Óleo no Golfo
Ivana Maria França de Negri
A hemorragia negra não se estanca nos mares. O desastre de grandes proporções no Golfo do México se alastra levando preciosas vidas em seu rastro de horrores.
Em pleno ano da Biodiversidade, na Semana Mundial do Meio Ambiente, paisagens encantadoras são tingidas de cinza e o verde desaparece. Somente o azul do céu ainda resiste à irracionalidade humana.
Santuários sagrados, cheios de vida e cor, que existem há milênios, são profanados. A hemorragia cinzenta não cessa e a natureza adoece gravemente.
Anêmica, Gaia perde as cores. Seu verde é sequestrado. Alvas areias tingem-se de ébano e tornam-se gordurosas e grudentas.
As águas, ora esverdeadas, ora azuladas, tornam-se viscosas e escuras. Já não existe oxigênio e as criaturas marinhas agonizam lentamente. Milhões de corpos inchados bóiam na superfície das águas petroleadas formando uma camada fétida e putrefata de visão dantesca.
Aves de olhos enlameados e vítreos fitam o horizonte, agora inatingível. Suas asas envoltas no óleo pegajoso já não podem mais alçar voo. Seu grito de socorro é mudo, ninguém pode fazer nada por elas.
Imensas áreas, a perder-se de vista, vão dia a dia sendo consumidas pela maré negra. Rios e mares mortos. O homem não consegue deter a hemorragia e o paraíso do Criador se aniquila.
O óleo nefasto se espalha pelos continentes atingindo locais intocados, desvirginando-os. A natureza é cruelmente invadida em seus mais íntimos recônditos. Até quando poderá suportar? Até quando resistirá bravamente? Até quando ressurgirá, qual Fênix, das cinzas?
Os céus derramam lágrimas em forma de chuva fina, choram silenciosamente pela devastação, pela agonia e morte de criaturas inocentes.
Será que esse ser, ávido pelo vil metal, que se auto intitula rei da criação, ignora o tamanho da tragédia que causou? Será que sua consciência não o acusa?
Tantas guerras deflagradas pelo ouro negro, tanto ódio e conspirações entre as nações, e de repente, o motivo das discórdias é todo lançado às águas, não vai enriquecer ninguém, ao contrario, vai consumir muito dinheiro para tentar, em vão, consertar o inconsertável.
Ah, insensato bicho-homem, não vês que herança sórdida estás a deixar à tua descendência? Não enxergas que destruindo a natureza estás a destruir-te a ti mesmo e decretando teu próprio fim?
Infelizmente, o vaticínio é monstruoso. É sombrio o futuro da humanidade: natureza mártir do bicho-homem, sem animais...sem vegetação... sem vida...
Colaboração enviada por Ivana Maria França de Nigri - Piracicaba - SP
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
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