o calado (espaço ocupado pela embarcação dentro da água) de 2,25 m. O nível mínimo é de 2,2 m João Rosan/Jornal da Cidade de Bauru
A ANA (Agência Nacional de Águas) e o DAAE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) determinaram nesta semana que a captação seja reduzida para 27,9 metros cúbicos por segundo para a Grande de São Paulo e para três metros cúbicos por segundo para a região de Campinas a partir de segunda-feira (10).
O Ministério Público Estadual em Piracicaba (160 km de São Paulo) contestou nesta sexta-feira (7) a redução de quatro para três metros cúbicos por segundo na vazão primária das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que abastecem a região de Campinas.

OS RESERVATÓRIOS DA GRANDE SP

O promotor Ivan Carneiro Castanheiro entende que o interior está sendo prejudicado em benefício da Grande de São Paulo.
A ANA afirmou que a redução foi determinada após avaliações do sistema e "tem o objetivo de adequar a oferta à demanda" de água.

Drama campineiro

Em épocas de chuva e cheia, a vazão dos rios é capaz de suprir a demanda e criar um excedente. Na região de Campinas, porém, o banco de água já foi utilizado neste período de seca.
A estiagem também fez com que a vazão dos rios e a quantidade de água captada diminuíssem. Com isso, o racionamento de água já virou realidade na região.
"Não temos de onde tirar água a não ser do rio Atibaia, e se não chover e não aumentarem a liberação do Sistema Cantareira para nós, não haverá outra alternativa a não ser restringir o fornecimento", afirmou Marco Antônio dos Santos, diretor de operações da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Campinas), órgão municipal responsável pelo abastecimento de água na cidade.
O Ministério Público de Campinas recomendou que a Sabesp retire menos água do Sistema Cantareira para abastecer a Grande São Paulo.
"A Sabesp usou, durante todo o tempo, a regra para garantir uma vazão de 31 metros cúbicos por segundo para o abastecimento da Grande São Paulo. Em momentos nos quais há estiagem, e a vazão dos rios baixa, esse total gera problemas para as cidades do interior.

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A água do interior, nesse caso, é utilizada para abastecer a capital enquanto as cidades do interior ficam com as torneiras vazias", declarou o promotor Rodrigo Garcia.
Segundo o promotor, a decisão de não estabelecer um racionamento na Grande São Paulo causou problemas sérios para o meio ambiente. "Para não haver racionamento em São Paulo, colocaram as necessidades básicas da população de Campinas em risco. Isso sem falar em todo um ecossistema.
O Sistema Cantareira não suporta a quantidade de água que está sendo retirada dele", disse Garcia.
A Sabesp afirmou que "segue a outorga definida pela ANA e pelo DAAE e cumpre as determinações desses respectivos órgãos". A outorga em questão vence em agosto de 2014. A discussão sobre a nova outorga pela ANA por causa da crise.
A empresa também informou que opera em somente cinco municípios da região de Campinas -- Hortolândia, Monte Mor, Elias Fausto, Paulínia e Mombuca  -- e que o abastecimento está dentro do padrão em todos eles.

Chuva

Para amenizar o problema, o essencial é a chuva. Embora a economia de água seja importante, um estudo feito pelos comitês das bacias PCJ mostra que o abastecimento na Região Metropolitana de Campinas entrará em colapso se não chover pelo menos mil milímetros até o fim de abril.
A conta é do coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José César Saad, que levou em consideração a entrada atual de água no sistema, que é de cinco metros cúbicos por segundo, e a saída, que chega a 33 metros cúbicos por segundo.
"Sem chuva nas nascentes dos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha, em 29 de abril só haverá o que chamamos de volume morto, a água misturada a sedimentos que não é aproveitada pelo sistema", afirmou.
O Sistema Cantareira é um conjunto de seis represas (Jaguari/Jacareí, Cachoeira, Atiabainha, Águas Claras e Paiva Castro) e sua área total tem aproximadamente 227.950 hectares, abrangendo 12 municípios, sendo quatro mineiros -- Camanducaia,

Extrema, Itapeva e Sapucaí-Mirim -- e oito paulistas -- Bragança Paulista, Caieiras, Franco da Rocha, Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/03/08/racionamento-de-agua-afeta-meio-milhao-de-pessoas-na-regiao-de-campinas.htm