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20 de março de 2014

DIA 21 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DAS FLORESTAS - A IMPORTÂNCIA DAS MATAS CILIARES


Rio Meia Ponte no município de Pontalina GO. A Mata ciliar em alguns pontos do rio ainda se apresenta conservada.

A importância das Matas Ciliares


O que é uma mata ciliar
É um tipo de cobertura vegetal nativa, que fica às margens de rios, igarapés, lagos, nascentes e represas. O nome “mata ciliar” vem do fato de serem muito importantes para a proteção de rios e lagos tal como são os cílios para nossos olhos. As matas ciliares também são conhecidas como mata de galeria, vegetação ribeirinha ou vegetação ripária.
As matas ciliares são fundamentais para o equilíbrio ecológico, oferecendo proteção para as águas e o solo, reduzindo o assoreamento e a força da águas que chegam a rios ,lagos e represas, mantendo a qualidade da água e impedindo a entrada de poluentes para o meio aquático. Formam, além disso, corredores que contribuem para a conservação da biodiversidade;fornecem alimento e abrigo para a fauna; constituem barreiras naturais contra a disseminação de pragas e doenças da agricultura; e, durante seu crescimento, absorvem e fixam dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças climáticas que afetam o planeta.
A mata ciliar funciona até mesmo como uma peneira, retendo materiais como plásticos entre as raízes das plantas.
Mais plástico escondido entre as matas ciliares. A urbanização aliada a falta de consciência da população cria uma nova possibilidade para essas matas, a de reter lixo.
Em Regiões com problemas de desequilíbrio ecológico a mata ciliar não é capaz sozinha de impedir a erosão das margens, ela apenas ajuda. Rios em processo de assoreamento tendem a sair de seu leito com mais facilidade durante as chuvas, provocando inundação e solapamento das margens. As árvores não resistem às contantes agressões sofridas e terminam por serem levadas pela força das águas e a falta de superfície de sustentação.
Exemplo de como a ausência de mata ciliar, nesse caso substituída por pastagens, gera um problema de assoreamento sério. Nesse ponto a profundidade do ribeirão Santo Antônio não ultrapassa a altura dos joelhos.
Área sem mata ciliar. No detalhe podemos perceber uma árvore que não resistiu a erosão nas margens do rio. Provavelmente esse local é acesso para que o gado possa matar a sede.
Matas ciliares são consideradas áreas de proteção permanente. Uma área de proteção permanente segundo o código florestal é:
área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
O código florestal brasileiro determina uma distância mínima que deve-se manter da mata ciliar nas margens de um rio. Sendo:
1 – de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
2 – de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
3 – de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
4 – de 200 (duzentos) metros para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
5 – de 500 (quinhentos) metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;
Ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;
Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;
Muitos fazendeiros, no intuito de facilitarem a chegada do gado até a beira do rio ou lago, retiram a vegetação em sua totalidade, além da ausência de proteção para o solo, o pisoteamento do gado facilita o processo erosivo e por consequência a entrada de sedimentos para as águas.
Área para acesso do gado, no detalhe percebemos uma vaca que se assustou com nossa presença.
É bem interessante conhecer bem de perto o tipo de vegetação que fica próximo às margens dos rios, as árvores parecem formar camadas de proteção, como numa exército que fica organizado de forma a enfrentar uma batalha, cada qual com sua função. Quanto mais próximas as árvores ficam das águas, mais suas raízes são mais superficiais e em maior quantidade. Em alguns casos temos uma vegetação espinhosa e com muitos ramos, formando um entranhado como num tricô. Quanto mais se afasta da margem do rio, mais a vegetação vai se tornando um pouco diferente, com raízes mais profundas e com árvores maiores, como se a função fosse freiar as águas que descem dos pontos mais altos.
Cipós, ramos e raízes são o esquema de proteção da vegetação das margens.
Vegetação protege margens com esquema complexo de raízes.

Por que alguns fazendeiros destroem as matas ciliares?
A maior umidade das várzeas e beira de rios permite melhor desenvolvimento de pastagens na estação da seca e, por essa razão, os fazendeiros recorrem a essa opção mais simples.
Alguns produtores também desmatam para que os igarapés aumentem a produção de água no período de estiagem. Esta realidade deve-se ao fato de as árvores deixarem de “bombear” água usada na transpiração das plantas. Contudo, pesquisas mostram que esta prática, com o tempo, tem efeito contrário, pois com a ausência da mata ciliar ocorre um rebaixamento do nível do lençol freático (de água)
No ambiente urbano, a impermeabilização do solo, provocada pelo asfalto, telhados, calçamento das residências e comércio, geram uma condição trágica para a manutenção das matas ciliares. O governo municipal na tentativa de resolver o problema de inundações constroi as bocas de lobo que direcionam o fluxo das águas pluviais para galerias que desembocam nos córregos e rios urbanos. O efeito disso é um fluxo intenso de água com muita energia para o manancial durante uma tempestade, seu leito não suporta e tende a solapar as margens, provocando a queda das árvores que se encontram próximas. A solução é a canalização do córrego, ou seja, é a substituição de uma mata de galeria por concreto ou por pedras amarradas que além de ser esteticamente feio, provocam a “morte” do córrego ou rio.
Córrego Cascavel em Goiânia. Problema sério de erosão nas margens que compromete construções que estavam longe da margem do córrego. A solução encontrada pelo governo foi a de canalizar esse local.

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